Uma conquista simbólica

Uma conquista simbólica

Análise do sul-americano sub-17 2015 que teve o Brasil como campeão e já é considerado um dos melhores da história

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Foi difícil. Um caminho cheio de obstáculos e com muitas quedas, porém, a seleção brasileira sub-17 conquistou o Sul-Americano da categoria e pôs fim ao jejum de conquistas nas categorias base. Isso sem contar o simbolismo de levar o primeiro troféu de maior importância após o fatídico episódio do 7 a 1 na última Copa do Mundo.

Uma conquista que não se mostrava anunciada. Menos badalada que a geração /95 e /96 que disputou o Sul-Americano Sub-20 no início do ano e não passou de um quarto lugar, o sub-17 brasileiro não contava com tantos talentos fora de série e vinha de um ciclo decepcionante.

Eliminações no Sul-Americano Sub-15 2013 no Peru e derrota humilhante para os americanos na Nike Friendlies Cup no mesmo ano, além da eliminação precoce para o Paraguai na Copa México das Nações disputada na temporada passada.

Mesmo diante de tantas adversidades, a equipe comandada por Caio Zanardi soube se superar no torneio e demonstrou muita força quando foi desafiada. Em um esquema que prezou o toque de bola e o ataque, a seleção marcou 18 gols em nove partidas – média de 2 gols por jogo e segundo melhor ataque do torneio.

Apesar de partidas que empolgaram o torcedor (como as vitórias por 3 a 2 contra Uruguai e Paraguai), a equipe também deu sustos e chegou a ficar conhecida durante a competição como a seleção da “síndrome dos 2 gols”.

A explicação era simples: o time alcançava a vantagem de 2 a 0 e depois parecia entrar em processo de hibernação. Foi assim no empate contra o Paraguai e na derrota para a Venezuela ainda na primeira fase. No final das contas, foram 14 gols sofridos. Desempenho ruim do setor defensivo.

O ataque parece ter sido a tônica do torneio. Com média de 3,5 gols por jogo, o Sul-Americano foi um dos mais prolíficos e emocionantes da história. Apenas uma partida terminou empatada por 0 a 0 – Equador e Argentina, na última rodada. Um recorde.

A ofensividade não foi virtude apenas do Brasil. A maioria, para não citar todas as seleções, tiveram um desempenho ofensivo muito bom. O Paraguai, por exemplo, fez 19 gols na competição. Já o Uruguai não deixou por menos e marcou 17 vezes.

Sinônimo também de ótimos jogadores vistos no setor ofensivo. Federico Valverde (Uruguai) e Sebastian Ferreira (Paraguai) são exemplos. Além do artilheiro do sul-americano sub-17, o ótimo Leandro, jogador da Ponte Preta.

Brasil conquistou o seu 11° título do sul-americano sub-17 Foto:Reprodução/onmebol.com)
Brasil conquistou o seu 11° título do sul-americano sub-17 Foto:Reprodução/conmebol.com)

A 16º edição do torneio consagrou mais uma vez a seleção brasileira. O domínio da amarelinha assusta. São 11 títulos. Muito acima da segunda maior vencedora, a Argentina, com três. Para o mundial, garantiram-se, além do campeão Brasil, a vice-campeã Argentina, o Equador e os paraguaios, donos da casa.

A decepção ficou por conta do Peru. A seleção, atual campeã sub-15, caiu ainda na primeira fase sem nenhuma vitória. Individualmente, podemos dizer que Sérgio Diaz foi a grande decepção do torneio. Jogador mais badalado antes da competição, o astro do Cerro Portenho fez apenas três gols e foi ofuscado por Sebastian Ferreira.

A seleção da competição (formada no 4-3-3)

Goleiro

Franco Petroli – Argentina – River Plate – 16 anos

A grande promessa do gol do River Plate foi um dos pilares da boa campanha argentina. Segunda melhor defesa da competição, os argentinos contaram com Petroli inspirado, principalmente contra o Brasil. Nove gols sofridos em nove jogos.

Lateral-direito

Kleber- Brasil- Flamengo – 16 anos

Oásis em meio ao fraco desempenho defensivo do brasil. Kleber foi uma boa válvula de ataque brasileiro e, ao mesmo tempo, marcava com grande eficiência. Soberano da posição no torneio.

Zagueiros

Luis Oliveira – Argentina – River Plate – 16 anos

Qualidade sobra ao defensor. Improvisado até como volante durante a competição, Luis Oliveira fez parte do ferrolho montado por Miguel Angel Leme que venceu o Brasil na fase final.

Francisco Obando – Equador – Independiente del Valle – 17 anos
Baixo, o zagueiro compensou a estatura “frágil” com muita velocidade. Comandou a melhor defesa do campeonato e ainda arriscou alguns ótimos lançamentos durante o torneio.

Lateral-esquerdo

Marcelo Saracchi – Uruguai – Danubio – 17 anos

Capitão e líder uruguaio, o lateral mostrou muita maturidade tática ao ser o comandante da defesa uruguaia. Atuou como ala e lateral durante a competição. Raçudo, deve aparecer em breve entre os profissionais do Danubio.

Meio-campistas

Andrey – Brasil – 17 anos – Vasco da Gama

Integrante do famoso trio de ouro vascaíno, Andrey foi muito importante para o esquema tático brasileiro. Capaz de dar qualidade à saída de bola, o volante não se limita apenas a marcar e fez, inclusive, dois gols na competição.

Federico Valverde – Uruguai – Peñarol – 16 anos

A joia “charrua”. Apontado como futuro celeste, Valverde encantou a todos durante a competição. Não só pelos gols – vice artilheiro, com sete – mas também pela leveza e técnica em campo. Seus chutes causaram calafrios nos adversários.

Evander- Brasil – Vasco – 16 anos

Maior promessa do Vasco desde Philippe Coutinho, Evander já chegou com status de protagonista no torneio. E não decepcionou. Após uma primeira fase apagada, decidiu quando foi preciso. Fez partida excelente contra o Uruguai. Um dos melhores finalizadores da geração.

Atacantes

Leandro – Brasil – Ponte Preta – 16 anos

Leandro foi o grande craque da competição (Foto: Divulgação/cbf.com)
Leandro foi o grande craque da competição (Foto: Divulgação/cbf.com)

Artilheiro e craque do torneio. Chegou sem muito alarde, mas logo no primeiro jogo já mostrou a que veio. Jogando como falso camisa 9, fez oito gols no torneio. Demonstrou muita qualidade nos chutes e habilidade. Já está acertado com a Udinese-ITA.

 

Tomas Conechny – Argentina – San Lorenzo – 17 anos

A “joyita” patagônica. O craque argentino. Artilheiro dos Hermanos com cinco gols, o baixinho destruiu defesas adversárias com sua velocidade e habilidade. É uma das maiores promessas argentinas e pode aparecer no time profissional do San Lorenzo.

Sebastian Ferreira – Paraguai – Olimpia – 17 anos

O bom Sebastian Ferreira (Foto: Reprodução/d10.paraguay.com)
O bom Sebastian Ferreira (Foto: Reprodução/d10.paraguay.com)

Ofuscar o maior talento do torneio não é tarefa pra qualquer um. Marcar o gol da classificação para o Mundial do país sede então nem se fala. Ferreira fez um sul-americano quase perfeito. Centroavante matador, marcou cinco gols na competição.

Seleção reserva (formação no 4-3-3)

José Cevallos (Equador), Julian Ferreira (Argentina), Joaquin Varela (Argentina), Léo (Brasil), Pervis Estupiñan (Equador); Riuler (Brasil), Julian Chicco (Argentina), Fabiano Tello (Equador); Sergio Diaz (Paraguai), Lincoln (Brasil) e Luis Iberico (Peru)

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