Inimigos íntimos: Duelos que se repetiram dentro de uma mesma Copa

Inimigos íntimos: Duelos que se repetiram dentro de uma mesma Copa

Bélgica e Inglaterra entram para o grupo de times que se enfrentaram duas vezes em um Mundial

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Romário decidiu os confrontos contra a Suécia em 1994 (Foto: Reprodução)
Romário decidiu os confrontos contra a Suécia em 1994 (Foto: Reprodução)

Neste sábado, em São Petersburgo, Bélgica e Inglaterra se enfrentam na disputa pelo terceiro lugar da Copa do Mundo. Além de uma espécie de prêmio de consolação e da disputa direta pela artilharia do torneio entre Harry Kane e Romelu Lukaku, a partida não parece ter muitos atrativos, além do fato de ser um duelo repetido.

As duas seleções já duelaram na primeira fase, em um jogo pouco agitado e repleto de reservas que terminou com vitória belga por 1×0, gol de Januzaj. Apesar da curiosidade, essa não é a primeira vez na história dos Mundiais que duas equipes se enfrentam mais de uma vez dentro do mesmo torneio. Relembre outros duelos “repetidos” das Copas:

1934

As disputas de pênalti só foram introduzidas como forma de desempate na Copa do Mundo de 1978, e a primeira delas só ocorreria no Mundial seguinte, em 1982. Por conta disso, até a Copa de 1974 a única maneira de definir o vencedor após empates no tempo normal e na prorrogação era o jogo-desempate.

Foi isso que aconteceu com Itália e Espanha nas quartas de final da Copa de 1934. Os times haviam empatado por 1×1 no tempo normal e a prorrogação terminou sem gols. Para definir o semifinalista, tiveram que entrar em campo novamente no dia seguinte, quando finalmente o italiano Guaita deu a vitória por 1×0 aos donos da casa, marcando a primeira vez que dois times repetiam um duelo na história do torneio.

1938

A Copa do Mundo de 1938 teve vários duelos repetidos. Com 16 times se enfrentando em mata-mata até a final, o torneio teve dois empates logo nas oitavas. Primeiro, Alemanha e Suíça empataram em 1×1, e no dia seguinte a desconhecida seleção de Cuba protagonizou um jogo movimentado contra a Romênia, que terminou 3×3.

A FIFA marcou os dois jogos-desempate para o mesmo dia. A Suíça, então, bateu a Alemanha por 4×2 de virada, e os cubanos conquistaram sua primeira e única vitória em Copas até hoje, vencendo a Romênia por 2×1.

Mas os replays não acabariam por aí. Nas quartas de final o Brasil de Leônidas enfrentou a Tchecoslováquia, e a partida terminou empatada em 1×1. Dois dias depois foi jogado o desempate, com vitória brasileira por 2×1. No entanto, o desgaste físico provocado pela partida extra forçou a seleção a poupar jogadores na fase seguinte, contra a Itália, o que culminaria na eliminação.

1954

Outra Copa com vários duelos de “inimigos íntimos”. O regulamento da Copa de 1954 era estranho: Os grupos tinham 4 times cada, mas cada equipe fazia apenas 2 jogos na primeira fase, deixando de enfrentar um dos adversários de grupo. Isso aumentava a possibilidade de empates em pontos.

Isso rendeu uma bizarrice para a Alemanha. Os alemães golearam a Turquia na estreia por 4×1, mas na segunda rodada foram goleados pela Hungria de Puskas, com avassaladores 8×3. Isso fez com que Alemanha e Turquia ficassem empatados na segunda posição do grupo, e obrigados a decidir a vaga no jogo-desempate. Os germânicos golearam novamente, desta vez por 7×2, e seguiram adiante.

Mas a Alemanha ainda teria um outro confronto a se repetir no torneio. Na final, enfrentou novamente a Hungria, largamente favorita ao título. Mesmo saindo atrás por 2×0 e com o peso da derrota na primeira fase sobre as costas, os alemães se superaram e venceram por 3×2, no jogo conhecido como “Milagre de Berna”.

Aquela Copa ainda deve um outro jogo que se repetiu: Itália e Suíça empataram por 1×1 logo na estreia, e precisaram fazer o jogo-desempate para definir a vaga na segunda fase. Com apoio da torcida em Basel, os suíços souberam exercer o mando e venceram por 4×1.

