Tetracampeã mundial. Um currículo desses já assusta e intimida qualquer adversário. Ter esse status é para poucos. No atual futebol, apenas o Brasil (com cinco) e a Alemanha (com quatro) estão no mesmo patamar que a Itália. A poderosa e tradicional Azzurra é uma das maiores e melhores seleções de todos os tempos. História é o que não falta na velha bota.
Isso sem citar a hegemonia durante muito tempo conquistada por seus clubes. Milan, Juventus e Inter de Milão conquistaram, juntos, 12 Liga dos Campeões da Europa. Segunda nação mais vencedora, empatada com a Inglaterra e atrás apenas da Espanha.
Porém, é de forma quase unânime que a expressão “decadência do futebol italiano” passou a ser utilizada nos últimos anos. Seja saída da boca de jornalistas ou torcedores, o fato é que cada vez mais se vê uma queda nas equipes e seleções italianas.
Perceptíveis desde a eliminação ainda na primeira fase nas últimas duas Copas do Mundo, passando pelo fraco desempenho de clubes italianos nas competições europeias e até mesmo na própria Série A. Não é exagero dizer que o campeonato italiano foi relegado à quarta importância. Com muito esforço, ainda dizemos que está acima do torneio francês.
De memória, as últimas grandes glórias italianas foram as conquistas da Copa de 2006 e da Champions League 2009/2010, pela Inter de Milão. Mas você se lembra qual foi o último título da seleção italiana?
Uma esperança em Toulon
É quase uma regra, hoje, dizer que as categorias de base do futebol italiano estão fracas. Mas, se pegarmos a década de 90, a Itália conquistou vários campeonatos europeus sub-21 e deu trabalho em competições intercontinentais. Jogadores como Del Piero, Pirlo, De Rossi e Totti passaram por essas competições.
A última conquista da Azzurra, em qualquer categoria, aconteceu no Torneio de Toulon 2008. O tradicional torneio francês foi palco do surgimento da, talvez, última boa geração italiana. A competição pré-Jogos Olímpicos 2008 teve a Itália se sobressaindo sob comando do técnico e ex-atacante Pierluigi Casiraghi.
Entre os 21 convocados, destaques para os meio-campistas Nocerino, Marchisio e Candreva; o lateral De Silvestri ; além dos atacantes Pellé, Osvaldo e, a grande estrela da competição, Giovinco.
Todos os citados já passaram, ou ainda estão na equipe principal italiana. A formiguinha atômica da Juventus e camisa 10, Giovinco, já mostrou logo no primeiro jogo que não estava para brincadeira.
À época com 21 anos, ele acabou com a boa seleção marfinense. Dois a zero e dois gols do baixinho. No primeiro, muita calma para finalizar depois de belo toque de cabeça de Pellé. No segundo, bela cobrança de falta da promessa da Juventus.
Ainda pelo grupo B, o segundo duelo foi contra a Turquia de Yilmaz, que até chegou a dificultar a partida, mas Lanzafame e Marchisio quebraram a onda turca. No terceiro jogo, a partida mais tranquila. Vitória por dois a zero sobre os Estados Unidos. Os laterais/meio-campistas Abate e Dessena marcaram em um jogo bem fácil.
A semifinal seria contra o surpreendente Japão, que havia eliminado a favorita Holanda. Apesar do favoritismo da poderosa Itália, o que se viu foi um Japão bem fechado e seguro. No final, vitória nos pênaltis após um zero a zero no tempo normal. Destaques para Giovinco, mais uma vez, e para o goleiro Bassi, que pegou o pênalti de Mizuno.
Final dos opostos
A grande decisão colocou frente a frente as duas melhores equipes da competição e com campanhas idênticas (4 jogos, com três vitórias e um empate). O melhor ataque era da seleção chilena, com 11 gols em quatro jogos. Já a Itália, como tradição, tinha a melhor defesa disparada, com apenas um gol sofrido em quatro jogos.
Contra a ótima equipe treinada por Marcelo Bielsa, a Itália conseguiu fazer seu estilo prevalecer. Com muito mais chances durante a partida, a Azzurra usou e abusou dos contra ataques. O herói foi Osvaldo, que marcou aos 25 minutos da etapa final. Alívio para ele que desperdiçou várias chances durante a partida. Destaque também para a ótima assistência de Dessena.
A competência italiana não foi mais vista em competições internacionais. Salvo a ótima Euro 2012, uma exceção, as outras equipes italianas ficaram bem abaixo da média. Neste ano, completa-se 7 anos da fila de títulos da Azzurra. E o cenário não parece ser nada animador.
Os 21 campeões
Davide Bassi- goleiro – 29 anos- Chegou a se destacar durante bom tempo no Empoli. Depois, passou sem destaque pelo Sassuolo e retornou ao clube de origem, onde é reserva.
