Uma obsessão chamada Olimpíadas: Parte I

Uma obsessão chamada Olimpíadas: Parte I

O especial que analisa e mostra o porquê a medalha de ouro olímpica é tão valorizada

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A obsessão não costuma ser um sentimento positivo. Apesar da força e determinação para conseguir o objetivo traçado serem fatores importante, muitas vezes a ansiedade e a patologia criadas por esse sentimento anulam o que poderia haver de construtivo.

A seleção brasileira sabe muito bem como é ser obsessiva por um título. Um troféu. Ou melhor, uma medalha. Único título nunca conquistado pela amarelinha, os Jogos Olímpicos viraram uma espécie de Copa do Mundo para os brasileiros. Porém, o que muitas pessoas não lembram é que nem sempre o torneio teve essa carga.

Disputado desde 1900, o torneio masculino do esporte mais popular do mundo nem sempre empolgou na principal competição global. Sem o mesmo charme do atletismo e natação, além das coqueluches ginástica artística e vela, o futebol nunca foi o carro-chefe das Olimpíadas. Isso sem citar esportes coletivos que tem na medalha de ouro olímpica a consagração máxima de uma geração, casos do basquete, vôlei, handebol, entre outros.

Nem mesmo o craque Gérson conseguiu a medalha de ouro olímpica (Foto: Reprodução/abril.com)
Nem mesmo o craque Gérson conseguiu a medalha de ouro olímpica (Foto: Reprodução/abril.com)

A primeira representação canarinho no futebol masculino em Olimpíadas aconteceu somente em Helsinque, 1952. As temidas eliminações em mata-matas já se iniciaram por ali. Derrota para a Alemanha Ocidental e quinto lugar no geral. Pouco para uma seleção que tinha Vavá e Zózimo em suas fileiras. Mais traumático ainda pensando que em 1952 o fatídico Maracanazo estava fresco na memória dos brasileiros.

O início da hegemonia húngara. Medalha de ouro em Helsinque (Foto: Divulgação/fifa.com)
O início da hegemonia húngara. Medalha de ouro em Helsinque (Foto: Divulgação/fifa.com)

 

Naquela época, porém, a competição já estava desprestigiada dentro das Olimpíadas. O futebol teve fases importantes dentro  dos Jogos Olímpicos. Ora por ser o torneio mais importante do esporte (até a criação da Copa do Mundo), ora por ter esquadrões vencedores (Uruguai bicampeão em 1924/28 e Hungria em 1952). Além de ser um torneio para a demonstração da força crescente do futebol dos regimes socialistas europeus pós-Segunda Grande Guerra.

Para se ter ideia, apenas a França quebrou a sequência de títulos dos países socialistas, em 1984, quando derrotou exatamente o Brasil. Em dez Jogos Olímpicos, foram nove ouros, sete pratas e sete bronzes para a “cortina de ferro”. Só a potência União Soviética conquistou dois ouros e duas pratas.

Voltando a falar do histórico da seleção brasileira, foi em 1960 (Roma) a segunda participação do Brasil. Já muito respeitada e conhecida por conta e Pelé e do título mundial dois anos antes, a amarelinha teve uma participação fraca, caindo na primeira fase, mesmo com Gérson no time. Na sequência, em 1964 (Tóquio), mais decepção e outra vez eliminação na primeira fase.

As edições de 1968 (Cidade do México) e 1972 (Munique) também foram desastrosas e passaram despercebidas. Sucessivas eliminações na fase inicial eram inexplicáveis para uma seleção, até então, tricampeã mundial.

Em contrapartida, nesse meio tempo, as seleções de basquete (com dois bronzes) e atletas como Manuel dos Santos, Nelson Prudêncio, Adhemar Ferreira da Silva e Servílio de Oliveira iam conquistando medalhas e respeito para a nossa nação.

Somente em 1976 (Montreal), o Brasil chegou próximo ao pódio. Com Carlos no gol e Claudio Coutinho no banco de reservas, a seleção alcançou o quarto lugar e só não conquistou o bronze pois teve pela frente a União Soviética de Blokhin e Kolotov.

Geração de prata – o início da obsessão

O futebol brasileiro precisou esperar até 1984, nos Jogos Olimpícos de Los Angeles, para comemorar sua chegada ao pódio. O feito ainda seria repetido em 1988 (Seul). Nas duas ocasiões, a cor da medalha foi a mesma: prata.

Mesmo contando com uma equipe júnior e enfrentando as dificuldades de jogar contra profissionais do leste europeu, o Brasil montou fortes seleções que perderam as finais para grandes times.

Romário foi o artilheiro das Olimpíadas de Seul, mas mesmo assim só ficou com a prata (Foto: Reprodução/olimpiadas.uol.com.br)
Romário foi o artilheiro das Olimpíadas de Seul, mas mesmo assim só ficou com a prata (Foto: Reprodução/olimpiadas.uol.com.br)

Em 84, sob comando de Jair Picerni, o revés foi para a carrasca França, de Brisson, Xuereb e Lemoult. Já em 88, com Carlos Alberto Silva como técnico, a melhor campanha até aqui. Depois de uma competição impecável, derrota na final, apenas na prorrogação, para a potência soviética de Mykhaylychenko, Dobrovolski e Narbekovas. Destaques para Taffarel, Jorginho, Careca, Neto e, claro, o artilheiro Romário.
O sonho dourado estava apenas começando.

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