O torcedor corintiano sofreu por muitos anos com piadas dos rivais que zombavam do time alvinegro por não ter um estádio próprio. O volume das piadas caiu bastante a partir de 2014, quando o Corinthians inaugurou sua moderna arena em Itaquera, embora a conta da obra seja um assunto à parte.
No entanto, a Arena Corinthians não é a primeira casa oficial da Fiel. Antes disso o clube já contava com sua sede, o Parque São Jorge, que acabou relegado por não comportar a dimensão da torcida. E, muito antes disso, havia uma “moradia” ainda menos lembrada, que completa 100 anos neste sábado (17): O Estádio da Ponte Grande.
O terreno, localizado na zona norte da cidade de São Paulo próximo da Ponte das Bandeiras, foi cedido ao clube em 1916 pelo então deputado estadual Alcântara Machado, que desejava que a área desocupada se tornasse uma praça de esportes. O prefeito Washington Luis firmou o contrato com o presidente corintiano João Baptista Maurício no dia 17 de julho, e as obras iniciaram poucos meses depois.
Passou-se cerca de um ano e meio, e então o Corinthians, que até então mandava seus jogos no Campo do Lenheiro, finalmente tinha um campo para chamar de ser. A estreia da nova casa ficaria marcada para o dia 17 de março de 1918, e o adversário não poderia ser mais simbólico: O Palestra Itália, grande rival alvinegro.
A inauguração do Estádio da Ponte Grande chamou a atenção da imprensa e das personalidades da alta sociedade paulistana da época. Dezenas de políticos estiveram presentes no evento, além dos milhares de torcedores e curiosos em geral, que queriam verificar com os próprios olhos a tão propagada obra, que contava com incríveis 8 mil lugares.
A qualidade do jogo fez jus à importância da ocasião. Um 3×3 disputado como derby deve ser, que deu partida para uma série de novos jogos do Corinthians na Ponte Grande. Parecia que a nova casa havia chegado para ficar. A Ponte Grande chegou até a receber a Seleção Brasileira, em um jogo amistoso contra o próprio Corinthians em 1925.
Mas a década de 1920 mostrou que apenas 8 mil lugares não eram suficientes para suportar a nova paixão nacional, que a essa altura já tinha alcançado o povão. O Corinthians chegou a mandar partidas de grande apelo no Parque Antarctica, do rival Palestra Itália, e no Campo da Floresta, praças com maior capacidade.
Pensando nisso, em 1926 o então presidente corintiano Ernesto Cassano fechou a compra de um terreno no Tatuapé, que depois se tornaria o Parque São Jorge. Com isso, negociou a venda do Estádio da Ponte Grande com o São Bento, extinto clube paulistano formado por alunos do colégio homônimo.
O São Bento utilizou o campo até 1935, quando mudou sua sede para São Caetano do Sul. O espaço passou a ser utilizado então pelo Clube Recreativo Tietê, outra instituição atualmente extinta, que construiu suas quadras de tênis no local. Nessas quadras, alguns anos depois, a multicampeã Maria Esther Bueno deu seus primeiros passos como tenista. A Ponte Grande teve uma vida curta para um estádio de futebol, mas deixou sua marca na história esportiva paulistana.