Implantada pela primeira vez em 1998, a pré-Libertadores foi a solução encontrada pela Conmebol para oferecer mais vagas a confederações menos badaladas em sua principal competição de clubes. Moeda de troca de votos ou simplesmente um plano de expansão do torneio?
Fato é que, de 1998 a 2001, apenas times do México e da Venezuela disputavam a fase. O formato era de grupos: dois representantes de cada país jogavam entre si com ida e volta. Os dois com mais pontos após seis rodadas avançavam para a fase de grupos.
Quase sempre dava México. Os times venezuelanos só conseguiram avançar duas vezes. Em 1999, com o Estudiantes de Mérida; em 2001, com o Deportivo Táchira. De 2002 em diante, a Conmebol decidiu abolir a pré-Libertadores.
Voltou em 2005, no formato que conhecemos hoje. Partida de ida e volta, com um representante de cada país – à exceção da confederação de origem do campeão do ano anterior, que tem direito a duas vagas nesse estágio.
Ano a ano, os times da Bolívia e da Venezuela foram ficando para trás. Não conseguiam, de forma alguma, a classificação. No caso boliviano, pesava o fator azar. Afinal, na maioria das vezes, encaravam equipes brasileiras no caminho.
Goleadas acabaram frequentes para os andinos, nitidamente inferiores tecnicamente. Na mais notável delas, o Cruzeiro anotou um implacável 7 a 0 sobre o Real Potosí no Mineirão em 2010, depois de empatar na altitude.
Quase a mesma coisa valia para a Venezuela, que assistia seus representantes voltarem mais cedo para casa ano após ano. O presidente da federação venezuelana certamente sentia saudades do formato antigo da pré-Libertadores.
Mas alguma coisa mudou em 2015. A posição dos astros, a posição das bolinhas no sorteio, a vontade dos santos. O Táchira-VEN enfrentou o Cerro Porteño, enquanto o The Strongest-BOL duelou contra o Monarcas Morelia, do México.
Os venezuelanos impressionaram na ida, jogando em casa. 2 a 1 convincente, calando o gigante paraguaio. Na volta, o 2 a 2 selou aquilo que parecia impossível: uma equipe da Venezuela estava novamente passando da pré, após 14 anos.
Não menos importante foi o feito do The Strongest. 1 a 1 copeiro na ida, 2 a 0 na altitude. Classificação heroica. Festa de campeão em La Paz. A equipe boliviana honrava o significado de seu nome e despachava os mexicanos.
Em 2016, os astros não estão alinhados. As bolinhas no sorteio estavam bagunçadas. Os santos esbanjaram má vontade. E os adversários de bolivianos e venezuelanos são muito mais fortes que os sorteados no inesperado 2015.
Na semana que vem, o Oriente Petrolero-BOL terá de lidar com o duríssimo Independiente Santa Fe, atual campeão da Sul-Americana. E o Caracas-VEN irá encarar o Huracán, vice-campeão no mesmo torneio.
A missão não será nada fácil. A probabilidade de Oriente Petrolero e Caracas se despedirem precocemente da Libertadores é gigantesca. Mas a inspiração está no ano anterior. É possível. São dois jogos. Retranca total e coração na ponta da chuteira.
Deportivo Táchira e The Strongest não conseguiram avançar para a segunda fase da Libertadores em 2015. Para torcedores brasileiros passando pela mesma situação, é uma tragédia. Para os torcedores bolivianos e venezuelanos, um alento.
O ranking da pré-Libertadores 2005-2015 (classificações/participações)
1º Brasil – 16/17
2º Argentina – 12/14
3º Chile – 8/11
3º Colômbia – 8/12
5º México – 5/11
5º Paraguai – 5/11
7º Equador – 4/12
8º Peru – 3/11
8º Uruguai – 3/11
10º Venezuela – 1/11
10º Bolívia – 1/11