Estavam todos abraçados e saltando efusivamente, jogadores e comissão técnica do Lanús, sob a vista dos poucos milhares de torcedores afortunados que lotavam a parte reservada a eles no terceiro anel superior de La Bombonera. A cena acima descrita ocorreu na ensolarada tarde de 2 dezembro de 2007, na penúltima rodada do Apertura.
Na ocasião, o empate por 1 a 1 contra o Boca Juniors, somado à derrota do Tigre por 1 a 0 diante do Argentinos Juniors, garantia ao clube “Granate” seu primeiro e até hoje único título nacional. Entre os atletas do grupo comandado pelo técnico hispano-argentino Ramón Cabrero, estavam o atacante José Sand e o volante Agustín Pelletieri.
Então com 27 anos, Sand havia sido a principal referência no setor ofensivo da equipe e vice-artilheiro do certame com 15 gols. Na edição seguinte do Apertura, repetiu a marca e foi o goleador máximo, façanha que voltaria a protagonizar no Clausura de 2009, com 13 gols. Naquele mesmo ano, porém, ele negociou sua saída rumo ao futebol árabe.
Já Pelletieri, outra peça fundamental daquele elenco vencedor, atuava no Lanús desde 2002 e acabou cedido por empréstimo ao AEK Atenas, em 2008. Um ano depois, retornou ao Granate para atuar durante mais duas temporadas, sendo negociado com o Racing, Chivas-EUA e, curiosamente, Tigre, contra quem havia saído campeão em 2007.
No começo de 2016, a experiente dupla voltou ao clube que os projetou em busca de um novo sonho. Das mãos de Jorge Almirón, o Lanús se destaca com a melhor campanha do repaginado Campeonato Argentino. Até agora, soma 9 vitórias, 1 empate e 1 derrota além de ter o terceiro melhor ataque (21 gols), ao lado do Estudiantes.
Por um lado, Pelletieri, hoje com 33 anos, não faz sua passagem mais bem sucedida pelo clube e atuou em apenas três jogos. Por outro, Sand ainda brilha como outrora. Aos 35 anos, esteve em campos nos 11 encontros da equipe e fez 12 gols. Passou em branco somente na vitória sobre o Estudiantes (0-1) e na derrota para o Racing (2-1).
Engana-se, no entanto, quem acredita que as referidas façanhas são méritos exclusivos dos homens de frente.
Na defesa – a melhor do torneio com 6 gols sofridos, cabe ressaltar a figura do jovem zagueiro paraguaio Gustavo Gómez, de 22 anos, que vem crescendo e assumindo o papel de líder dentro do plantel.
Por sua vez, o goleiro Fernando Monetti também executa habilmente sua função e conseguiu passar 7 rodadas completas sem ter a meta vazada.
Em relação a outros jogadores, pode-se mencionar os meio-campistas Román Martínez, 33 anos, autor de 4 gols até o momento, e o paraguaio Miguel Almirón, 22 anos, que tem ótimo controle de bola e participa decisivamente quando joga. Já Pablo Mouche (aquele mesmo, torcedor palmeirense), embora não tenha o mesmo faro goleador de Sand, colabora de maneira importante no esquema tático de Jorge Almirón.
Restando cinco jogos para o término da primeira fase do Campeonato Argentino, que classificará os líderes de cada zonal para a grande decisão, o Lanús recebe no próximo sábado (23) o seu eterno rival Banfield, tentando fazer valer o fator casa. Na sequência, enfrenta Tigre (visitante), Aldosivi (local), Argentinos (visitante) e Huracán (local).
Após ter batido na trave no Clausura de 2011 e no Torneo Inicial de 2013, quando obteve dois vice-campeonatos, o Granate volta a sonhar com a volta olímpica e tem sua ilusão impulsionada pelos pés daquele que um dia foi campeão com a camisa do clube e hoje a veste novamente para trilhar o esperado caminho da glória nacional.