Atual campeão inglês, o Leicester surpreende negativamente ao brigar com unhas e dentes pela permanência na elite em vez de figurar na parte superior da tabela. Na Ucrânia, momento semelhante vive o Dnipro, embora não seja um fenômeno em crise imediata como as Raposas, pois ganhara evidência uma temporada antes.
Dono de dois títulos soviéticos e vice-campeão nacional em 2013/14 para o Shakhtar Donetsk, o Dnipro fez uma campanha fenomenal e foi finalista da Liga Europa 2014/15, disputando o título de forma acirrada contra o Sevilla, que ganhou de virada por 3 a 2.
Na fase eliminatória, a equipe orientada por Myron Markevych eliminou o croata Hajduk Split e caiu no mesmo grupo de Internazionale, Saint-Étienne e Qarabağ-AZE. Apesar do desempenho irregular nesse estágio, avançou no segundo lugar, atrás dos italianos.
Já no caminho até a decisão inédita, reuniu forças para superar Olympiacos (4 a 2), Ajax (2 a 2), Club Brugge-BEL (1 a 0) e Napoli (2 a 1), no placar agregado. A classificação diante dos holandeses, vale esclarecer, ocorreu graças ao critério de gols fora de casa.
Ademais de ter sido o principal resultado do Dnipro em nível continental, a participação dele na Liga Europa foi além dos méritos esportivos, considerando a situação de crise vivida pela Ucrânia na época, com a invasão da Crimeia pelas tropas do exército russo.
Devido aos conflitos na região, o clube precisou deixar sua cidade de origem, no sudeste do país, e mandar todos os jogos em Kiev, a quase 400 km de distância. Em meio a essa crise, o Dnipro levou um pouco de alento aos moradores que sofriam com a guerra.
Desde a final realizada em Varsóvia, a 27 de maio de 2015, porém, muita coisa mudou. Nomes importantes saíram da equipe, como o meia Jaba Kankava (Reims) e os atacantes Yevhen Konoplyanka (emprestado ao Schalke 04 pelo Sevilla) e Nikola Kalinic (Fiorentina). Na área técnica, o lendário Markevych deu lugar a Dmytro Mykhaylenko.
Dos 11 jogadores que começaram a partida contra o Sevilla, só o capitão Ruslan Rotan, 35 anos, permanece no elenco. Para tornar o cenário do desmanche ainda pior, a UEFA determinou em março de 2016 a suspensão do Dnipro das competições europeias por três temporadas, em decorrência de violações ao fair play financeiro da entidade.
Além de tudo, a crise ucraniana afetou os investimentos financeiros promovidos pelo oligarca Igor Kolomoisky, dono do clube, limitando a reconstrução de um grupo competitivo.
Mesmo com as adversidades mencionadas, o Dnipro foi capaz de obter bons resultados na última temporada. Mas a situação hoje é bastante complicada.
Após 18 das 22 rodadas, o clube é vice-lanterna com 6 pontos (foi punido com a perda de 6 pontos por dívidas), um a mais que o Karpaty Lviv e quatro a menos em relação ao Volyn Kutsk. Os três não têm mais como sair da zona de descenso. A diferença é que os dois últimos são diretamente rebaixados, enquanto quatro times disputam playoffs.
Com problemas dentro e fora de campo, o Dnipro está a uma distância olímpica de arrancar novos suspiros nos apaixonados pelo futebol. E seu horizonte, por ora, não inspira otimismo. Para quem sobreviveu aos horrores da guerra, contudo, sempre há esperança.