O futebol masculino nos Jogos Olímpicos não chega a empolgar tanto o torcedor. Exceto um ou outro caso, como a obsessão do Brasil pela medalha de ouro, os países costumam levar equipes sem grandes craques para a competição. Porém, o cenário já foi diferente, principalmente para seleções do leste europeu entre as décadas de 60 e 80.
Na Olimpíada de 1972, disputada na Alemanha Ocidental, os países da então chamada “Cortina de Ferro” mostraram ao mundo a força do futebol das respectivas nações. Em solo capitalista, quatro países comunistas levaram as medalhas – Polônia (ouro), Hungria (prata), União Soviética (bronze) e Alemanha Oriental (bronze) .
Diante da força húngara, atual bicampeã à época, a Polônia pôde mostrar parte de sua melhor geração e dar um recado ao mundo: na Copa do Mundo de 1974, o país chegaria para surpreender.
Lato, Gorgoń, Lubański e Kazimierz Deyna eram os grandes nomes da equipe que lutava pela primeira medalha olímpica, e, posteriormente, convocados para a Copa do Mundo de 1974, na qual a Polônia terminou na terceira colocação.
Deyna era o cérebro da equipe. Dono de uma trajetória vitoriosa no Legia Warsaw, por onde ficou 12 anos e fez quase 100 gols, o meio-campista chegava à Olimpíada para iniciar o melhor ciclo da história do futebol polonês.
Dotado de muita técnica e classe, Deyna foi uma espécie de Boniek dos anos 70. Além do passe refinado e organização no meio-campo, o chute potente era outra característica que se sobressaia em seu jogo. E isso foi visto muitas vezes em Munique.
Os Jogos Olímpicos de 1972 tiveram o domínio completo de Deyna. Melhor jogador, artilheiro e medalha de ouro. Os nove gols em sete partidas o colocam entre os cinco maiores artilheiros da competição em uma só edição.
Vale lembrar que ele ainda anotou mais um na edição de 1976, quando a Polônia foi prata. Na final, foram dois gols na vitória por 2 a 1 sobre a Hungria.
Tamanha qualidade o colocou na mira dos grandes clubes europeus. Até mesmo o Real Madrid fez proposta pelo jogador. Dizem que os espanhóis ofereceram a camisa 14 ao polonês, em alusão ao número de Cruyff no Barcelona. Porém, o regime político fechado da Polônia dificultou sua saída.
Em 1974, Deyna foi o terceiro melhor jogador da Europa, segundo a France Football. Ele só perdeu para os craques Johann Cruyff e Franz Beckenbauer. A década de 70 foi tão impactante para o futebol local, que os resultados obtidos jamais foram repetidos.
Após a Copa do Mundo de 1978, quando foi capitão da Polônia, Deyna foi para o Manchester City. Porém, na Inglaterra, o meio-campista, já com 31 anos, não apresentou seu melhor futebol. Longe de isso significar ter sido ruim.
Em 1981, surpreendeu ao ir para o San Diego Sockers, equipe dos Estados Unidos. Por lá, ficou seis anos, até encerrar a carreira, aos 39 anos. Foi uma passagem emblemática, ao fazer parte da equipe de futebol de campo e futsal.
Poucos se lembram da importância de Deyna na grande geração polonesa. O cérebro da seleção fez o ouro ficar mais perto e o sonho da Copa do Mundo quase se tornar realidade.
Em meio a tantos craques da época, Deyna não ficou apenas na conquista olímpica. Transcendeu para o rol dos maiores jogadores poloneses da história e virou monumento histórico no país.