Enrico Alfonso- goleiro- 26 anos- Não obteve sucesso em praticamente nenhum clube. Passou sem destaque pela Inter de Milão. Hoje joga nas divisões inferiores, no Pro Piacenza.
Marco Motta- lateral-direito- 28 anos- A grande promessa da lateral-direita italiana não evoluiu como esperado. Apesar de sucesso na Udinese, Motta não foi bem na Juventus, Genoa e Bologna. Hoje, encontra-se no inglês Watford, onde é reserva.
Andrea Coda- zagueiro- 29 anos- A promessa da Udinese se firmou no clube, mas não chegou a alcançar um nível de seleção. Hoje, o zagueiro alto é reserva na Sampdoria.
Paolo Dellafiore- zagueiro- 30 anos- O zagueiro argentino não atingiu um bom nível. A promessa da Inter de Milão passou por mais de 15 clubes e hoje está no modesto Latina.
Lorenzo De Silvestri – 26 anos- lateral-direito- O bom lateral firmou-se na Sampdoria após períodos instáveis na Lazio e Fiorentina. Muito técnico, chegou inclusive à seleção italiana.
Paolo De Ceglie – 28 anos- lateral-esquerdo- Apesar das contestações, De Ceglie permanece na Juventus há quase dez anos. Mesmo sem ser titular absoluto, joga com regularidade pela Juve.
Lino Marzorati – 28 anos – zagueiro – Fez carreira sólida no Empoli. Bom zagueiro e bem regular. Hoje, joga pelo Modena, da segunda divisão.
Salvatore Bocchetti – 28 anos – Muito rápido e técnico, o amigo dos narradores é muito técnico e rápido. Chegou somente neste ano a um grande clube, o Milan, após passagem pela Rússia. Chegou por cinco vezes à seleção italiana.
Antonio Nocerino- 28 anos- meio-campista- O que parecia ser um ótimo volante moderno da Juventus não evoluiu como se esperava. Apenas com um alguns brilharecos, Nocerino não transformou-se no que prometia. Hoje, encontra-se no Parma. Tem 15 convocações para a seleção italiana.
Daniele Galloppa- 29 anos- meio-campista- Com estilo similar ao de Pirlo, Daniele fez carreira na série A. De promessa da Roma aos bons times formados pelo Parma, onde encontra-se atualmente. Chegou inclusive à seleção italiana.
Luca Cigarini- 28 anos- meio-campista- Mais um “novo Pirlo” que não rendeu. Muito técnico, Cigarini chegou a passar por vários clubes da Série A, mas sem muito sucesso. Hoje, é reserva da Atalanta
Daniele Dessena- 27 anos- meio-campista- Bom jogador, Dessena é muito esforçado e fez carreira na Itália, passando por Parma, Sampdoria e Genoa. O jogador é uma das peças do Cagliari.
Claudio Marchisio- 29 anos- meio-campista- Técnico, polivalente e com ótimo chute, Marchisio talvez seja o jogador de maior sucesso da geração. Ídolo da Juventus, o ótimo atleta estava no tricampeonato italiano da equipe e já participou de duas Copas do Mundo.
Ignazio Abate- 28 anos- meio-campista/lateral-direito- Promessa do meio-campo do Milan, Abate virou um contestado lateral-direito. Entre amor e ódio, marcou seu nome na história recente do clube rubro-negro. Muito contestado, tem 21 convocações para a seleção italiana.
Tiberio Guarente- 29 nos- meio-campista- Jogador mediano. Atuou em clubes como Verona, Atalanta, Sevilla, Chievo, Bologna e Catania. Hoje, é reserva no Empoli.
Sebastian Giovinco- 28 anos- meio-campista/atacante- Eterna promessa da Juventus, Giovinco nunca evoluiu como prometia. Camisa 10 da seleção de base, o habilidoso jogador talvez tenha padecido da fragilidade física. Hoje, tenta a sorte na MLS, atuando pelo Toronto. Tem 21 convocações para a seleção.
Antonio Candreva- 28 anos- atacante- Jogador completo do ponto de vista tático e técnico, Candreva pode jogar em várias posições ofensivas. Muito rápido, falta talvez um pouco mais de habilidade e um chute melhor para o jogador de frente. Hoje, é um dos grandes jogadores da Lazio. Pela Itália, jogou a última Copa do Mundo.
Dani Osvaldo- 29 anos- atacante- Camisa 9 típico italiano. Centroavante alto e trombador. Passou por quatro grandes times italianos (Inter de Milão, Juventus, Fiorentina e Roma). Hoje, tenta brilhar no Boca Juniors, clube de seu país de origem. Tem 14 convocações para a seleção italiana.
Graziano Pellè- 29 anos- atacante- Com estilo semelhante ao de Osvaldo, Pellé foi se destacar tardiamente. Com uma carreira ascendente, chegou agora à Premier League, atuando no Southampton, e tem duas convocações para a seleção italiana.