No mundo das barras bravas: a polêmica história da La 12

    No mundo das barras bravas: a polêmica história da La 12

    Um livro bombástico que expõe vários problemas e relações políticas existentes no mundo das barra bravas

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    A torcida do Boca Juniors é conhecida no mundo inteiro por seu fanatismo e pela pressão que exerce dentro do Estádio “La Bombonera”, cujo nome oficial é Alberto Jacinto Armando, em homenagem ao ex-presidente do clube. Por outro lado, são poucos os que sabem das relações de poder por trás da “La 12”, a principal barra brava dos xeneizes.

    Este foi justamente o assunto investigado pelo jornalista argentino Gustavo Grabia, que o publicou em um livro-reportagem. As 208 páginas de “La Doce: a explosiva história da torcida organizada mais temida do mundo” (Panda Books, 2012) servem tanto para o leitor interessado pelo tema como para especialistas que estudam a violência no futebol.

    Por meio de uma detalhada pesquisa histórica, Grabia relata a origem dos problemas relacionados à agressividade entre torcidas no país e explica a evolução da famosa barra “boquense”, que vivenciou briga entre seus próprios líderes, construiu vínculos com políticos, policiais e a justiça, conseguindo mantê-los ao longo do tempo.

    La Doce
    Livro apresenta fatos que mostram as relações da barra brava “boquense” (Foto: Divulgação)

    Infelizmente, nem só de festa é composto o futebol, embora o milionário negócio movimentado pela La Doce financie caravanas ao interior e bandeirões, por exemplo. Além do espetáculo nas arquibancadas, há cobranças em cima de dirigentes do clube, acirramento de rivalidades, lavagem de dinheiro, enfrentamentos e inclusive mortes.

    A impunidade, porém, não dura para sempre, e a prisão de Rafael Di Zeo, ilustre chefe da barra brava do Boca, mostra-nos isso. Da mesma maneira, sua ausência dos estádios na época em que ele foi detido também nos coloca diante de outra situação complicada, pois Di Zeo assegura que o problema é estrutural: os negócios, acima de tudo, envolvem muitos tubarões, não só peixes pequenos.

    Em uma passagem que sintetiza todo o livro, ele faz uma análise pertinente. “Vocês acham que comigo preso a violência vai terminar? Vocês acham que se nos juntarem em uma praça e nos matarem, a violência vai acabar? Não, não vai terminar nunca. Sabe por quê? Porque isso é uma escola. É herança, herança e herança [grifo nosso]. Vem desde 1931 e seguirá sempre. Porque o futebol é assim. Nós não geramos a violência, ela apenas acontece”, explicou.

    Para concluir, voltamos ao início do livro – ironicamente. O jornalista Mauro Cezar Pereira, comentarista dos canais ESPN, escreve no prefácio que o futebol é ruim com as torcidas organizadas, mas ainda pior sem elas. O futebol, sem festa e sem povo, não existe. Só que, com tantos crimes e violência, algo precisa ser feito. Impunidade não é a solução.

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