Escândalo de “gatos” no sub-20 já tirou México de Olimpíada e Copa...

Escândalo de “gatos” no sub-20 já tirou México de Olimpíada e Copa do Mundo

A polêmica dos "Cachirules" em 1988 gerou uma suspensão de dois anos para todas as seleções do país

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O México continua sendo atormentado pelo fantasma das oitavas de final da Copa do Mundo. Nesta segunda-feira (2), diante do Brasil, em Samara, o país caiu pela sétima vez consecutiva no referido estágio do torneio, malogro que sempre o aflige desde a eliminação para a Bulgária em 1994, nos Estados Unidos. O sofrimento poderia ser até mais antigo. Mas não o é devido a um escândalo que o tirou do Mundial anterior.

Trata-se da polêmica dos “Cachirules”, ou “Cachirulazo”, ocorrida em 1988, quando o selecionado mexicano sub-20 escalou quatro jogadores com idade superior ao limite permitido para disputar o XII Torneio Juvenil da CONCACAF, que funcionaria como classificatório para a Copa do Mundo da categoria em 1989, na Arábia Saudita. Os atletas em questão são Aurelio Rivera, Gerardo Giménez, José de la Fuente e José Luis Mata.

Cachirules México 1988
FIFA estendeu punição do sub-20 para todas as seleções do México (Foto: Reprodução/Televisa)

Naquela campanha, os aztecas tiveram bom desempenho com vitória sobre Bermudas (4×1), Cuba (2×0), Antilhas Holandesas (7×0) e empate com o Canadá (2×2).

Na fase seguinte, derrotaram Cuba (2×1), novamente, perderam para a Costa Rica (3×0) e superaram os Estados Unidos (2×1), o que lhes garantiu o vice-campeonato e a vaga no Mundial Sub-20.

No entanto, o jornalista local Antonio Moreno, do antigo canal Imevisión, junto a seu colega Alfredo Ruiz, reparou na diferença de idades dos jogadores comparando um anuário da Federação Mexicana de Futebol (FMF) com a lista enviada pela FMF à CONCACAF, o que se tornou um escândalo na mídia. Na realidade, Giménez e de la Fuente tinham dois anos a mais que o permitido, Mata, quatro, e Rivera, capitão, excedia a idade máxima por sete primaveras.

Além disso, Rivera chegou a declarar que apenas dois jogadores do elenco não eram “gatos”, mas isso nunca foi confirmado. Como resultado da polêmica, a CONCACAF anulou a participação do escrete no Mundial juvenil e o suspendeu por dois anos. Depois, a FIFA ampliou o castigo para todas as seleções do país norte-americano em torneios oficiais. Assim, o México ficou fora dos Jogos Olímpicos de 1988 e da Copa do Mundo de 1990.

Para completar, vários dirigentes da federação nacional foram banidos para sempre do futebol, incluindo o então presidente, Rafael del Castillo, e outros membros da alta cúpula, como vice-presidente, secretário-geral, tesoureiro e etc. Beneficiados, os Estados Unidos herdaram a vaga dos vizinhos na Copa do Mundo Sub-20, enquanto a Guatemala viajou no lugar dos aztecas para a disputa olímpica em Seul, na Coreia do Sul.

Em resumo, a prática de inscrever atletas mais velhos em torneios juvenis, embora tenha sido corriqueira por muitos anos no mundo todo, passou a ser combatida pela FIFA justamente no começo de 1988, o que agravou o caso mexicano e gerou provavelmente o episódio mais vergonhoso de seu futebol e uma das punições mais rígidas a uma seleção.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.