O mata-mata das oitavas de final da Libertadores deste ano coloca dois times que protagonizam uma das maiores rivalidades do mundo em busca de uma vaga na próxima fase. Boca Juniors e River Plate começarão nesta quinta-feira a disputa que tem tudo pra ser marcante na história do clássico, mas não é a primeira vez que os dois se enfrentam pela maior competição das Américas.
Da mesma forma, outros grandes duelos entre rivais já aconteceram nesses 55 anos em que o torneio vem sendo disputado, principalmente até 1999, quando clubes do mesmo país eram colocados sempre na mesma chave. Para relembrar alguns desses grandes momentos, o Alambrado fez um levantamento apontando quais são os clássicos que mais aconteceram pela Libertadores nesse período.
10º – São Paulo x Palmeiras – 8 jogos
O Choque-Rei é o confronto brasileiro que mais se repetiu na história da Libertadores. Foram oito jogos entre os dois rivais paulistas valendo pela competição continental, com ampla vantagem do time do Morumbi sobre o adversário alviverde. São seis vitórias tricolores e dois empates, sendo que apenas dois desses duelos foram válidos pela primeira fase do torneio (ambos em 1974). Nos mata-matas de 1994, 2005 e 2006 os são-paulinos puderam comemorar a vaga contra os palmeirenses em grande estilo.
Confronto em destaque: Em 1994, o São Paulo era o atual bicampeão da Libertadores, mas não tinha o favoritismo no duelo das oitavas de final contra o avassalador Palmeiras fortalecido após a parceria com a Parmalat. No jogo de ida, no Pacaembu, o 0x0 pode ser colocado na conta de Zetti, uma muralha impenetrável que impediu Rincón, Zinho, Edmundo e Evair, entre outros, de soltar o grito de gol. Na volta, no Morumbi, o São Paulo contou com o brilho de Euller, o “Filho do Vento”, que com dois gols colocou o time nas quartas. Evair descontou com um belo gol de falta no final, fechando o placar em 2×1.
9º – Bolívar x Oriente Petrolero – 10 jogos
Por conta da regra que colocava times compatriotas na mesma chave da primeira fase, os bolivianos viram o duelo entre Bolívar e Oriente Petrolero acontecer por dez oportunidades na Libertadores. Todos os confrontos aconteceram na fase de grupos, e o retrospecto aponta vantagem para os azuis de La Paz. Foram cinco vitórias do Bolívar, com três empates e dois triunfos do Petrolero. Os jogos aconteceram nas edições de 1977, 1988, 1991, 1997 e 1998.
Confronto em destaque: Os dois times se enfrentaram pela quarta rodada da primeira fase da Libertadores de 1997 buscando uma posição melhor na briga pela vaga. O Petrolero buscava se vingar da derrota vexatória para o rival no jogo de estreia (4×0), em Santa Cruz de la Sierra. O Bolívar parecia o favorito destacado para o jogo do returno, mas o que se viu foi um confronto muito equilibrado, que acabaria empatado em 3×3. O resultado ajudou ambas as equipes a garantirem as duas primeiras posições do grupo, que contava ainda com Guarani e Olimpia.
8º – Barcelona x Emelec – 11 jogos
O “Clássico do Estaleiro” é o jogo que atrai mais atenções no futebol equatoriano, mas a rivalidade entre os dois times não fica apenas dentro do próprio país. Em 11 oportunidades a Libertadores contou com o maior clássico do Equador, nas edições de 1967 (2x), 1971 (3x), 1990 (4x) e 1994 (2x). O equilíbrio predomina no duelo: quatro vitórias para cada lado, além de três empates.
Confronto em destaque: A Libertadores de 1990 contou com uma maratona de Barcelona x Emelec. Após os dois duelos na primeira fase, os times voltaram a se encontrar nas quartas. No jogo de ida, com mando do Emelec no estádio Modelo, empate por 0x0. Na volta, atuando no Monumental, os “canários” do Barcelona cantaram mais alto, vencendo por 1×0 com gol de Uqillas ,depois de ver os rivais perderem um pênalti. O Barcelona acabaria chegando até a final naquele ano, onde seria derrotado pelo Olímpia.
7º – Alianza Lima x Universitario – 12 jogos
O clássico mais tradicional do futebol peruano apareceu na Copa Libertadores em 12 oportunidades. Todos os jogos entre as equipes foram válidos pela primeira fase da competição continental, nas edições de 1966, 1972, 1979, 1983, 1988 e 1994. As estatísticas mostram vantagem para “Los Cremas” do Universitario, que conquistaram seis vitórias. O Alianza venceu apenas duas vezes, e as outras quatro partidas terminaram empatadas.
