Você já viu aqui no Alambrado os jovens aspirantes a estrelas do futebol que disputarão o Grupo A do Sul-Americano Sub-20 no Equador. E agora chega a vez de falar sobre a outra chave do torneio, que reúne dois gigantes e três azarões em busca da vaga na próxima fase. Confira abaixo os destaques do Grupo B:
Argentina
Campeã do Sul-Americano em 2015, com um histórico recheado de revelações e uma fonte inesgotável de talentos, a Argentina já entra automaticamente como favorita em todos os torneios de base que disputa. No entanto, um detalhe importante preocupa os hermanos nesta edição: a desorganização.
Em meio à crise que eclodiu no futebol do país no ano passado, as seleções de base foram praticamente esquecidas.
O time não fez jogos oficiais, além de ter treinado pouquíssimas vezes sob o comando do novo técnico, Claudio Úbeda. A falta de entrosamento e planejamento pode pesar.
Mas não faltam opções dentro de campo para reverter a situação. Começando pelo gol, onde Franco Petroli, do River Plate e Ramiro Macagno, do Atletico Rafaela, disputam o posto de titular em alto nível, tentando acabar com a seca de bons goleiros no país.
A defesa é liderada pelo capitão Cristian Romero, zagueiro firme que atua no Belgrano. Líder natural, será importante para manter a ordem em um setor que certamente sentirá o desfalque de Kevin Mac Allister, lateral-direito do Boca que se lesionou no período de preparação para o Sul-Americano.
No meio, a Argentina conta com seus maiores destaques. Santiago Ascacibar, volante do Estudiantes, alcançou a titularidade da equipe de La Plata mostrando confiança e qualidade surpreendentes para um jovem de 19 anos. Forte e com bom passe, é quem dá sustenção para a equipe.
A parte criativa fica a cargo do habilidoso e arisco Ezequiel Barco, do Independiente. Com apenas 17 anos, parte pra cima dos marcadores sem medo e tem boa visão de jogo, reunindo as qualidades de um clássico “enganche” argentino.
Lucas Rodriguez, do Estudiantes, e Thomas Conechny, do San Lorenzo, são os responsáveis pela velocidade nas pontas, enquanto o centro-avante Lautaro Martinez, do Racing, carrega a fama de homem-gol.
Uruguai
Mais uma vez o Uruguai chega forte em uma competição de base, colhendo os frutos do projeto de Óscar Tabarez para unificação de um estilo de jogo em todas as categorias da seleção. Pupilo de Tabárez, Fabián Coito é o comandante responsável por uma das favoritas no Sul-Americano.
Montada em um 4-4-2 clássico, a Celeste busca um padrão que maximiza as virtudes de seus principais jogadores. Nesse contexto, o grande destaque não poderia ser outro além do talentoso Rodrigo Bentancur, meio-campista de passe refinado que atua no Boca Juniors e já é esperado para desembarcar na Juventus por uma pequena fortuna.
Mas Bentancur não estará sozinho. No setor central, conta com a excelente companhia do bom volante Facundo Waller, do Plaza Colonia, além do habilidoso Nicolás de La Cruz (Liverpool) e canhotinho Rodrigo Amaral (Nacional), que também podem atuar mais avançados.
O setor ofensivo conta com um garoto prodígio, que vem dando o que falar no Uruguai há um certo tempo: Nicolás Schiappacasse, do time B do Atlético de Madrid, lida com a fama desde os 15 anos, quando estreou profissionalmente. Veloz e com faro de gol, é o líder do ataque que conta ainda com Diego Rossi, bom atacante do Peñarol.
A defesa é organizada e deve aguentar bem mesmo contra os rivais mais fortes. O zagueiro Santiago Bueno do Peñarol é o pilar do setor, enquanto Agustin Sant’Anna, lateral direito do Cerro, impressiona pela versatilidade.
