Qual o segredo para montar um time campeão? Gastar pouco e montar uma equipe recheada de pratas da casa, mesclar jovens valores com alguns “medalhões” pontuais ou investir em jogadores mais experientes, acostumados com decisões?
Como em várias coisas na vida, ao que parece a melhor solução é evitar extremismos, tentando equilibrar a situação de uma maneira que consiga englobar as virtudes de cada alternativa.
Para verificar qual estratégia é utilizada por cada clube da Série A do Campeonato Brasileiro, o Alambrado fez um levantamento mostrando qual é a média de idade entre os jogadores de cada elenco.
A pesquisa leva em conta todos os atletas que estão inscritos e com situação regularizada para entrar em campo, segundo os dados da Confederação Brasileira de Futebol. Confira:
Panela velha, comida ruim
Contratar jogadores com idade mais avançada não parece estar dando certo para o Vasco, que tem, de maneira disparada, o elenco com média de idade mais elevada deste Brasileirão.
Essa estratégia costuma ser bastante usual entre os dirigentes de equipes em crise, que preferem investir em nomes renomados e mais cascudos, os quais teoricamente lidam melhor com a pressão.
Mas mesmo com Rodrigo (35), Guiñazu (37), Nenê (34) e Jorge Henrique (33) como pilares da equipe, o cruzmaltino segue com uma campanha pífia no campeonato.
A segunda equipe “mais velha” da Série A é a Chapecoense, com média de 26,61 anos entre seus jogadores. O índice é puxado para o alto por conta da presença de veteranos como o goleiro Nivaldo (41), o meia Cléber Santana (34) e o atacante Bruno Rangel (33).
No entanto, diferentemente do Vasco, a equipe catarinense consegue realizar uma campanha sólida até o momento, ficando na zona intermediária do campeonato. Além disso, ainda conta com a participação pontual de jovens no time principal, como o meia Hyoran (22) e o zagueiro Felipe Zang (21).
Fechando o “Top 3” encontra-se o Palmeiras, que conta com um elenco inchado e com vários jogadores mais velhos atuando com frequência, casos de Zé Roberto (41), Fernando Prass (37) e Rafael Marques (32).
Mas o alviverde paulistano também tem boas opções jovens aproveitadas no time titular, com destaque especial para Gabriel Jesus, que com apenas 18 anos já desponta como uma das principais promessas do futebol brasileiro.
Equilíbrio
O termo acima, utilizado com frequência e separado em sílabas pelo técnico Tite em suas entrevistas coletivas, serve para demonstrar a tática da montagem dos elencos dos líderes do campeonato.
O próprio Corinthians de Tite reduziu consideravelmente a média de idade da equipe com as vendas de Fábio Santos, Guerrero e Sheik, alcançando um índice de 25,22. Também contribuem as ascensões de destaques da base para o time principal, como Marciel (20), Matheus Pereira (17) e Guilherme Arana (18).
No entanto, o alvinegro ainda conta com um número razoável de atletas experientes, de uma maneira que traz a tal mescla necessária para render os resultados dentro de campo. São os casos de Danilo (36), Ralf (31) e Vágner Love (31).
Além disso a maioria dos atletas frequentemente escalados como titulares se encontra na faixa etária dos 26-27 anos, período considerado o auge físico de jogadores de futebol.
Outro candidato na briga pelo título, o Atlético-MG usa uma estratégia parecida com a do Corinthians, fazendo uma boa mistura entre as peças de seu elenco.
Para cada valor experiente, como o zagueiro Leonardo Silva (36) existe uma contraparte jovem, como seu companheiro de defesa, Jemerson (23). O time titular é bem mesclado, mas algumas opções não muito utilizadas acabam puxando a média de idade para cima.
Confiança na juventude
Com boa (e surpreendente) campanha no campeonato, o elenco do Grêmio é o mais jovem do Brasileirão, com média de 23,16 anos. A aposta da equipe em jogadores mais novos pode ser vista claramente a cada rodada.
A equipe montada pelo também novato técnico Roger tem apenas três jogadores com 30 anos ou mais: Edinho (32), Douglas (33) e Bobô (30). Mas os maiores destaques realmente são promessas que vem dando certo, como Pedro Rocha (20) e Luan (22), peças fundamentais no esquema.
Outro clube que dispensa o uso de medalhões e valoriza os atletas mais jovens é o Goiás, com média de 23,2. A estratégia foi declarada pela diretoria goiana, que bancou a garotada mesmo após os resultados ruins que deixaram a equipe próxima da zona de degola.
Entre os mais novos, destaque para o artilheiro Erik (21), já negociado com o futebol turco para o próximo ano, além dos meias Péricles (22), Liniker (22) e Murilo (21). O único jogador com mais de 30 anos é o volante David (33).