Da descrença ao título, Camarões enfim se vinga do Egito na Copa...

Da descrença ao título, Camarões enfim se vinga do Egito na Copa Africana

Mesmo com recusa de vários jogadores, Leões Indomáveis faturaram o penta continental

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Copa Africana 2017 - Camarões
Camarões encerra jejum de 15 anos com título no Gabão (Foto: Divulgação/CAN)

No dia 10 de fevereiro de 2008, a estrela do egípcio Mohamed Aboutrika brilhou mais forte que a do camaronês Samuel Eto’o, e os Faraós celebraram o sexto título da Copa Africana, reafirmando seu domínio no continente e prolongando o jejum dos Leões Indomáveis.

Quase nove anos se passaram desde aquele gol de Aboutrika no fim do jogo, realizado em Acra, capital de Gana, até que os dois países reeditassem a final do certame. Desta vez, como é sabido, Camarões concretizou sua vingança mesmo tendo saído atrás no placar.

De um lado, sob o comando do argentino Héctor Cúper, duas vezes finalista da Liga dos Campeões à frente do Valencia, o Egito defendia uma invencibilidade de 24 jogos no torneio e se dispunha a levantar sua primeira taça desde 2010. Já os Leões, orientados pelo belga Hugo Broos, buscavam o fim de uma seca ainda mais longa, datada de 2002.

Desacreditados, os camaroneses vivenciaram um cenário desanimador às vésperas do chute inicial. Afinal, nada menos do que sete jogadores recusaram a convocação de Broos, entre eles Joël Matip (Liverpool), André Onana (Ajax), e Eric Choupo-Moting (Schalke 04).

Ademais, também dispensaram a chamada do treinador Guy Assembé (Nancy-FRA), Allan Nyom (West Bromwich), Maxime Poundjé (Bordeaux), Ibrahim Amadou (Lille) e André-Frank Anguissa (Olympique de Marselha), gerando dor de cabeça antes de a bola rolar.

Hugo Broos
O belga Hugo Broos, de 64 anos, revelou que viu sua equipe como uma “família” (Foto: Divulgação/CAN)

Vitorioso em seu país natal tanto no gramado quanto à beira dele, Broos precisou confiar no talento de atletas sem ampla bagagem internacional.

Dos 23 nomes chamados para o torneio, 14 nunca haviam disputado uma edição da Copa Africana, e a média de idade da equipe era de 24,9 anos. A aposta não surtiu efeitos imediatos, mas foi coroada.

Em seu debute na fase de grupos, Camarões cedeu o empate por 1 a 1 para Burkina-Faso. Na sequência, obteve uma importante virada sobre a estreante Guiné-Bissau, por 2 a 1, e avançou como o pior vice-líder graças ao empate sem gols diante do anfitrião Gabão, terceiro colocado. Um simples triunfo dos locais, porém, teria eliminado os Leões.

Como os “se” são puro exercício imaginativo, Camarões, apesar dos pesares, estava garantido no mata-mata contra o perigoso Senegal. No tempo regulamentar, novo empate sem gols. A definição da vaga para a semifinal aconteceu nos pênaltis, de maneira sofrida (5×4), e o próximo adversário seria a ainda mais perigosa Gana.

Surpreendentemente, os camaroneses venceram por 2 a 0, com gols dos novatos Michael Ngadeu-Ngadjui e Christian Bassogog, e se credenciaram para a grande final. Do outro lado, o experiente Egito havia sido líder do grupo e eliminara Marrocos e Burkina-Faso no caminho até sua 9º decisão, duas delas vencidas contra os Leões (1986 e 2008).

Mais confortáveis na primeira etapa, os egípcios abriram o placar aos 22 minutos com o meio campista Mohamed Elneny, após assistência de Salah. A vantagem permaneceu até o início do segundo tempo, quando Camarões contou com dois reservas para mudar o enredo.

Primeiro, Nicolas Nkoulou empatou de cabeça. A partir desse momento, houve muita pressão para cima dos Faraós, que mostravam sinais de desgaste e viam os Leões com mais de 60% de posse de bola. No segundo tempo, a equipe de Broos finalizou 10 vezes até virar com uma obra-prima de Vicent Aboubakar, a dois minutos do fim.

“Quando cheguei, eu trouxe alguns jogadores novos, pois tinham saído 10 do nosso plantel. Eu estabeleci algumas regras internas e diretrizes disciplinares. Mudamos a mentalidade. Os jogadores estão agora altamente motivados e orgulhosos de representar este país. Agora temos um grupo sólido que trabalha e atua como uma equipe, e isso teve um impacto positivo em nossos resultados”, avaliou o treinador.

Para o defensor Michael Ngadeu, uma das estrelas da campanha camaronesa, grande parte do crédito deve ser dada ao belga, que só perdeu uma partida desde que assumiu a seleção em fevereiro do ano passado. “Ele é um mágico, a equipe renasceu. Muitos deles não acreditavam nele, eu admitirei. Muitos o criticaram. Mas hoje eu acho que ele é o herói. Ele deve receber uma medalha pelo que fez”, explicou.

Em junho, Camarões representará a África na Copa das Confederações, na Rússia, onde dividirá grupo com Chile, Austrália e Alemanha. Nos meses seguintes, terá importantes jogos pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Em 2019, sediará a Copa Africana.

“Ainda não estamos no nível mais alto, precisamos ser muito melhores, mas já é um grande começo”, finalizou Broos.

 

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