Depois de apontar os favoritos e as maiores promessas dos grupos A e B do Mundial Sub-17 na primeira parte do nosso Guia, chega a vez de mostrar tudo o que pode acontecer nas chaves C e D do torneio, que terá início neste sábado (18).
Chance de saber quem pode levar vantagem no temido grupo da morte, ou ver se o rótulo da “Ótima Geração Belga” se confirma também na categoria sub-17. Confira:
Grupo C
Austrália
Talvez a melhor forma de ter um time jogando em um padrão pré-estabelecido seja fazer com que, desde cedo, os jogadores atuem juntos. Usando essa tática, a Austrália montou um time “em laboratório” para chegar longe no Mundial Sub-17.
Dos 21 convocados, 13 são crias do Centro de Excelência da Federação de Futebol Australiana, uma espécie de complexo esportivo localizado em Camberra que tem como propósito abastecer o esporte no país.
Alguns dos principais pilares do time são oriundos do Centro, como o seguro goleiro Dragicevic, o lateral Jackson Bandiera, o habilidoso meia Joe Caletti (capitão) e o oportunista atacante Cameron Joice, artilheiro da equipe.
No entanto, os “Joeys” não se fizeram de rogado ao poder contar com a ajuda externa de dois astros mirins que atuam em terras estrangeiras. É o caso de Panos Armenakas, meia-atacante de raro talento nascido nos EUA e com ascendência grega. Hoje na Udinese, ele decidiu jogar pelo país que o abrigou desde a infância e se tornou um reforço de peso para o torneio.
Outro “gringo” que merece atenção na equipe australiana é Jake Brimmer, que atua no Liverpool. Típico jogador dinâmico, capaz exercer mais de uma função no meio de campo, Brimmer pode ser a válvula de escape que a Austrália precisa para surpreender e se classificar no grupo da morte.
Alemanha
Para um país que pode se orgulhar de ser tetracampeão mundial entre os adultos, a ausência de títulos na categoria sub-17 não deve incomodar, certo? Errado. Na longa galeria de glórias alemãs no futebol, a única taça oficial que não consta é a do Mundial Sub-17, e eles vêm com tudo para conquistá-la.
Para tanto, a Alemanha chega no torneio com um time recheado de jovens talentos, incluindo um dos principais candidatos a craque do Mundial. Trata-se de Felix Passlack, meia veloz e habilidoso do Borussia Dortmund cujo futebol já rende comparações desde cedo com o astro Mario Gotze.
No entanto, Passlack tem um futebol mais versátil que seu “referencial”, algo que o torna capaz de executar tanto as funções do ataque como atuar como um ala-direito. Sua liderança como capitão e eficientes chegadas na área foram fundamentais para garantir à Alemanha uma vaga no Mundial.
O técnico Christian Wuck conta ainda com o entrosamento da dupla formada por Niklas Schmidt, camisa 10 do time, e o centroavante Johannes Eggestein, crias do Werder Bremen que podem fazer a diferença com a química conquistada ainda no clube.
Na defesa, o destaque fica por conta do bom goleiro Fromman e do lateral-esquerdo Erdinc Karakas, importante nas antecipações e nas subidas ao ataque em jogadas de bola parada. Foi de Karakas o gol de honra alemão na final do Europeu Sub-17, um sonoro 4×1 aplicado pela França.
O resultado na decisão expôs algumas fragilidades do time alemão que podem pesar também no Mundial, como a vulnerabilidade da defesa para cobrir os avanços de um time que se baseia quase puramente no ataque. Se a Alemanha souber encontrar uma forma de equilibrar seus setores, desponta como favorita ao título.
México
Se nas categorias principais o México sofre com o rótulo de time que “joga como nunca e perde como sempre”, no Sub-17 a situação é bem diferente. Os mexicanos já conquistaram duas vezes o Mundial da categoria (2005 E 2011), e chegam novamente com um time competitivo nesta edição.
Apesar da tradição de futebol ofensivo, o time conta desta vez com bons valores no campo de defesa. O melhor exemplo é justamente o grande craque desta geração mexicana, o lateral-esquerdo Ulises Torres, do América-MEX.
