Na segundona uruguaia, a luta é pela sobrevivência

Na segundona uruguaia, a luta é pela sobrevivência

Clubes tradicionais arrastam dívidas e passam repetidos sufocos para disputar a divisão de acesso nacional

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Reforma no Estádio do Progreso
Progreso vive complicada situação financeira, mas conseguiu saldar dívida em cima da hora  (Foto: Divulgação)

A situação não chega a ser incomum no universo da bola, mas impressiona pela frequência, sobretudo no Uruguai. Alguns times que hoje participam da segunda divisão local estão longe de disputar o ascenso à máxima categoria do futebol charrúa. Os exemplos mais recentes envolvem Rampla Juniors e Tacuarembó, ambos rebaixados na última temporada, além do quase centenário Progreso, campeão nacional em 1989.

Endividados, os três clubes atravessam um momento financeiro bastante complicado e por pouco não conseguiram se inscrever na vigente edição do torneio nacional, que teve início sábado passado (24). No começo do dia anterior, prazo final para quitar dívidas e se regularizar junto à Associação Uruguaia de Futebol (AUF), o Rampla precisava de US$ 200 mil, o Progreso, de US$ 135 mil, e o Tacuarembó, de US$ 41 mil.

Segundo informações publicadas pelo jornal El Observador, as duas primeiras instituições, até o começo da sexta-feira (23), haviam arrecadado metade do valor de seus respectivos débitos, enquanto o Tacuarembó, que pensava ter US$ 25 mil assegurados em virtude de pagamentos de televisão, viu esse quantia retida em decorrência de antigas dívidas, o que chegou a ameaçar sua presença no certame.

Os recursos encontrados para solucionar os problemas de origem econômica foram diversos. Dirigentes e pessoas próximas ao Rampla rifaram um carro a US$ 100 o número com o objetivo de reunir dinheiro até o encerramento das atividades da AUF. Em outros casos, houve tentativas de vender jovens talentos e busca por investidores estrangeiros.

Ademais, renegociar antigas dívidas e salários de acordo com a atual conjuntura do clube, diminuir o plantel e contar com ajuda dos próprios torcedores também foram meios de contornar a crise. O Rocha, por exemplo, já pediu auxílio aos seus hinchas anteriormente, enquanto o Deportivo Maldonado agora é gerenciado por um grupo inglês.

No final das contas, Rampla, Tacuarembó e Progreso saldaram suas dívidas. Inclusive, o Progreso venceu sua estreia no grupo A diante do Canadian, fora de casa, em Palermo, por 1 a 0. O Rampla recebeu o Villa Española no Estádio Olímpico e empatou em 2 a 2. Já o Tacuarembó teve a rodada livre e enfrentará o Villa Española na condição de local.

O objetivo em comum entre os times, na atualidade, é ir a campo e representar suas cores, mesmo que não haja médicos durante algumas partidas ou até mesmo ônibus disponíveis para deslocar os jogadores. Às vezes, o planejamento inclui a chegada à cidade no mesmo dia do jogo para economizar dinheiro com hospedagem.

Ao se repetir ano após ano, a agônica situação desses clubes parece infindável. Eles buscam recursos para manter as portas abertas e poder disputar uma temporada mais, sempre com o indispensável apoio de seus seguidores. Vivem na pele o drama de vender o almoço para pagar o jantar. Hoje, eles têm comida para sobreviver, mas e amanhã?

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