Confronto em Destaque: A Libertadores de 1988 contou com um dos jogos mais marcantes da história entre os dois times. Em um grupo que contava ainda com os brasileiros do Guarani e do Sport, Universitario e Alianza se enfrentaram logo na primeira rodada, com mando de campo do primeiro. Os donos da casa não tiveram dificuldade para abrir 2×0 no placar ainda no primeiro tempo. O Alianza perdia não só o jogo como a cabeça, e, após muitas faltas violentas, teve três jogadores expulsos. Sem grandes expectativas de conseguir algo melhor na partida e com suas duas substituições (limite da época) já realizadas, a goleada para o rival parecia iminente. Foi então que, quase simultaneamente, dois atletas desabaram em campo, alegando lesão. Como as regras não permitiam que o jogo continuasse com apenas seis aliancistas em campo, o árbitro encerrou o duelo, que acabaria conhecido como “Clássico do Abandono” e lembrado até os dias atuais nas conversas de mesas de bar peruanas.
6º – Universitario x Sporting Cristal – 14 jogos
Mais um duelo peruano que acontece com frequência na Libertadores. Mesmo sem o peso do superclássico citado acima, o “Clássico Moderno”, como é conhecido por torcedores dos dois times, já marcou presença por 14 vezes na competição, sempre valendo pela fase de grupos. O Universitario venceu cinco duelos, com três vitórias do Sporting e seis empates, em jogos válidos pelas edições de 1968, 1971, 1973, 1989, 1993, 1996 e 1999.
Confronto em destaque: Em 1989 os times peruanos caíram em um grupo difícil, que contava também com Boca Juniors e Racing. Por conta da força dos times argentinos, os duelos diretos entre compatriotas seriam decisivos na busca pela terceira vaga da chave. Nessa disputa, o Universitario levou a melhor. Com um sonoro 4×0 frente ao rival na quarta rodada, o time praticamente garantiu sua passagem para a fase seguinte, enquanto os celestes se lamentavam pela lanterna do grupo.
5º – Colo Colo x Universidad Católica – 16 jogos
O duelo pode não constar entre as maiores rivalidades do Chile, mas cresceu muito em importância por conta dos encontros constantes entre os dois times na Libertadores, principalmente na década de 90. Em uma análise dos 16 confrontos disputados, percebe-se uma ligeira vantagem dos Caciques do Colo-Colo, com seis vitórias no retrospecto geral. A Católica triunfou por cinco vezes, e outros cinco empates aconteceram. As equipes se enfrentaram em 1967, 1988, 1990, 1992, 1997, 1998 e 1999.
Confronto em destaque: O único confronto entre os dois times na fase de mata-mata aconteceu nas quartas de final de 1997, repetindo o duelo que já havia acontecido na fase de grupos daquele ano. Na partida de ida, com mando dos Cruzados no Estádio Nacional de Santiago, os donos da casa venceram por 2×1. Liderados pelo artilheiro Basay e o meio-campista Sierra, o Colo-Colo conseguiu reverter a vantagem na partida de volta, aplicando um 3×1 que garantiu a vaga para as semifinais, onde seria derrotado pelo futuro campeão Cruzeiro.
4º – River Plate x Independiente – 17 jogos
O clube de Avellaneda possui uma rixa maior com seu vizinho Racing e com o Boca Juniors, mas quando o assunto é confronto direto em Libertadores, a história com o River Plate é longa. São 17 embates ao todo, com retrospecto bastante favorável aos Millionarios, que conquistaram sete vitórias. O Rei de Copas venceu apenas dois desses duelos, além de oito empates. Os jogos tiveram lugar em 1966, 1976, 1978, 1987, 1990 e 1995.
Confronto em destaque: Os dois times se enfrentaram nas quartas de final da Libertadores de 1990. O Independiente tinha a vantagem de fazer o segundo jogo em casa, mas o River conseguiu fazer valer sua força no Monumental de Nuñez para abrir 2×0 no primeiro jogo, com gols de Berti e Serrizuela. Na volta, jogando com o regulamento debaixo debaixo do braço, o time de Buenos Aires conseguiu segurar um empate por 1×1 que o colocou na semifinal, onde seria derrotado pelo Barcelona de Guayaquil.
