Sensação, Sacachispas nasceu nas crônicas antes de existir nos gramados

Sensação, Sacachispas nasceu nas crônicas antes de existir nos gramados

COMPARTILHAR
Sacachispas
Os “mascarados” do Sacachispas eliminaram o Arsenal de Sarandí na Copa Argentina (Foto: Reprodução)

A essa altura você já deve ter lido sobre a partida entre Sacachispas e Arsenal de Sarandí pela Copa Argentina, na última terça-feira (23), quando o representante da quarta divisão nacional eliminou o adversário que joga na elite do país. A vaga do “Saca” foi sacramentada nos pênaltis (6×5), após igualdade por 1 a 1 no tempo regulamentar.

Não bastasse o surpreendente e inédito resultado, a equipe orientada pelo técnico Norberto D’Angelo chamou atenção ao seguir um costume próprio e posar para a foto de um jeito, digamos, pra lá de original: os jogadores se enfileiraram usando máscaras dos mais variados tipos. Super-heróis, vilões, extraterrestre e até animais.

Tudo isso já foi abordado. Mas há uma história ainda mais espetacular por trás do Sacachispas que você precisa conhecer. Normalmente, as obras jornalísticas, literárias e cinematográficas do mundo do futebol se baseiam em feitos concretos. É dizer, antes vêm os acontecimentos; só então surgem as produções que lhes são relacionadas.

Com o Saca, ocorreu justamente o inverso. Ele existiu primeiro na ficção para depois virar realidade. Idealizado pelo jornalista uruguaio Ricardo “Borocotó” Lorenzo, o clube nasceu nas crônicas semanais da revista argentina Billiken e chegou ao apogeu nas páginas da El Gráfico. Baseado nos textos de Lorenzo, o cineasta argentino Leopoldo Torres Ríos dirigiu o longa “Pelota de Trapos” (1948), que foi sucesso de público na época.

Nele, um menino de uma família operária vive num bairro pobre e alimenta o sonho de se tornar um craque, jogando com uma bola improvisada ao lado de amigos. No mesmo ano de lançamento do filme e por influência dele, dois jovens vizinhos, Roberto González e Aldo Hugo Vázquez, resolveram usar o mesmo nome para sua equipe no bairro de Nueva Pompeya, em Buenos Aires, que participaria dos recém-criados Jogos Nacionais.

No torneio infantil, que teve 1.200 inscrições, o Sacachispas avançou para a final de sua chave e jogou contra o Ferro Carril Oeste, no Monumental de Núñez, diante dos olhos de ninguém menos que Juan Domingo e Eva Perón. Curioso, o presidente perguntou onde ficava o estádio do surpreendente time. Ao ser informado de que os meninos jogavam num terreno baldio, ajudou a ceder uma localidade para o novo time erguer sua casa.

Em 1954, o Sacachispas obteve sua filiação na AFA e até hoje nunca esteve acima da quarta categoria nacional, na qual se encontra desde 2003/04. Em busca de vaga nas oitavas da final da Copa Argentina, aguarda a definição do jogo único entre Sarmiento e Brown de Adrogué. Seja como for, depois de uma narrativa de 68 anos, o Saca enfim encontrou o ápice de sua história. Que seja inspiração para muitos outros sonhadores.

Deixe seu comentário!

comentários