A dança dos técnicos esquenta na Argentina

A dança dos técnicos esquenta na Argentina

Competição nacional está mais longa, porém a paciência continua curta

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No Brasil, os torcedores estão acostumados com a frequente troca de técnicos durante uma competição disputada ao longo da temporada. A equação para os dirigentes realizarem mudanças, em geral, é bem simples. Se os resultados positivos não aparecem dentro de certo período de tempo, alguém precisa pagar. E com o cargo.

Na Argentina, os treinadores também sofrem bastante com a instabilidade da profissão. A maior prova disso é que sete deles foram demitidos após dez rodadas do Campeonato da Primeira Divisão, que neste ano conta com o estranho número de 30 clubes. Em resumo, o certame nacional está mais longo, porém a paciência continua curta.

O último a deixar o emprego foi o ex-atacante Martín Palermo, que havia assumido o comando do Arsenal de Sarandí em abril de 2014. Em má fase na atual temporada, a equipe ocupa a 26ª posição, somando seis pontos em nove jogos. Durante sua passagem no “El Viaducto”, Palermo acumulou 11 vitórias, 9 empates e 15 derrotas.

Palermo (Foto: Divulgação / Arsenal Fútbol Club)
Palermo renunciou ao cargo no Arsenal de Sarandí; Roberto “Fito” González irá substituí-lo até junho (Foto: Divulgação / Arsenal Fútbol Club)

O primeiro da lista de dispensa no futebol hermano foi Reinaldo “Mostaza” Merlo, histórico treinador do Racing em 2001. No ano passado, ele conseguiu levar o Colón para a elite nacional. Mas um atrito com o elenco o levou a sair do clube na primeira rodada, após derrota por 2 a 0 para o San Lorenzo. Foi substituído por Javier López.

Outro exemplo de que águas passadas não movem moinhos é Omar Labruna. Contratado pelo Nueva Chicago em junho de 2014, também conquistou o acesso para a primeira divisão. Só que sete jogos sem triunfos e a lanterna do torneio esgotaram a tolerância dos dirigentes, que anunciaram Alejandro Nanía como seu substituto.

No Atlético de Rafaela, a pressão ficou insustentável para Roberto Sensini no início de abril. Ele treinava “La Crema” desde julho da última temporada e possuía mais um ano de contrato, porém, como não encontrou o caminho da vitória depois de oito rodadas, foi demitido. Em seu lugar entrou Leonardo Astrada, do Cerro Porteño-PAR, que já teve passagens por River Plate e Estudiantes de La Plata no começo da carreira.

O quinto técnico a ser demitido foi Walter Perazzo, que estava no Olimpo desde 2012. Ele havia assumido um time com péssima campanha e não evitou o rebaixamento à segunda divisão. No ano seguinte, ascendeu à principal categoria do futebol argentino. Apesar da regularidade da última temporada, o time caiu de produção neste ano e ficou nove jogos sem ganhar, ocupando a lanterna. Então, Perazzo deu lugar a Diego Osella.

No Estudiantes também houve mudanças. Contratado em 2013, Mauricio Pellegrino deixou o clube de La Plata na metade de abril em decorrência dos fracos resultados no Campeonato Argentino (20ª posição) e na Copa Libertadores. Estreante na função, o ex-zagueiro Gabriel Milito assumiu a equipe nesta terça-feira (21) e conseguiu se classificar de maneira dramática à segunda fase do certame continental.

Para finalizar, Darío Franco saiu do Defensa y Justicia no último sábado (18), depois da derrota por 1 a 0, em casa, para o Temperley. Em 33 partidas oficiais, ele ganhou 8, empatou 12 e perdeu 13. Somou 36 dos 99 pontos que disputou. No Argentino, o time está em 19ª. Agora, cabe a José Flores a missão de reabilitar o clube de Florencio Varela.

Além dos referidos casos, podemos citar mais alguns exemplos. Atual 27º colocado, o Crucero del Norte confirmou que não renovará o contrato de Gabriel Schürrer, que tem vínculo com o clube até o próximo mês de junho.

Enquanto isso, há alguns nomes que já foram contestados neste ano, como os de Miguel Ángel Russo (Vélez Sarsfield), Julio César Falcioni  (Quilmes), Pedro Troglio (Gimnasia y Esgrima), Daniel Oldrá (Godoy Cruz) e Américo Gallego (Newell’s Old Boys).

Enfim, o formato do campeonato mudou, mas os costumes permanecem iguais. Quando a intolerância de dirigentes e torcedores dá início à temporada de caça às bruxas, o primeiro alvo encontrado, quase sempre, é a cabeça do treinador. Por enquanto, a única certeza do torneio é que a ansiedade por resultados imediatos continuará perseguindo os técnicos.

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