Um conto de fadas tucumano

Um conto de fadas tucumano

Há 10 anos, a terceira divisão. Há três, o acesso à elite. Agora, as quartas de final da Libertadores

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Atlético Tucumán Libertadores 2018
Atlético Tucumán celebra classificação no Atanasio Girardot (Foto: Reprodução/Diario El Informe)

Muitos eventos no futebol podem ocorrer dentro de três anos. Nesse intervalo de tempo, por exemplo, carreiras mudam completamente de direção, hegemonias encontram seu fim e legados históricos são pavimentados. O Atlético Tucumán se encaixa no último quesito. Em novembro de 2015, o Alambrado noticiava o retorno do Decano à elite argentina. Hoje, o clube do norte do país está entre os oito melhores da América do Sul.

Na primeira ocasião, o quadro era comandado pelo técnico Juan Manuel Azconzába e garantiu o título da segunda divisão nacional com uma goleada por 5×0 sobre o Los Andes. Desde então, os tucumanos vêm obtendo resultados cada vez mais expressivos. Em 2016, ficaram no terceiro lugar de seu grupo no Argentino (quinto no geral) e foram de modo inédito à Libertadores. Em 2017, protagonizaram histórias pra lá de insólitas.

Debutando em competições internacionais, sob a batuta de Pablo Lavallén, a equipe albiceleste se atrasou para o jogo da fase preliminar diante do El Nacional, no Equador, sofreu com ameaça de W.O., viajou de escolta policial a toda velocidade até o estádio, pegou emprestado o uniforme da Argentina, que jogava o Sul-Americano Sub-20 no país, e ainda venceu (chegaria à fase de grupos e mais tarde jogaria a Sul-Americana).

No mesmo ano, das mãos de Ricardo Zielinski, foi finalista da Copa Argentina, o que lhe garantiu nova participação na Libertadores, desta vez diretamente na fase de grupos. Embora tenha tido um começo ruim – derrota em casa para o Libertad e outra frente ao Peñarol no Uruguai -, o Decano se reabilitou e foi vice-líder com dois triunfos sobre o The Strongest, uma vitória contra o Peñarol e um empate a zero no Paraguai.

Nas oitavas de final, contou com a força do Estádio Monumental José Fierro para vencer por 2×0 o Atlético Nacional, que, a propósito, ilustra bem o início destas linhas e serve como contraponto, afinal, o Verdolaga está longe do brilho que o consagrou em 2016. Em Medellín, os anfitriões ganharam por 1×0, mas o resultado não foi o suficiente para eliminar o adversário, que agora enfrentará o Grêmio, atual campeão da América.

Representante do interior argentino, o Atlético Tucumán não desfruta de um elenco estrelado, nem de recursos iguais aos das grandes potências. Há pouco tempo, sequer acumulava presenças em torneios internacionais, como já foi dito. Mas tem um projeto sólido, uma torcida que faz loucuras e exerce grande pressão em seus domínios, um dos trunfos inegáveis do Decano. Nessa simbiose, eles continuam fazendo história.

Se o time do norte dará outro grande passo e adicionará ainda mais façanhas ao seu currículo, ainda é cedo para saber. Fato é que depois de uma classificação agônica para as quartas de final os tucumanos vivem um momento ímpar em sua existência centenária e, para quem já derrubou tantos prognósticos, nada os impede de sonhar.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.