Como o Ewood Park ajudou a resolver um homicídio em 1994

Como o Ewood Park ajudou a resolver um homicídio em 1994

Reformas no estádio do Blackburn possibilitaram a descoberta de um cadáver enterrado no local

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Ewood Park - Blackburn

Inaugurado em 1882, Ewood Park passou por reformas em meados dos anos 1990 (Foto: Reprodução/ Lancashire Telegraph)

A Premier League ainda engatinhava em seus novos moldes quando nos brindou com uma das temporadas mais malucas da história. Os motivos que tornaram especial a edição de 1994/95 da liga já explicamos aqui, mas há um fato pra lá de insólito que precede a surpreendente e vitoriosa campanha do Blackburn: a resolução de um homicídio.

Nos idos da década de 1990, os Rovers voltaram à máxima categoria do futebol inglês depois de 26 anos ausentes, muito graças aos investimentos do empresário local Jack Walker, milionário da indústria de aço que financiava contratações e deu um generoso aporte financeiro para a reforma do Ewood Park, estádio do clube do noroeste do país.

Em 9 de julho de 1994, quando as obras para modernizar a casa do Blackburn estavam em andamento e algumas casas ao redor dela já haviam sido demolidas, o operário John Friffiths, de 19 anos, literalmente se deparou com as provas de um crime horrível. Ao escavar a área, o trabalhador notou a presença de uma caveira humana enterrada.

Dessa maneira, o barulho das máquinas foi logo substituído pelas sirenes dos carros da polícia, que isolou a região e iniciou uma investigação de assassinato, cuja identidade da vítima era desconhecida, embora fosse possível determinar que ela tinha entre 15 e 25 anos no momento em que foi sepultada ali, há pelo menos uma década.

Com as pesquisas, descobriu-se que o lugar da cova correspondia ao número 84 da Nuttal Street, propriedade de Brian Blakemore em meados de 1980. Ele foi detido seis horas após a descoberta do corpo, mas a escassez de informações atrapalhava a resolução do quebra-cabeça. Até Anthony Rogerson, meio por acaso, surgir com a última peça.

Com a grande repercussão do caso, Rogerson acabou vendo a notícia na televisão e lembrou-se de um velho amigo desaparecido há tempos, Julian Brookfield, e contatou as autoridades. Um exame de arcada dentária ratificou a identidade do cadáver. Tratava-se realmente de Brookfield, desaparecido desde agosto de 1984, aos 19 anos.

Estudante que sonhava com a carreira de ator, inclusive tendo frequentado uma prestigiada companhia de teatro para jovens de Manchester, Brookfield trabalhava depois da escola em locais de baixo prestígio. Certo dia, virou funcionário de um sex shop na Darwen Street, em Blackburn, onde conheceu o homem que lhe tiraria a vida.

Durante o julgamento do caso, o juiz afirmou que as circunstâncias do crime eram um mistério, já que Blakemore mentia sobre sua ligação com o fato, mas enumerou várias possibilidades para o ocorrido, incluindo o envolvimento dos dois homens em uma cena de enforcamento na filmagem de imagens pornográficas, interesse partilhado por ambos, ou uma desavença entre eles resultado desse evento, segundo o Lancharise Telegraph.

De todo modo, Blakemore, 51, foi condenado em maio de 1996 a 12 anos de prisão, sete por homicídio e cinco por obstrução à justiça. A essa altura, o Blackburn já havia conquistado o título do campeonato inglês e o Ewood Park, reinaugurado, não sem antes ter de certa forma contribuído para a resolução de um segredo mortal.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.