“Bola no asfalto”: A cultura própria do futebol de rua francês

    “Bola no asfalto”: A cultura própria do futebol de rua francês

    Documentário conta aspectos do jogo nas periferias de Paris

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    A França também tem futebol de rua (Foto: Divulgação/Netflix)
    A França também tem futebol de rua (Foto: Divulgação/Netflix)

    Uma das coisas que torna o futebol tão fascinante é o quanto ele pode ser adaptado para diferentes realidades. Não importa se quem está com a bola nos pés é um Messi driblando todos no Camp Nou ou um jovem anônimo brincando com seus amigos na rua, o jogo é sempre apaixonante para quem está envolvido nele.

    É partindo dessa premissa que o documentário francês “Bola no Asfalto” (Concrete Football, 2016), disponível no Netflix, mostra como o futebol de rua é simples e, simultaneamente, um universo próprio, com seu código de conduta e costumes.

    Para início de conversa, vale notar como o futebol de rua é tratado nas ruas de Paris e seus arredores. Quadras grandes e cercadas, muitas delas bem tratadas o suficiente para se tornarem sedes dessa “modalidade” do esporte.

    Apesar das condições serem um pouco diferentes, é interessante perceber o quanto os hábitos do praticante desse estilo de jogo na França são parecidos com os do Brasil. Quem já jogou na rua sabe que uma bola entre as pernas do adversário pode significar tanto a consagração quanto o início de uma briga generalizada.

    As provocações para desestabilizar o time rival também parecem universais. A falta de um árbitro no futebol de rua traz um fator democrático que às vezes parece fazer falta até mesmo no profissional, e o filme mostra como é importante seguir o código de ética não-escrito, já que se joga no estilo “pediu, parou”.

    Isso é apenas uma das variadas particularidades que envolvem os jogadores de rua apresentados no documentário. Não basta apenas jogar, mas também ter estilo. Desde a chuteira até o corte de cabelo, passando pelas músicas que embalam cada jogo. É uma cultura à parte.

    Mas não são apenas os anônimos que estão envolvidos com a bola no asfalto. O documentário conta com entrevistas com estrelas internacionais do futebol, como Riyad Mahrez, Serge Aurier e Ousmane Dembélé, recentemente contratado pelo Barcelona.

    Todos esses profissionais dividem algo em comum: as origens  jogando nas quadras de rua francesas, com dezenas de pessoas gritando e torcendo ao redor, e tentando emular o que viam de seus ídolos pela TV.

    É claro que apenas uma parcela ínfima dos jogadores de futebol de rua consegue se profissionalizar, e menos ainda se tornam estrelas do calibre destas citadas acima. E os diretores Jesse Adang e Syrine Boulanouar mostram isso de maneira hábil no filme, entrepondo crianças que querem seguir seu sonho com alguns mais velhos que já perceberam o tempo passou.

    Afinal, o futebol profissional é um sonho para poucos. Mas enquanto houver uma bola e alguém interessado em chutá-la no asfalto, tudo estará bem.

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