Seguro defensivamente, Torres também é bom no ataque e costuma ir pra área, onde se destaca no jogo aéreo. Foi o artilheiro da equipe no torneio classificatório da Concacaf, com quatro gols.
Ao seu lado, o zagueiro Joaquín Esquível mostra muita firmeza e dedicação na marcação, com senso de posicionamento e tempo de bola apurados, o que lhe renderam comparações com o ídolo Rafa Márquez.
No meio, o coração do time é o volante Pablo López, que atua tanto na cabeça de área como na ligação das jogadas com o campo de ataque. Suas subidas são cobertas por outro volante, Alan Cervantes, uma espécie de pitbull da equipe mexicana.
Na frente, a mobilidade do atacante Claudio Zamudio, do Morelia, pode desmontar as defesas adversárias e ser um fator diferencial para o México.
Argentina
Maior campeã do Mundial Sub-20, a Argentina tenta neste ano conquistar pela primeira vez o maior título da categoria Sub-17. Para isso, os hermanos comandados pelo técnico Miguel Angel Lemme esperam tirar o máximo de proveito da mescla entre talento e disposição.
A equipe joga num 4-3-3 bastante flexível, que dependendo da necessidade do jogo pode ser alterado para 4-4-2 ou 3-5-2. Muito por conta da polivalência de atletas como Matías Escudero, lateral do Racing que também pode jogar como volante.
Ainda no setor defensivo, vale destacar a segurança do goleiro Franco Petroli, do River Plate, e do zagueiro Facundo Pardo, que compensa a lentidão com boa colocação na área e muita impulsão para ganhar as disputas aéreas.
Gianluca Mancuso, do Vélez, e Lucas Ferraz Vila, do River, ajudam a dar consistência para o meio de campo da equipe, permitindo que o talento de um trio de jogadores habilidosos do San Lorenzo possa decidir para os argentinos.
Criativo, o meia Pablo Ruiz é o cérebro da equipe, ditando o ritmo do jogo pelo centro ou caindo pelos lados para tabelar com German Berterame e Tomás Conechny, seus companheiros no clube de Almagro.
Conechny é o jogador com futebol mais vistoso da equipe. O drible fácil e as corridas em direção ao gol foram suas marcas no Sul-Americano Sub-17, quando se sagrou artilheiro da Argentina com cinco gols. Junto com o grandalhão Matias Roskopf, do boca Juniors, forma uma parceria interessante que deve atormentar os rivais.
Grupo D
Bélgica
A ótima geração belga tem mais um torneio para mostrar que a evolução constante no futebol do país não é passageira. Se no profissional o sucesso é grande, as categorias de base não ficam devendo em nada.
Embalados pelas novas joias que surgem nesse momento privilegiado, a ordem do técnico Bob Browaeys é clara: chegar o mais longe possível. Sem tradição na categoria, a única participação belga aconteceu em 2007. Nem mesmo Hazard evitou a eliminação na primeira fase.
Para a disputa deste ano, o time conta com quatro joias que prometem elevar ainda mais o nível do país. Um deles é o zagueiro Wout Faes. Líder nato, o zagueiro do Anderlecht liderou o setor no Europeu Sub-17 deste ano. Foram apenas quatro gols sofridos em cinco partidas.
E foi justamente na competição – em que os belgas foram eliminados apenas nas semifinais, nos pênaltis, e para os campeões da França – que uma dupla do meio-campo brilhou.
Alper Ademoglu, do Anderlecht, e Ismail Azzaoui, do Wolfsburg, são capazes de decidir uma partida a qualquer momento.
Ademoglu conta com uma excelente visão de jogo e dá ótimas assistências. Já Azzaoui é o grande craque da seleção. Habilidoso, lembra Hazard em muitas ações em campo.
Para completar, Dante Rigo, do PSV, e Dennis van Vaerenbergh, do Brugge, formam a espinha dorsal da seleção que promete ir longe e liderar o grupo no mundial. A tarefa não será das mais fáceis.
Mali
Mali pode se vangloriar nesse Mundial. Além de ser a atual campeã do difícil Torneio Africano Sub-17, vem com moral após a terceira posição no Mundial Sub-20. A campanha na Nova Zelândia foi de encher os olhos de qualquer um.