3º – Boca Juniors x River Plate – 22 jogos
O Superclássico argentino é figura carimbada no torneio continental. Os times que se enfrentam nesta quinta-feira já protagonizaram 22 jogos na história da Libertadores, com a balança pendendo a favor dos xeneizes no retrospecto. Foram 10 vitórias do time azul e dourado, contra seis do River e outros seis empates. Além da vantagem nos números absolutos, os torcedores do Boca ainda podem se orgulhar por terem eliminado os rivais nas duas últimas vezes em que os times se enfrentaram na fase de mata-mata, em 2000 e 2004. Outros confrontos aconteceram nas edições de 1966, 1970, 1977, 1978, 1982, 1986 e 1991.
Confronto em destaque: A semifinal de 2004 provavelmente é o clássico mais lembrado entre as equipes. A Bombonera foi o palco do jogo de ida, onde Schiavi marcou o gol da vitória do Boca em um duelo violento, que contou com três expulsões. Na partida de volta, no Monumental de Nuñez, Lucho González colocou o River na frente no começo do segundo tempo, quando o Boca tinha um jogador a menos (Vargas havia sido expulso). Mas os Millionarios veriam sua vantagem numérica acabar rápido, após a expulsão de Sambueza e uma lesão de Rojas. Aos 44 minutos da etapa final, Carlitos Tevez empatou a partida e comemorou imitando uma galinha para provocar o adversário, e também acabou indo para o chuveiro mais cedo. Quando a vaga parecia certa para o lado azul de Buenos Aires, Nasuti pôs o River à frente mais uma vez, levando a decisão para os pênaltis. Abbodanzieri pegou a cobrança de Maxi López e colocou o Boca na final.
2 – Olimpia x Cerro Porteño – 32 jogos
Protagonistas da maior rivalidade do futebol paraguaio, Olimpia e Cerro Porteño já levaram o clima de tensão do clássico para a Taça Libertadores em 32 oportunidades. Se no plano geral o retrospecto é equilibrado, com 144 vitórias para cada lado, na Libertadores o Olimpia costuma levar a melhor. O Decano venceu 11 partidas, contra 9 do Cerro, e 12 empates. A maior parte dos confrontos aconteceu pela primeira fase da Libertadores, mas em 1991 e 1993 os times também se enfrentaram na fase de mata-mata, com uma classificação para cada lado. Outros duelos aconteceram em 1974, 1975, 1981, 1988, 1990, 1994, 1995, 1996, 1998 e 1999.
Confronto em destaque: O embate nas quartas de final de 1993 traz doces lembranças para a “Metade mais Um” do Paraguai. O lendário estádio Defensores del Chaco recebeu os dois jogos que definiriam uma vaga para a próxima fase. Na primeira partida, o 1×1 deixou tudo em aberto e sem vantagem para nenhum dos lados, já que o critério do gol qualificado não existia. Na volta, um jogo truncado que terminou em 0x0, levando a decisão para os pênaltis. Foi aí que brilhou a estrela do goleiro colombiano Mondragon, que além de converter a primeira cobrança da série defendeu um dos chutes do Olimpia. O Cerro, que contava ainda com Chiqui Arce, chegava às semifinais, onde seria derrotado pelo futuro campeão São Paulo.
1- Peñarol x Nacional – 38 jogos
Os dois gigantes uruguaios mostram sua grandeza e tradição também na Copa Libertadores. Não chega a ser uma surpresa que este seja o clássico mais frequente da história do torneio, já que reúne também os times que mais participaram da competição. São nada menos que 42 edições disputadas por cada lado. As estatísticas apontam vantagem para o Peñarol, com 13 vitórias. O Nacional venceu em 10 ocasiões, enquanto 15 duelos terminaram empatados. Para se ter uma ideia do quanto esse jogo é recorrente, é bom frisar que o embate se repetiu em nove Libertadores seguidas, de 1966 a 1974. Outros confrontos aconteceram em 1962, 1976, 1979, 1981, 1983, 1997 e 1998.
Confronto em destaque: Os dois times caíram na mesma chave no triangular semifinal da Libertadores de 1983, juntamente com o San Cristóbal, da Venezuela, que acabaria com a lanterna do grupo. No primeiro confronto entre os rivais, o Peñarol venceu por 2×0, com gols de Diogo e Silva. O segundo duelo seria decisivo, com os carboneros tendo a vantagem do empate. Luzardo marcou para o Nacional, mas de nada adiantou. Com gols de Salazar e Aguirregaray (contra), o Peñarol fez 2×1 e classificou-se para a final daquele ano, onde seria derrotado pelo Grêmio.