As frustrantes campanhas da seleção brasileira nos últimos tempos, que envolvem vexames dentro de casa e eliminações para adversários de nível historicamente inferior, muitas vezes geram debates saudosistas. Quando os torcedores veem as escalações na atualidade, é quase impossível que não se lembrem dos grandes craques que envergaram a camisa verde e amarela e ajudaram a construir a brilhante história do futebol canarinho.
Em tempos de consumo intenso de imagens e fácil compartilhamento delas, é provável que você, leitor, tenha visto hoje alguma referência ao aniversário do pentacampeonato mundial sobre a Alemanha, obtido há 14 anos, em Yokohama, no Japão. Daí, naturalmente, surgem as comparações com os vitoriosos escretes que antecederam o de Luis Felipe Scolari e as perguntas de sempre: qual deles foi o melhor? O mais importante?
Pensando nessas questões, o narrador esportivo Milton Leite produziu o livro “As melhores seleções brasileiras de todos os tempos” (Editora Contexto, 2014).
Nas 224 páginas da obra, o carismático jornalista detalha cronologicamente os desempenhos do Brasil nas conquistas dos títulos de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, além do inesquecível time de 1982, que ficou marcada tanto pelo futebol arte quanto pela derrota para a Itália.
A leitura de um suspiro só contém ainda um bom acervo de fotografias, fichas técnicas e breve perfil dos jogadores selecionados.
Ademais, há entrevistas exclusivas de protagonistas que estiveram presentes nas referidas campanhas e enriquecem a narrativa com curiosidades de bastidores e avaliações feitas por nomes de peso, como Pelé, Carlos Alberto Torres, Falcão, Zagallo, Carlos Alberto Parreira, Bebeto e Ronaldo, por exemplo.
Como todas as escolhas, obviamente, existem discordâncias, como o próprio Milton Leite alerta, citando a qualidade técnica e os talentos que formavam a seleção de 1950, derrotada de maneira traumática na final da Copa do Mundo contra o Uruguai, episódio que ficou conhecido como “Maracanazo”. Mas a opção por deixá-la fora da lista pode parecer conflituosa com a escolha de incluir a equipe de Telê Santana em 1982.
De qualquer modo, o livro “As melhores seleções brasileiras de todos os tempos” é didático e simples para qualquer torcedor que queira conhecer o glorioso passado do escrete canarinho ou obter mais informações sobre ele. É também uma jeito de viajar no tempo por meio de memórias afetivas e mergulhar no saudosismo, atitude que às vezes é necessária, mas nem sempre prejudicial, desde que se possa manter o foco crítico.