Foi encerrada no último domingo (13) a primeira fase da Série D do Campeonato Brasileiro. Dezesseis equipes se classificaram para as oitavas de final (a maioria com antecedência), que ainda não têm data definida. As outras 24 encerram o calendário de 2015 sem saber se disputarão a edição 2016 da competição, precisando lutar pela vaga nos próximos torneios estaduais.
A maior surpresa está exatamente na melhor equipe do torneio até aqui: o São Caetano. Os paulistas passavam pela pior crise de sua curta história, tendo acumulado três rebaixamentos (um para a Série C, outro para a D e um no Paulistão) em um espaço de dois anos.
No início do ano, disputando a segunda divisão do futebol paulista, o Azulão sequer conseguiu retornar à elite estadual. Terminou no 7º lugar, com uma campanha relativamente boa, mas decepcionante nos objetivos.
Por isso, disputa a Série D pelo tudo ou nada: o clube não terá oportunidades de jogar o Brasileirão em 2016 se não subir para a terceira divisão, já que as vagas são restritas aos melhores times da Série A1 do Paulistão.
Isso parece ter motivado a equipe, que fez uma campanha irretocável até aqui: foram seis vitórias, um empate e uma derrota, aproveitamento de 79%. O Azulão ainda tem o melhor ataque, com 22 gols marcados.
A decepção
Se pouca gente apostava em tão boa campanha do São Caetano na primeira fase, a maioria analisava o Red Bull como favorito à classificação grupo 7, ao lado do Operário-PR.
Endinheirado, o clube empresa prometia ascensão meteórica, e os primeiros resultados eram animadores. No ano passado, o acesso para a Série A1 do Paulistão. Em 2015, a vaga nas quartas de final e a classificação para a Série D.
Mas o segundo semestre do clube campineiro foi decepcionante. Sem força no fator casa, e com menos ainda fora, o Red Bull só não foi saco de pancadas pelo fato de o Inter de Lages ter ido ainda pior. Passou longe da classificação.
Quem também se despediu precocemente do torneio foi o Treze. Marcado por frequentemente acionar a Justiça para desfazer resultados de campo nos últimos anos, o time paraibano, que alternava entre as Séries C e D há um bom tempo, desta vez nem conseguiu avançar, apesar de ter chegado perto disso. O resultado, contudo, não é tão inesperado – o time já havia tido um desempenho irregular no estadual.
O paredão
Uma das melhores equipes da primeira fase, o Crac se destacou pela fortíssima defesa. Em oito jogos, sofreu apenas um gol. Terminou invicto. Só foi vazado pelo Gama, que não conseguiu se classificar para a próxima fase.
A retranca goiana contrasta com o ataque: foram apenas sete gols marcados, média inferior a um gol por partida e uma das piores entre os times classificados. Certamente enfrentará muitas disputas de pênalti na fase de mata-mata. Haja coração.
O saco de pancadas
O Villa Nova-MG se despediu do Brasileirão 2015 sem deixar saudade alguma. Fez três pontos, em uma solitária vitória sobre o Gama fora de casa, e só. Perdeu os outros sete jogos, tendo sofrido 23 gols no total. Mesmo assim, o ataque ainda foi superior ao do Crac, líder do grupo: nove gols marcados.
A equipe ainda protagonizou o fato mais pitoresco da competição até aqui. Na rodada do último domingo, diante do Crac, o Villa Nova contabilizou apenas cinco torcedores pagantes no Castor Cifuentes em Nova Lima, interior de Minas Gerais. Um total de 50 reais de renda. Pode-se dizer que sua torcida não é das mais fiéis.
Prognósticos
São Caetano x Coruipe
Orientados por um dos “reis do acesso” do futebol brasileiro, o veterano Luís Carlos Martins, o São Caetano terá pela frente o Coruripe, de Alagoas, que teve um desempenho irregular na primeira fase, aproveitando apenas 54% dos pontos do grupo 3 – talvez o mais fraco desta edição.
O Azulão é franco favorito, tendo a seu favor um time muito mais entrosado e técnico, que enfrentará a pouco confiável defesa dos alagoanos. Salvo zebras, tem tudo para avançar. Ao menos para as quartas de final.
Crac x Botafogo-SP
Um dos duelos mais interessantes da segunda fase. A impenetrável defesa do Crac será testada pelo jovem time do Botafogo, que não foi tão bem até então, mas que possui bom potencial e tem um jogo ofensivo. A equipe goiana é favorita, mas enfrentará seu adversário mais difícil nesta edição da Série D.
Remo x Palmas
Se depender da torcida, dá Remo. Se depender da qualidade do times, dá Remo também. Os paraenses foram melhores na primeira fase e decidem em casa. Mas o Palmas merece respeito – liderou seu grupo até a última rodada, quando foi superado pelo invicto River-PI.
Rio Branco-ES x Caldense
Um dos jogos mais imprevisíveis. A Caldense, pela excelente campanha no Campeonato Mineiro, era um dos times mais badalados antes do início da competição. Mas eis que veio o Rio Branco-ES, que, na última rodada, venceu os mineiros em casa e assumiu a ponta. No primeiro jogo, haviam perdido fora.
Central x Lajeadense
Outra decisão equilibrada. Na primeira fase, a diferença de pontos ganhos entre os clubes foi de apenas um ponto. Deve pesar, porém, o fator casa para o Central. Ligeira vantagem para os pernambucanos sobre os gaúchos.
Ypiranga x Rio Branco-AC
Segundo colocado no grupo, o Rio Branco perdeu menos na primeira fase do que seu adversário gaúcho. Fez frente ao Remo, melhor colocado do grupo. Mas, ainda assim, está muito longe de ser favorito. O Ypiranga conseguiu um feito inesperado – terminar na liderança do “grupo da morte” que contava com Operário e Red Bull. Fez por merecer o favoritismo.
River-PI x Estanciano
O Estanciano vem desmoralizado após a inesperada goleada por 4×0 sofrida para o Treze no domingo. A equipe já estava classificada e liderava com folga. Para seu azar, terá pela frente uma das sensações da primeira fase: o invicto River-PI.
Campinense x Operário-PR
Estarão frente a frente os campeões estaduais da Paraíba e do Paraná. É o duelo de maior apelo das oitavas e não há favorito. A disputa promete ser intensa, e o equilíbrio é ainda maior pelo fato de o Campinense, que decide em casa, ter somado menos pontos que o visitante Operário. Precisará, mais do que nunca, do apoio de sua grande torcida.