E a tradição dos malineses na categoria é imponente. Apesar de apenas três participações, as vezes em que chegaram à fase final do mundial foram para fazer bonito e mostrar grandes jogadores.
Em 1997, Seydou Keita liderou a seleção até às semifinais.
Juntamente com Mahamadou Diarra, o time parecia favorito absoluto ao título. Porém, a geração de ouro caiu nas semifinais diante da Alemanha, nos pênaltis. Em 2001, o caminho foi parecido, mas a derrota para a Argentina nas quartas de final acabou com o sonho.
Neste ano, as esperanças estão depositadas no trio Aly Malle, Sidiki Maiga e Boubacar Traore. Todos foram peças fundamentais para o título do Africano Sub-17. Traore foi o artilheiro da seleção na campanha, com três gols, um a menos que o goleador máximo da competição.O técnico Baye Ba conta com um elenco doméstico.
Com vários desconhecidos, o desejo de Mali é surpreender mais uma vez e ir mais longe que as grandes gerações do país. O grupo faz tudo isso ser possível.
Honduras
A empolgação vista nas arquibancadas hondurenhas durante a disputa da Concacaf Sub-17 fez com a equipe mostrasse que o futebol no país segue, sim, evoluindo, muito obrigado.
Após uma primeira fase quase perfeita, em que foi líder de um grupo que contava com os Estados Unidos, Honduras só sucumbiu diante da força mexicana na final. Com a classificação garantida, a seleção chega ao Mundial para repetir 2013, ano que foi uma das oito finalistas.
Para tal, conta com o prestigiado técnico José Valladares. Diante de um grupo equilibrado, o duelo por uma vaga já terá uma bela prévia diante do Equador, na primeira rodada. A força defensiva é um dos pilares do time.
Allan Rivera, do Real España, é o zagueiro mais técnico da seleção. É dele a responsabilidade de comandar o setor que levou somente sete gols em seis partidas na Concacaf Sub-17. Do meio para frente, os destaques individuais se multiplicam.
O grande problema é a instabilidade destes principais jogadores. Óscar Castro, do Real España, grande estrela do meio-campo do país, não vem tão bem. Erick Arias, do Comayagua, assumirá a responsabilidade pela criação de jogadas, caso o companheiro não repita as atuações de alguns anos atrás.
No ataque, Darixon Vuelto é a grande referência. O atacante do Victoria tem a marca de mais de 400 gols nos times de base do clube e promete ser o grande responsável pelas jogadas ofensivas dos Catrachos. Caso repita o torneio continental, as chances de avançar existem.
Equador
A quarta participação do Equador no Mundial Sub-17 promete. Tendo em vista a ótima campanha no Sul-Americano da categoria, é provável que a seleção tricolor consiga repetir a ótima campanha de 1995, em que chegou às quartas de final.
Tentando repetir o feito, o Equador vai animado para a disputa do Mundial que será disputado no Chile. A seleção treinada por Jose Javier Rodriguez, técnico que acompanha a geração desde o Sul-Americano Sub-15 de 2013, vai em busca de mais um passo rumo à evolução plena do futebol do país.
E essa evolução vem sendo acompanhada por uma dinastia, a dos Cevallos. Jose Francisco Cevallos, o pai, é o maior goleiro da história equatoriana. Jose Gabriel Cevallos, o filho, tenta seguir os passos e as mãos do progenitor.
Ele é um dos líderes técnicos da geração. Goleiro da LDU, lembra muito o pai na qualidade debaixo do gol. Outro grande destaque é Peter Valencia, talento do meio-campo, que já brilha fora do país e faz parte da cantera do River Plate.
Washington Corozo, que marcou três gols no Sul-Americano, é outro destaque. Atacante de muita mobilidade, deixa os adversários sem rumo com sua velocidade e habilidade.
Porém, o grande destaque da seleção é, sem dúvidas, Anderson Naula. O jovem de 17 anos assombrou o país a marcar dois gols pelo seu clube, a Liga de Loja, sobre o Aucas, pelo campeonato nacional da primeira divisão quando ainda tinha 16 anos. Habilidoso e dono de ótimo chute, Naula é a principal esperança do Equador.