Foi-se o tempo em que o Brasileirão se orgulhava de contar com ao menos um bom batedor em cada clube da Série A. A atual realidade é completamente diferente. Não há mais nenhum especialista na função em toda a competição.
Prova disso é a briga pela artilharia dos gols de falta. Marcelinho Paraíba (Joinville), Jádson (Corinthians), Marquinhos (Avaí) e Rodrigo (Vasco) dividem a ponta, com apenas dois gols cada. Para piorar, nenhum deles possui idade inferior a 30 anos.
Até a 28ª rodada, segundo dados do Footstats, foram 23 gols marcados desta forma – menos de um gol por rodada, em média. Na Série B, com o mesmo número de jogos, já foram anotados 27 nesta edição de 2015. Se o índice se manter, o atual torneio tem tudo para no mínimo igualar a marca negativa do ano passado.
O Brasileirão 2014 foi o pior no quesito nas últimas décadas. Após 38 rodadas, apenas 27 dos 830 gols partiram de cobranças de falta direta para o gol. Muito inferior à competição do ano anterior, que alcançou uma das melhores marcas recentes: 46 gols.
O índice foi impulsionado em grande parte por Alex, Paulo Baier, Juninho Pernambucano, D’Alessandro e Ronaldinho. Medalhões que, ou não disputam mais a primeira divisão, ou têm tido desempenho abaixo do esperado (caso dos dois últimos).
Em 2012, foram 38 tentos no tiro livre. Leve queda em relação a 2011, quando as cobranças de falta balançaram a rede em 42 oportunidades. Na Série B, o número também tem caído, embora menos em relação à Série A: em 2013, foram 51; em 2014, 34; neste ano, até então, 27.
Onde estão os novos cobradores de falta brasileiros? Certamente não no Brasil. O fundamento tem sido pouco prestigiado nas categorias de base, ao que parece. Sobra para os veteranos, que cada vez são menos especialistas no assunto.
Atualmente, Neymar é, provavelmente, o melhor cobrador de faltas nascido por aqui. Batedor incontestável na seleção, é também, na opinião deste que vos escreve, o melhor do Barcelona neste fundamento, mesmo não sendo o titular da função.
Contudo, basta olhar para os demais cobradores da seleção para constatar a crise das faltas brasileiras. David Luiz e Daniel Alves. Ambos com baixo aproveitamento e com característica de chute forte de longa distância, diferente da escola mais popular do país – e de menor dificuldade, também – a dos chutes colocados próximos à área.