Após fim de jejum, Newell’s mostra que clássico é campeonato à parte

Após fim de jejum, Newell’s mostra que clássico é campeonato à parte

Leprosos superaram o rival fora de casa após 10 jogos de jejum; Última vitória havia ocorrido em 2008

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Clássico Rosarino
Maxi Rodríguez (centro), dono do clássico, festeja em meio aos seus (Foto: Divulgação / NOB / Julián Valiente)

É sabido que Newell’s Old Boys e Rosario Central protagonizam um dos clássicos mais ferrenhos e apaixonantes do futebol argentino, e o excesso de vontade nos embates entre leprosos e canallas habitualmente se sobrepõe à qualidade técnica do espetáculo.

Na semana que antecedeu a partida do último domingo (23), no Gigante de Arroyito, o cenário não foi diferente. Um transeunte desavisado no entorno do Coloso del Parque na noite da passada quinta-feira (20) poderia até imaginar que ali estivesse ocorrendo um jogo de Libertadores devido ao intenso barulho e à grande festa de 20 mil torcedores.

Porém, o descontrole dentro do estádio era apenas fruto do tradicional “banderazo” para estimular os jogadores antes do clássico rosarino. Os ânimos rubro-negros estavam particularmente mais agitados, dado o jejum de 10 jogos sem resultado positivos (o equivalente a 8 anos, sendo que em 3 deles o Central estava fora da elite).

A última vitória tinha chegado na 13ª rodada do Apertura de 2008, por 1 a 0, em casa. Já na condição de visitante, o último grito de êxito aconteceu na 9ª rodada do Clausura daquele ano, pelo mesmo placar. De lá para cá, 5 vantagens canallas e 5 igualdades.

Além de todos os ingredientes históricos que envolviam o jogo, o cenário atual era o seguinte: o Newell’s está brigando com o Estudiantes pela ponta da tabela, enquanto o Central figura em uma posição intermediária, mas ainda vivo na Copa Argentina.

Newell's Old Boys
Jogadores do Newell’s comemoram no vestiário após fim de tabu que durava 10 jogos (Foto: Divulgação / NOB / Julián Valiente)

Depois de 93 minutos de disputa, coube a Maxi Rodríguez aproveitar sobra de um escanteio cobrado pelo próprio meia para marcar um gol agônico e encerrar o incômodo tabu.

Justo ele, que deixou o futebol europeu para voltar ao seu clube de infância, onde forjou sua identidade humilde e batalhadora. Mostrou-se decisivo outra vez, para variar.

Motivos não faltaram para o jogador sair do Newell’s. O episódio em que balearam a casa de sua vó e o ameaçaram pela série de derrotas quase o levou a fazê-lo. Apesar de tudo, ele seguiu, e sua comemoração diz muito, senão tudo. Efusiva. Intensa. Beijos na camisa. Abraços. Agitação. Em resumo, um desafogo colorido em vermelho e preto.

Para muitos, a vitória em um encontro de eternos rivais tem o mesmo peso de um campeonato. Até Bielsa, quando comandava o Newell’s em 1990, disse a Fernando Gamboa que deixaria que lhe cortassem um dedo se o capitão assegurasse o triunfo diante do Central. Exagero, claro. Os leprosos ganharam, e o técnico saiu “ileso”.

Para Maxi Rodríguez, é um sonho concretizado. Calar nos acréscimos o pulsante estádio do rival, onde não havia sequer torcida visitante, que retornam gradualmente da proibição imposta no país motivada pelos recorrentes casos de violência. A comemoração seguiu nos vestiários, nas casas e nas ruas. Porque clássico é um campeonato à parte.

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