Hoje ídolo, Guerrero tenta deixar pra trás o medo de aviões

Hoje ídolo, Guerrero tenta deixar pra trás o medo de aviões

Atacante já teve problemas sérios por conta de fobia

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Guerrero é o maior artilheiro estrangeiro do Corinthians, com 57 gols (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians/Divulgação)
Guerrero é o maior artilheiro estrangeiro do Corinthians, com 57 gols (Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians/Divulgação)

Apesar da polêmica referente à renovação de contrato, o atacante Paolo Guerrero não parece estar sendo abalado por fatores extra-campo. Enfileirando gols decisivos e grandes exibições, o peruano crava cada vez mais o seu nome na galeria de ídolos da história corintiana.

Mas essa passagem vitoriosa poderia ter sido atrapalhada por um motivo curioso, o mesmo que teria sido um dos responsáveis por abreviar a passagem dele pela Alemanha, onde atuou de 2002 a 2012. Destemido na hora de enfrentar os zagueiros adversários, o centroavante tem um obstáculo que o acompanha desde a infância: o medo de viajar de avião.

O trauma de Guerrero é justificável: Em 1987, seu tio José “Caico” Gonzales,  na época goleiro do Alianza Lima-PER, foi uma das vítimas do desastre aéreo que tirou a vida de 43 pessoas, incluindo jogadores e membros da comissão técnica da equipe.

Guerrero, na época mascote do Alianza, posa com o tio, morto em desastre aéreo (Foto: Reprodução/Twitter)
Guerrero, na época mascote do Alianza, posa com o tio, morto em desastre aéreo (Foto: Reprodução/Twitter)

A tragédia abalou o Peru, e não foi diferente com Guerrero, que na época tinha apenas três anos e sentiu o baque e seus efeitos por muito tempo. Em 2010, quando jogava pelo Hamburgo, o atacante falhou por quatro vezes seguidas na tentativa de pegar um voo de Lima para a cidade homônima do clube, onde teria que se reapresentar para a pré-temporada. Por conta da dificuldade, os jornais alemães chegaram a especular que o peruano voltasse para a Alemanha de navio.

Após consultas com psicólogos, o atual artilheiro do Corinthians conseguiu minimizar os efeitos de seu pavor de aviões. Em 2012, durante sua apresentação no alvinegro, ele já se mostrava confiante para enfrentar até as 24 horas necessárias para viajar até o Japão, onde seria disputado o Mundial de Clubes.

Guerrero amedrontado em vôo para os EUA, no início de 2015 (Foto: Reprodução/Instagram)
Guerrero amedrontado em vôo para os EUA, no início de 2015 (Foto: Reprodução/Instagram)

“Tenho um pouco de medo sim, mas estou superando. Estarei lá. Jogar contra o Chelsea seria lindo”, afirmou na época. Ele embarcou, jogou, e o resultado da viagem é lembrado com carinho pelos corintianos até hoje.

Pensar que atletas de alto nível tenham medo de avião, mesmo acostumados a fazer viagens frequentemente para jogar em vários cantos do planeta, pode soar estranho, mas o caso de Guerrero não é inédito no futebol.

Um exemplo emblemático é o do holandês Dennis Bergkamp, jogador cerebral da seleção de seu país e ídolo do Arsenal, que chegou a colocar uma cláusula em seu contrato livrando-o da obrigação de viajar de avião. Na Copa de 94, ele se juntou à delegação nos Estados Unidos depois de uma longa viagem de navio, e em 98, na França, chegou até o país-sede de trem.

O folclore do futebol brasileiro também mostra histórias de jogadores que sofriam do mesmo trauma. Canhoteiro, um dos ídolos do São Paulo na década de 60, teria perdido a chance de disputar uma Copa do Mundo por conta do pavor para ir até a Inglaterra de avião. Além dele, Gérson, Rivelino e Tostão, craques da histórica seleção de 1970, já deixaram claro que só adotavam esse meio de transporte em casos de extrema necessidade.

Com medo ou não, o fato é que Guerrero vive um momento espetacular dentro de campo. E se tudo ocorrer como os corintianos desejam, o peruano vai ter que fazer mais uma longa viagem no final de ano, para talvez buscar mais um título mundial para o clube.

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