Um bate-papo com Yamila, a artilheira iluminada da base argentina

Um bate-papo com Yamila, a artilheira iluminada da base argentina

Jogadora de 18 anos demonstra personalidade e faro de gol dentro de campo

COMPARTILHAR
Yamila demonstra habilidade e esbanja simpatia (Foto: Reprodução)
Yamila demonstra habilidade e esbanja simpatia (Foto: Reprodução)

Não é segredo que o futebol feminino costuma ser desvalorizado ao redor do planeta. O que não é nenhum problema para as jogadoras, que atuam por verdadeiro amor ao esporte. É o caso da argentina Yamila, que nunca perde o sorriso no rosto e entra em campo sempre como se fosse a última partida de sua vida.  A atleta de 18 anos, que defende as cores do Boca Juniors-ARG, ganhou destaque no Sul-Americano Feminino Sub-20, realizado em Santos, no Brasil, onde foi artilheira, ano passado.

A competição aconteceu entre novembro e dezembro de 2015, com as partidas ocorrendo na Vila Belmiro e Portuguesa Santista. Para começar, todas as delegações da competição tiveram que lidar com o descaso da organização do campeonato, pois quando chegaram a Santos, não sabiam onde iam disputar os jogos, muito menos onde treinar. Campos sintéticos tiveram de ser alugados para que as atletas pudessem treinar.

Enfim, foquemos em Yamila. Logo no primeiro confronto, pela fase de grupos, contra a Bolívia, marcou um gol. Na segunda partida, contra as uruguaias, marcou outros dois. Não perca as contas. Na vitória contra a Colômbia, acabou poupada pelo treinador. O que também aconteceu no quarto encontro, na derrota para o Equador.

Veio então o quadrangular final. A primeira partida foi a melhor dos seis jogos que ocorreram. Diante da Venezuela, as atletas argentinas se viram perdendo por 2 a 0. Mas Yamila estava lá para mudar a história. Primeiro, diminuiu de pênalti, uma cobrança com segurança. Depois, no último lance da partida, após receber um cruzamento espetacular, empatou o jogo que era dado como perdido.

No segundo jogo, novamente contra a Colômbia, empate em 0 a 0. Veio a última partida, onde um empate bastava para garantir a classificação argentina ao Mundial. Porém, acabou derrotada por 3 a 1 pelo Brasil e eliminada, ficando na quarta colocação. O gol de honra das argentinas foi de Yamila, artilheira do Sul-Americano com seis gols, embora site da Conmebol contabilize sete tentos

Infelizmente, a classificação para o Mundial em 2016 não veio. A decepção era nítida nas jovens atletas argentinas. Principalmente na artilheira Yamila, sentada no gramado vendo a comemoração do campeão Brasil.

Mas a história estava escrita. As argentinas superaram o descaso da organização, encantaram os poucos espectadores que compareceram tanto na Vila Belmiro, quanto no Ulrico Mursa. Yamila encantou.

Carismática, vive e respira futebol. “Descobri essa paixão pelo futebol quando meus irmãos me ensinaram a jogar. Vem desde pequenininha”, afirma. Feliz no Boca Juniors, Yamila conta que não começou a carreira na equipe xeneize. “Minha primeira equipe foi o Huracán de Misiones, da minha cidade natal, mas agora estou no Boca”, diz apaixonadamente a atleta que, além de jogadora, é torcedora fanática.

A atacante em ação pelo clube do coração (Foto: Reprodução)
A atacante em ação pelo clube do coração (Foto: Reprodução)

Claro que, no bate-papo informal que a equipe do Alambrado teve com a jogadora, não esquecemos o maior momento de sua carreira até então, que foi o Sul-Americano Sub-20 2015. “Foi o meu primeiro sul-americano com a Argentina. Foi muito especial. Ainda mais por ter sido a artilheira da competição. Inesquecível”.

Yamila aproveitou também para falar sobre seus ídolos no esporte, tanto no masculino, quanto no feminino. Vale ressaltar que um velho conhecido da torcida corintiana está nesta lista… “No futebol feminino eu sou fã da Marta e da Alex Morgan, são grandes jogadoras. No masculino o Cristiano Ronaldo e Carlitos Tévez”, conta empolgada.

Apesar da euforia, Yamila fala sobre a dura realidade de ser uma jogadora de futebol, não apenas na Argentina. “Eu nunca sofri preconceito, mas não somos valorizadas. Os clubes não oferecem benefícios e tão pouco dá para se viver com o que nos é dado”, revela. Contudo, ela se mostra ambiciosa, finalizando a entrevista revelando o seu sonho. “Mas eu pretendo um dia atuar nos Estados Unidos, na Europa, é o sonho de quase todas”, finaliza.

Veja a reportagem que fizeram com Yamila após a artilharia no Sul-Americano:

Deixe seu comentário!

comentários

COMPARTILHAR