O desfecho de um legítimo e insuspeito romance se aproxima a cada jogo da Roma. Ao final da temporada, Francesco Totti, hoje com 40 anos, se despedirá dos gramados nos quais representou um único clube por mais de duas décadas. E no horizonte do eterno Capitano ainda brilha uma estrela, rebelde, que há algum tempo lhe foge ao alcance.
Trata-se da Copa da Itália. Segunda maior vencedora com 9 títulos, a Roma foi superada em duas decisões recentes – a primeira em 2009/10 para a Internazionale e a segunda em 2012/13 para a arquirrival Lazio -, deixando escapar assim a oportunidade de se tornar a primeira a somar 10 conquistas, façanha alcançada pela Juventus pouco depois.
Antes de a Velha Senhora atingir o feito mencionado, muito se falava no país do calcio sobre a estrela prateada que adornaria o uniforme de quem vencesse dez vezes a Copa da Itália.
Embora o regulamento da Federação Italiana (FIGC) não preveja nada semelhante, o símbolo dourado para quem ganhasse dez vezes o Campeonato Italiano também não era previsto pela entidade.
O grande entusiasta dessa ideia foi Umberto Agnelli, antigo presidente da Juventus, motivado pelo décimo título nacional do alvinegro. Desde 1958, então, as estrelas douradas são estampadas nas camisas como reconhecimento dos méritos esportivos de uma equipe. Na Itália, além da Juve, só a Internazionale e o Milan têm direito a usá-las.
Muito em virtude de sua ampla galeria, a Juventus não fez questão de bordar a estrela prateada na vestimenta quando tornou-se decacampeã em 2015. Até aventou-se a referida possibilidade, mas logo foi descartada. Com a Roma, porém, o cenário poderia ser diferente, já que ela não tem o mesmo currículo da Velha Senhora em relação a taças.
O caminho para tornar realidade o que até hoje é apenas uma lenda no calcio já está desenhado, e não poderia ser melhor – ou pior, dependendo da perspectiva, para Totti.
Na semifinal, o desafio será medir forças diante da Lazio, sua eterna rival. Na decisão, encarar o vencedor de Juventus e Napoli, outros dois grandes rivais históricos.
Regalar aos fãs giallorossi mais um título, sobretudo contra grandes adversários, seria um modo ideal de encerrar a carreira. Presenteá-los com uma estrela, então, engrandeceria ainda mais a idolatria deles pelo camisa 10. Por ora, a estrela prateada continua sendo uma lenda na Itália. Mas será que a Roma de Totti trará esse fantasma à vida?
