No verão europeu de 2014 tudo parecia estar no caminho certo para Jonathan de Guzmán. Com 26 anos e no auge da forma, o meio-campista vinha de uma ótima temporada na Inglaterra pelo Swansea, e a escolha por defender a Holanda em vez de sua terra natal, o Canadá, parecia ter sido acertada.
De Guzmán conquistou a confiança do então comandante da seleção holandesa, Louis Van Gaal, e jogou a Copa do Mundo de 2014 mesmo vindo de uma lesão na coxa. Começou jogando em três partidas do torneio, incluindo a histórica goleada por 5×1 contra a Espanha na estreia e a disputa do terceiro lugar contra o Brasil.
Ao fim do Mundial o meia iria concluir sua transferência para o Napoli, um passo importante em um currículo que já contava com passagens pelo Feyenoord, Mallorca e Villarreal. Nos primeiros meses tudo deu certo para De Guzmán na Itália, mas de repente as coisas se complicaram e muita gente não entendeu o motivo.
No entanto, na última semana o jogador finalmente veio a público para esclarecer sua passagem turbulenta pelo clube napolitano, em uma entrevista ao periódico holandês de Volkstrant. E a história é muito mais complicada do que parece.
Vamos à versão de De Guzmán: Em março de 2015 o atleta sentiu um incômodo na parte inferior do estômago. Procurou o chefe do departamento médico do clube, Alfonso de Nicola, que não conseguiu um diagnóstico e apenas receitou uma nova dieta e repouso. A temporada acabou e o incômodo persistia.
A palavra de De Nicola era definitiva, e ele declarou De Guzmán apto para retornar aos gramados, embora com uma restrição de minutos e quilômetros percorridos por jogo. O meio-campista, famoso pela versatilidade e capacidade de percorrer o campo de uma área até a outra, teria que se readaptar.
O atleta deixou claro que o desconforto persistia, o que irritou os dirigentes do Napoli, que acreditaram que ele estava fazendo corpo mole para não jogar. Em Napoli a palavra de De Nicola é lei, e os jogadores não estavam liberados nem mesmo para buscar uma segunda opinião.
A direção do clube decidiu negociá-lo, mas De Guzmán queria jogar. Se apresentou normalmente aos treinos, como se nada tivesse acontecido. Furioso, o diretor esportivo do clube, Cristiano Giuntoli, avisou que ele precisava sair.
Segundo De Guzmán, Giuntoli chegou a dar-lhe um soco no rosto ao receber a notícia de que o jogador não estava disposto a sair. Os dois começaram a brigar e tiveram que ser separados pelo lateral Zuñiga.
Edoardo Laurentis, filho do proprietário do Napoli, avisou que depois daquilo o jogador iria treinar separado até o fim do contrato. E foi assim por cerca de 4 meses, em que De Guzmán só estava liberado para correr em volta do campo.
A essa altura já era 2016. Finalmente o meia foi liberado para consultar outro médico, que diagnosticou uma hérnia supostamente em 10 minutos. Mas o departamento médico do Napoli ainda discordava, e não liberou a operação.
Somente no meio daquele ano o jogador pôde trocar de clube, indo por empréstimo ao Carpi. E só então foi realizada a operação necessária. De Guzmán voltou finalmente aos gramados, e ao fim da temporada foi emprestado novamente, dessa vez ao Chievo.
Em Verona o meia começou a retomar a antiga forma, jogando 30 partidas na temporada 2016-17. O bom desempenho chamou a atenção do Eintracht Frankfurt, que o contratou naquele verão. Finalmente o passe do atleta estava desvinculado ao Napoli. No novo clube, De Guzmán conquistou o título da Copa da Alemanha logo em sua primeira temporada.
Agora, com 31 anos, De Guzmán tem uma espécie de recomeço na carreira. É difícil pensar no que poderia ter sido sua carreira se não fossem tantos problemas no período em que esteve no Napoli, com praticamente dois anos jogados fora justamente em seu auge. A direção do clube não quis responder às alegações do jogador na entrevista.