No Parque Central, árbitros não podem usar as cores do Peñarol

No Parque Central, árbitros não podem usar as cores do Peñarol

"Enquanto eu estiver aqui, isso não irá acontecer", disse assessor e representante do Nacional

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Amarelo e preto não! Trio de arbitragem precisou trocar o uniforme em jogo da Libertadores (Foto: Divulgação/Nacional/Alejandro Aparicio)

Os símbolos são indiscutivelmente muitos fortes no futebol e nos ajudam a criar nossa identidade dentro do referido meio. Embora muitos se esforcem dia e noite para desconstruí-la com uniformes de tonalidades randômicas, como critica em seu blog o ilustre Douglas Ceconello, ainda há quem resista e tente preservar suas origens. Isso inclui, de forma natural, a rejeição a tudo que faça referência aos arquirrivais.

O Corinthians, por exemplo, tentou ao máximo evitar o uso do verde durante a construção de sua arena. Por esse motivo, a construtora responsável pela obra em Itaquera precisou importar vidros internos extraclaros para que o objeto não lembrasse a cor do Palmeiras. Houve até estudos para implementação de um gramado preto ou cinza, mas o projeto não foi adiante devido à inviabilidade de funcionamento de uma grama de outra cor.

É possível citar inúmeros casos. O Grêmio barrou o vermelho da Coca-Cola no patrocínio de seu uniforme e nos copos de plástico do saudoso Olímpico. Na Turquia, a torcida do Besiktas fez tanta pressão que o McDonald’s teve de usar preto e branco em sua fachada, abandonando o vermelho e o amarelo (do Galatasaray). Já o Ceará se desentendeu com a Wilson em função das cores do Fortaleza. Agora, a bola da vez é o Nacional-URU.

O clube de Montevidéu não permitirá que os árbitros responsáveis por dirigir jogos no Parque Central vistam camisa amarela e calção preto, tonalidades clássicas do Peñarol. A informação foi confirmada pelo representante e assessor do Nacional, Guillermo Pena Fernández, que revelou ter feito essa cobrança para o trio de arbitragem peruano que conduziu o jogo da última quarta-feira (2), contra o River Plate, pela Copa Libertadores.

Segundo declarações de Fernández ao programa Pasión Tricolor, o juiz Victor Carrillo e seus auxiliares, Yonny Bossio e Raúl López Cruz, iriam a campo trajando uniformes aurinegros. Foi quando o assessor interveio e explicou-lhes que aquelas eram as cores do arquirrival e poderiam gerar interpretações equivocadas e até mesmo atos violentos. Então, eles usaram camisas vermelhas.

“Bom, enquanto eu estiver aqui, isso não vai acontecer [de novo]”, respondeu Fernández, quando lhe disseram que árbitros já haviam vestido amarelo e preto no Parque Central.

Mas a mudança de roupa não impediu críticas por parte da torcida local. O motivo? Na metade do segundo tempo, a bola chutada pelo atacante Leandro Barcia acertou o travessão, ultrapassou a linha do gol e saiu. Porém, o bandeira Raúl Cruz não validou o tento dos anfitriões, que empataram sem gols e têm dois pontos em duas rodadas.

Polêmicas à parte, é revigorante notar que ainda haja quem defenda seus valores em um esporte amplamente tomado por práticas mercadológicas que desprezam a tradição. Mesmo que seja por meio de gestos simples e aparentemente bobos, como evitar referências às cores do rival.

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