O Alambrado continua sua série de textos destacando jogadores que estão longe dos holofotes do futebol mundial, atuando em clubes de menor expressão ou em ligas que não costumam receber muita atenção, mas que têm a chance de despontar durante a disputa da Copa do Mundo de 2018. Conheça os talentos escondidos da Copa de 2018.
O verão europeu de 2017 foi um ponto de virada na carreira de Wahbi Khazri. Em baixa no Sunderland, o meia-atacante tunisiano não justificativa nem de longe o investimento que havia sido feito pelo clube inglês para tirá-lo do Bordeaux no ano anterior. Sem se adaptar ao frio da região nordeste da Inglaterra e no banco de um time rebaixado, foi emprestado para o Rennes.
A chegada ao clube francês representaria uma retomada na carreira de Khazri, assim como o retorno ao seu país. Apesar da nacionalidade tunisiana por conta dos pais, o jogador cresceu e iniciou sua carreira na França, nas categorias de base do clube de sua cidade natal, o Ajaccio. De lá foi para o Bastia, onde passou cinco temporadas com ótimo desempenho, e então para o Bordeaux.
Mas voltemos para o presente. Entre o verão europeu que iniciou a história e esse próximo, quando acontecerá a Copa do Mundo na Rússia, Khazri deu motivos para acreditar que pode brilhar no maior cenário do futebol mundial. Pelo Rennes, clube sem maiores aspirações, conquistou uma comemorada vaga para a Europa League da próxima temporada.
O desempenho fraco visto na temporada pelo Sunderland ficou para trás. No Campeonato francês Khazri retomou seu estilo agressivo e lutador, com muita participação no ataque e desempenho importante na marcação ofensiva. Anotou nove gols e deu duas assistências na Ligue 1, conquistando os torcedores do clube.
Mas a maior alegria da temporada ficou por conta da conquista da vaga para a Copa do Mundo, algo que a Tunísia não conseguia há 12 anos. E Khazri foi uma das figuras principais da campanha, com o número 10 nas costas. Mas o caminho rumo à idolatria do povo tunisiano por pouco não acabou antes de começar.
Isso porque o veloz meia parecia indeciso sobre qual seleção escolher no início de sua carreira. Até o Sub-20 defendeu a Tunísia, mas em 2012 aceitou o chamado da França para disputar as Eliminatórias da Euro Sub-21. Khazri chegou a atuar em duas partidas com a camisa francesa, mas um ano depois o então técnico da Tunisia, Sami Trabelsi, conseguiu convencê-lo a defender a nação de seus pais.
Agora aos 27 anos, Khazri não parece ter mais dúvidas de sua identidade como tunisiano, e de como sua explosão física e a técnica jogando pelos lados do campo podem ajudar as Águias do Cartago na Copa do Mundo. Ironicamente, um dos adversários é justamente a Inglaterra, país onde ele teve sua grande chance. Mas para comprovar sua retomada ele terá que lidar com um problema que preocupa desde o início de sua carreira: A disciplina.
O meia não costuma aceitar bem decisões que considera equivocadas dos árbitros, acumulando cartões por reclamação. Além disso, o temperamento forte já rendeu algumas confusões até mesmo pela seleção. Foi o que aconteceu no amistoso contra a Costa Rica, em março, quando Khazri correu o risco de ser expulso ao revidar uma falta com um chute no adversário.
Apesar disso, ele foi o autor do gol que deu a vitória aos tunisianos na partida. E isso define bem o estilo de Khazri em campo: Um jogador capaz de lances impressionantes na parte técnica, assim como pode prejudicar sua equipe em poucos instantes de fúria. Se a primeira parte estiver mais ativa que a segunda durante o Mundial na Rússia, a Tunísia pode até se animar. Um risco aceitável de se correr para uma seleção que jamais passou da primeira fase.