Peru
O Peru nunca foi além de um quarto lugar no Sul-Americano Sub-20, e, apesar disso, mantém a esperança de se classificar para o próximo Mundial. No entanto, a fase de preparação não foi muito animadora, com direito a derrotas para Paraguai, Colômbia e até mesmo para o modesto Club Deportivo Municipal.
Parte do insucesso pode ser explicada pelo esquema confuso do time comandado pelo argentino Fernando Norgara, que varia do 3-6-1 para 4-3-3 sem muita organização. Uma coisa nunca muda, porém: o jogo permanece sempre centrado na estrela do time, o atacante Adrián Ugarriza, revelação do Universitario.
Com 1,83 de altura, ele atormenta os zagueiros adversários no jogo aéreo, e briga por cada bola como se fosse a última. É forte nas jogadas de pivô, mas também sabe atacar pelas pontas. Características suficientes para conquistar o status de “novo Guerrero”.
O time busca esticar o máximo de bolas possíveis para Ugarriza, até por conta do baixo nível de intimidade dos defensores com a bola. Os zagueiros Fuentes e Sánchez são sérios, mas não arriscam o passe, e os laterais Andia e López sobem muito ao ataque, embora sem tanta objetividade.
Quando a bola para no meio de campo, o toque de classe fica por conta de Roberto Siucho, meia ofensivo remanescente do Sul-Americano de 2015. Ele é o responsável por colocar a bola no chão e tentar fazer o time jogar.
Venezuela
Você, que acompanha futebol há um certo tempo, já deve ter percebido o quanto a Venezuela evoluiu no futebol nas últimas décadas. E neste Sul-Americano os venezuelanos prometem apresentar a melhor geração de sua história.
O time é comandado por Rafael Dudamel, símbolo de uma época em que a Vinotinto era saco de pancadas em seus tempos de goleiro. Mas Dudamel tem à sua disposição um punhado de bons jogadores que podem, de fato, levar a equipe ao Mundial Sub-20 da Coréia do Sul.
O craque do time é o meio-campista Yeferson Soteldo, do Huachipato-CHI, que marca, distribui o jogo e chega na área como elemento surpresa. Jogador moderno e extremamente importante no 4-2-3-1 montado por Dudamel, Soteldo já foi até lembrado na seleção principal.
Seu principal parceiro no meio é o volante Yangel Herrera. Tranquilo e eficiente, Herrera não conquistou a braçadeira de capitão do time por acaso. É quem dá sustentação e corrige os erros da defesa, ponto fraco da equipe, apesar do ótimo goleiro Wilker Fariñez.
No ataque, o incansável Ronaldo Peña, revelação do time que jogou o Sul-Americano Sub-17 de 2015, é a referência, com bom poder de finalização e muita vontade. No entanto, Peña deve sentir falta de Adalberto Peñaranda, da Udinese, que não conseguiu liberação para o torneio.
Bolívia
Mais uma vez, a Bolívia entra em um torneio Sul-Americano com o mero desejo de não dar vexame. A preparação do time foi turbulenta, com direito a troca de técnico a menos de um mês do início do torneio, e o time não conta com tantos talentos para fazer esse fator passar despercebido.
O atacante Bruno Miranda, da Universidad de Chile, é uma espécie de oásis de talento na equipe. Apesar de sumir do jogo por alguns minutos, pode decidir a qualquer instante graças a suas arrancadas em velocidade ou ao bom posicionamento dentro da área.
Miranda contará com a assistência do meia Ramiro Vaca, que tem bom passe mas pode não render o esperado por estar voltando de lesão. Pelas pontas, Limbert Gutierrez e Marcos de Lima investem nos contra-ataques para criar situações de gol.
Outro bom nome do time é o volante Moises Villarroel, jogador habilidoso que vem deixando sua marca em todas as seleções juvenis da Bolívia. Ao lado de Carlos Rivera, tem a dura missão de proteger a frágil defesa.