1958

Em 1958, três grupos foram definidos no jogo-desempate. No grupo 1, Irlanda do Norte e Tchecoslováquia chegaram empatadas com 3 pontos cada, depois de uma vitória norteirlandesa por 1×0 contra os tchecoslovacos na estreia. No jogo replay, os britânicos venceram por 2×1 após a prorrogação e ficaram com a vaga.

No grupo 3, País de Gales e Hungria empataram por 1×1 na estreia, e chegaram ao fim das três rodadas com o mesmo número de pontos. Na partida desempate, os galeses levaram a melhor e avançaram de fase com a vitória por 2×1. Já no grupo 4, o desempate precisou ser acionado no duelo entre União Soviética e Inglaterra, que haviam empatado por 2×2 na estreia. No segundo jogo, vitória por 1×0 e vaga para os soviéticos.

1962

Na Copa do Mundo do Chile a final voltaria a ter um duelo entre times que já haviam se enfrentado na primeira fase, algo que já havia acontecido em 1954. E o Brasil voltaria a ser protagonista de uma partida dessas. Já com o status de campeã do mundo, a Canarinho decepcionou na segunda rodada ao empatar com a Tchecoslováquia, tida como terceira força no grupo que ainda contava com a Espanha.

No entanto, a seleção do leste europeu acabou passando de fase junto com o Brasil, e aos trancos e barrancos chegou na final contra o escrete liderado pelo genial Garrincha. Os tchecoslovacos ameaçaram surpreender, abrindo o placar com Masopust, mas o Brasil virou o jogo com gols de Amarildo, Zito e Vavá, garantindo o bicampeonato.

1982

Passariam-se 20 anos até que uma Copa contasse com um jogo repetido entre dois times. Dessa vez, com Polônia e Itália, que se enfrentaram logo na estreia e empataram por 0x0, em Vigo. A Itália avançou para a segunda fase com mais dois empates, contra Peru e Camarões, e depois superou o grupo da morte na segunda fase, eliminando Argentina e Brasil.

Com isso, alcançou a semifinal e reencontrou o forte time polonês, que contava com o craque Boniek e outros bons nomes, como Smolarek e Lato. Nada que assustasse um time que havia eliminado o Brasil. Paolo Rossi se agigantou novamente e marcou os dois gols da vitória italiana por 2×0.

1994

A campanha do Tetra contou com dois duelos dificílimos para a seleção brasileira, contra um mesmo rival: a Suécia. Na última rodada da primeira fase, o Brasil já tinha a primeira posição do grupo garantida, mas foi surpreendido por um gol do gigante Kennet Andersson. Mas na volta do intervalo, Romário empatou o jogo com um icônico gol de bico.

Nas semifinais, as duas seleções voltaram a se enfrentar. Os suecos se defenderam bem durante a maior parte do jogo, mas em um vacilo da defesa o baixinho apareceu livre dentro da área. Bola na cabeça dele, e dele pro gol defendido pelo goleiro Ravelli. O Brasil estava na final

2002

Em 2002 o roteiro foi muito parecido: um duelo surpreendentemente difícil na primeira fase que acabaria se repetindo na semifinal. Dessa vez contra a Turquia, que chegou na Copa desacreditada e acabou se tornando uma das maiores pedras no sapato do Brasil durante aquele Mundial.

Os times se enfrentaram logo na estreia, e Hasan Sas abriu o placar pouco antes do fim do primeiro tempo. Na segunda etapa, Ronaldo empatou o jogo, e depois de uma série de polêmicas e de um pênalti mal marcado, Rivaldo virou o jogo para o Brasil.

Os caminhos voltaram a se cruzar nas semifinais. Como franco atiradora, a Turquia levou perigo ao gol de Marcos, mas não conseguiu abrir o placar. O jogo era nervoso, até que Ronaldo resolveu imitar o Romário de 1994. Carregou a bola pela esquerda, chutou de bico e colocou a bola no cantinho do goleiro Rustu. O 1×0 bastou para garantir a vaga na final contra a Alemanha, deixando o penta bem próximo.

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Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio