Momentos em que a Liga dos Campeões teve cara de Libertadores

Momentos em que a Liga dos Campeões teve cara de Libertadores

Relembre alguns momentos inusitados de um dos torneios mais prestigiados do mundo

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Estádios lotados com um público sentado em cadeiras confortáveis. Gramados milimetricamente regulares, em que a bola corre sem muitos obstáculos. Dezenas de câmeras espalhadas por todos os lados, prontas para captar qualquer gota de suor que escorra da testa dos craques.

Todos esses aspectos fazem a Liga dos Campeões da Europa ser considerada uma das competições mais prestigiadas do mundo da bola, conquistando admiradores em diversos cantos e fazendo muita gente por aí se arrepiar quando ouve o coro cantar “the chaaaampions…”.

De fato, o torneio costuma ser exaltado pelo alto nível técnico (proporcionado pelos esquadrões milionários) e pelo grau profissional de organização, mas em alguns momentos o luxo fica de lado e a tensão dentro de campo toma conta do jogo, provocando situações típicas de uma Copa Libertadores.

São as chamadas “cenas lamentáveis”, quando a bola vira um mero detalhe e o público tem a chance de ver uma potencial batalha campal, provocações e descomposturas em geral. Para entrar no clima do torneio, que tem início na próxima semana, relembre com o Alambrado algumas dessas cenas:

Adriano x Marco Caneira

Parecia ser apenas mais um jogo comum de fase de grupo quando Internazionale e Valencia entraram em campo pela Liga dos Campeões de 2004, no estádio Giuseppe Meazza. Mas com o Valencia correndo sério risco de eliminação precoce, os jogadores espanhois resolveram usar uma tática não tão criativa: provocar o craque adversário.

Algo que pode dar certo com muitos jogadores acostumados a sucumbir à pressão e se omitir em momentos de decisão. Só que o tal craque adversário não era qualquer um, e sim Adriano, que não estava acostumado a levar desaforo pra casa.

Atormentado a partida inteira por seu marcador dedicado, o português Marco Caneira, o Imperador foi perdendo a paciência até explodir em fúria no final do jogo, que terminou 0x0. Após ter a camisa puxada e tomar um tapa no rosto, Adriano reagiu com uma espécie de soco duplo, nocauteando o rival instantaneamente.

O episódio fez com que o atacante fosse punido pela UEFA por dois jogos, retornando apenas nas oitavas, contra o Porto. O Valencia acabaria sem a vaga e com um de seus marcadores vendo estrelas por um bom tempo. Mas os conflitos entre os dois times não iam parar por aí…

Valencia x Inter – A Revanche

Pouco mais de dois anos depois, em março de 2007, as duas equipes voltariam a se encontrar, dessa vez pelas oitavas de final da Liga. Após um empate por 2×2 no Giuseppe Meazza, o Valencia tinha a vantagem do empate sem gols no estádio Mestalla, e assim ocorreu.

Logo depois do apito final do árbitro, o zagueiro Carlos Marchena se aproximou de uma aglomeração de jogadores da Inter e começou a trocar insultos com o argentino Burdisso. A troca de farpas acabou se transformando em briga quando o espanhol deu um chute no argentino, que ficou furioso.

Enquanto os atletas da equipe italiana (inclusive Ibrahimovic e Materazzi, quem diria…) tentavam conter seu companheiro, o zagueiro David Navarro, que havia ficado no banco durante todo o jogo, desferiu um soco covarde em Burdisso, provocando um nariz quebrado.

Aí a briga só aumentou, com Navarro tendo que correr para escapar de chutes de Zanetti, Córdoba e até mesmo do brasileiro Maicon, chegando enfim ao vestiário de sua equipe. O veterano goleiro Francesco Toldo ainda tentaria invadir o vestiário do Valencia, sem sucesso.

A confusão rendeu seis meses de suspensão para Navarro, que ficou impedido de participar de jogos oficiais de competições europeias no período.

Manchester United x Chelsea

Até mesmo as finais de Liga dos Campeões estão sujeitas a momentos pitorescos. Na edição de 2008, por exemplo, a tensão criada pela disputa ferrenha entre Manchester United e Chelsea acabou provocando uma confusão generalizada.

O jogo já estava na prorrogação, quando o argentino Carlitos Tévez dividiu uma bola de forma dura com John Terry, capitão adversário. O inglês foi pra cima do “Apache” cobrando satisfações, acompanhado por seus colegas Ballack e Lampard.

O tumulto só aumentava conforme um número maior de jogadores se aproximava, alguns da turma do “deixa disso”, outros querendo arrumar mais problemas.

Didier Drogba fazia parte deste segundo grupo. Depois de discutir com vários rivais, o marfinense deu um tapinha no queixo do zagueiro sérvio Vidic, o que fez com que a briga se dividisse em mais grupos.

Depois que a arbitragem conseguiu acalmar os ânimos, o pior acabou sobrando pra Drogba, único dos envolvidos a receber o cartão vermelho. Assim, o Chelsea ficava com um jogador a menos para o resto da prorrogação, além de não poder contar com um de seus principais batedores de pênalti para a disputa que viria. Não deu outra: título dos Red Devils.

Simeone x Varane

Diego Simeone nunca foi considerado um sujeito muito dócil no mundo do futebol. O estilo competitivo e passional do argentino continuou fazendo parte de sua personalidade também na carreira de técnico, algo que pôde ser visto na final da Liga dos Campeões de 2014.

Seu time, o Atlético de Madrid, tinha o título nas mãos até os 44 do segundo tempo, quando Sergio Ramos fez o gol de empate do Real Madrid, levando o jogo para a prorrogação. No tempo extra, com os jogadores exaustos, o Atlético não suportou a pressão rival e sucumbiu por 4×1.

Instantes após o quarto gol, o zagueiro francês Raphael Varane chutou uma bola na direção do treinador, que ficou furioso e partiu em direção do jovem defensor. Varane, assustado, correu para o refúgio de seus companheiros, que tentavam protegê-lo de Simeone.

Nem mesmo os esforços do compatriota Di María pareciam suficientes para conter “El Cholo”, que considerou um desrespeito a atitude do adversário. Simeone acabaria expulso pelo árbitro, mas antes de abandonar o campo ainda faria a tradicional ameaça “te pego lá fora”.

Gattuso x Joe Jordan

Quando o assunto é encrenca no futebol europeu, não há como não lembrar de Gennaro Gattuso. Ídolo do Milan, o volante italiano sempre foi mais conhecido pela valentia e o perfil briguento do que por qualquer atributo técnico.

O que esperar, então, quando alguém como Gattuso encontra alguém com o comportamento parecido com o seu? Briga, claro. E foi o que aconteceu em 2011, no jogo de ida das oitavas de final entre Milan e Tottenham, no estádio San Siro.

Após o árbitro encerrar a partida, vencida pelos ingleses por 1×0, o tumulto começou, aparentemente sem motivo. O que se sabe é que Gattuso passou em frente ao banco de reservas do adversário com os nervos à flor da pele e pronto pra briga.

Foi aí que apareceu Joe Jordan, auxiliar técnico de Harry Redknapp no Tottenham e antigo bad boy nos seus tempos de atleta, quando chegou a defender as cores do próprio Milan.

Depois de uma acirrada discussão cara a cara, o italiano acertou um tapa no rosto do inglês, sem se importar com sua idade avançada. Jordan precisou ser contido para não revidar e chegou a tirar os óculos para mostrar que o negócio era sério.

Quando o assunto parecia terminado, os dois se aproximaram novamente, dessa vez com Gattuso acertando uma cabeçada e querendo ir pra cima em busca de mais.

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