Para quem é apaixonado por futebol, é possível não se lembrar da famosa “dança” de Roger Milla ao comemorar os gols? Pois é. Difícil esquecer um jogador tão carismático e que entrou para a história do futebol. Hoje essa lenda do futebol completa 64 anos, e nada mais justo do que contar um pouco da história de um dos maiores craques que o futebol africano já viu.
O começo da carreira de Roger Milla não foi fácil. Vivia mudando de casa por conta da profissão do pai. Porém, quando estava com 13 anos, iniciou sua jornada futebolística no Eclair de Douala-CMR. Foram 61 jogos e seis gols marcados entre os anos 1965-1970. Já com 18 anos, assinou contrato com o tradicional Léopard de Douala-CMR.
Conquistou por duas vezes o Campeonato Camaronês. Na equipe, mostrou o seu faro de gol. Marcou 89 em 117 confrontos. O atleta fez parte do elenco do Léopard entre 1971 e 1974. Ainda neste ano, acertou com outra equipe camaronesa, o Tenerre Yaoundé, onde conquistaria mais títulos e mais visibilidade, e também seria artilheiro.
Roger Milla despertaria o interesse do francês Valenciennes, que o contraria em 1977, após incríveis 69 gols em 87 partidas. Mas sua jornada no futebol francês não seria de sucesso como em sua terra natal. No Valenciennes, figurou no banco de reservas, marcando seis gols em 28 partidas.
Desta maneira, em 1979, acertou com o Monaco, mas também ficaria no banco de reservas e sofreria com lesões. Em 1980, trocou novamente de clube, desta vez pelo Bastia-FRA. Foram 35 gols em 113 partidas. Muito pouco para um atleta do nível de Milla.
Em 1984, chegou ao Saint-Étienne-FRA, onde teve números melhores. Em 59 jogos disputados, anotou 31 gols. Depois, em 1986, já com 34 anos, foi contratado pelo Montpellier-FRA, onde ficou por três temporadas, fazendo 37 gols em 95 jogos. Ele ainda passaria pelo desconhecido JS Saint-Pierroise até voltar a Camarões em 1990, onde jogou novamente pelo Tonnerre Yaoundé até 94, viajando para a Indonésia onde jogaria até encerrar a carreira.
Roger Milla não obteve tantas glórias jogando por clubes, apesar de ter marcado um número considerável de gols. Seus feitos grandiosos se encontram na seleção de Camarões. Ele foi o grande responsável por levar Camarões até a Copa de 1982, marcando seis gols nas Eliminatórias Africanas. Não anotou um gol sequer no Mundial, mas conseguiu mostrar o seu estilo de jogo e o de sua nação. E ele não ia parar por aí.
Em 1984 e 1988, Milla foi o protagonista das conquistas de Camarões na Copa das Nações Africanas. Em 1984, ajudou Camarões a ser campeão na vitória por 3 a 1 sobre a Nigéria na decisão. Em 1986, outra final para a equipe de Milla, que acabou perdendo para o Egito nos pênaltis. Ele foi artilheiro daquela edição com seis gols.
A redenção – e o bi – viria dois anos depois e novamente diante da Nigéria, numa vitória magra, suada, por 1 a 0. Era o melhor momento da história da seleção de Camarões, que vinha forte para a Copa do Mundo de 1990.
Foi o Mundial de 90 que popularizou o Leão de Yaoundé. Não só pelos quatro gols marcados e as suas inusitadas e engraçadas comemorações. Mas por ser um dos grandes responsáveis por levar a seleção de Camarões até as quartas de final da competição, feito inédito para uma seleção africana até então. Vale lembrar que ele tinha 38 anos naquela época.
E a seleção poderia até ter ido mais longe, mas no confronto diante da Inglaterra, vacilou. Começou perdendo de 1 a 0, gol de Platt aos 25 minutos do primeiro tempo. Contudo, já no segundo tempo, Kundé, outra estrela camaronesa, empatou de pênalti aos 16. A virada aconteceria quatro minutos depois, com Ekélé. Camarões era melhor, já era dado como classificado, mas um pênalti mudou toda a história. Lineker empatou o confronto aos 38, levando a partida para a prorrogação.
No tempo extra, outro pênalti para a Inglaterra, e Lineker virou o duelo, classificando a Inglaterra às semifinais. Entretanto, Camarões já tinha cravado seu nome na história e Milla seria finalmente reconhecido, mesmo com a idade avançada. Ele seria premiado pela segunda vez como Melhor Jogador Africano da temporada e também entraria para o Time dos Sonhos da Copa de 90.
Na Copa de 94, Camarões caiu no grupo do Brasil – que conquistaria o Tetra naquela edição – e foi eliminado logo na fase de grupos. Contudo, Milla, mais uma vez, entrava para a história. Com 42 anos, ele marcou contra a Rússia e aumentou sua marca como o jogador mais velho a fazer um gol numa Copa do Mundo. Pouca estrela?
Roger Milla se aposentou aos 45 anos, em 1997. Seu feito, o de sua seleção, deu mais visibilidade ao futebol africano, que evoluiu e muito com os anos.