“Hermano” mostra o sonho do futebol como arma e escudo

    “Hermano” mostra o sonho do futebol como arma e escudo

    Filme venezuelano conta a história de irmãos que querem se tornar atletas profissionais

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    Irmãos dividem o sonho do futebol em "Hermano" (Foto: Divulgação)
    Irmãos dividem o sonho do futebol em “Hermano” (Foto: Divulgação)

    A cultura do futebol vive presente com força no continente sul-americano. São poucos os países “sudacas” em que o esporte não é o primeiro na preferência do público, e a Venezuela, onde predomina o beisebol, é um deles. Mas isso não quer dizer que os venezuelanos não liguem para o futebol.

    É o que mostra o filme “Hermano – Uma Fábula sobre Futebol”, lançado em 2010 e dirigido pelo estreante Marcel Rasquin. Em um país que jamais chegou sequer a disputar uma Copa do Mundo, a obra conquistou a maior bilheteria da história e foi a indicada da Venezuela para o Oscar daquele ano.

    A trama é simples, e traz aquele ar de “parece que já vi essa história antes”. Daniel e Julio, dois irmãos de criação em uma favela de Caracas, têm personalidades completamente distintas. Enquanto um é frágil e tímido, o outro é forte e extrovertido.

    No entanto, esses estilos aparentemente incompatíveis acabam se complementando quando o assunto é a maior paixão de dois: A bola. Ambos nutrem o sonho de se tornarem jogadores profissionais no Caracas, uma alternativa para fazer o que amam e sair das condições de vida ruins da favela.

    Praticamente imparáveis quando estão juntos em campo, os irmãos têm seu potencial reconhecido por um caça-talentos, que os convoca para realizar um teste no Caracas. Mas uma tragédia familiar mexe com o mundo dos protagonistas, e a forma como cada um lida com a experiência dá o tom para o resto do filme.

    “Hermano” é o retrato de uma realidade comum em vários países, de garotos de origem humilde que precisam escolher entre buscar seu sonho no esporte ou alcançar a riqueza pelas vias tortuosas da criminalidade.

    Não é o primeiro e provavelmente não será o último filme a contar uma história desse tipo, pois enquanto houver futebol vai haver gente que tente passar sua paixão para as telas.

    A obra venezuelano esbarra em alguns clichês desnecessários, como a falta de motivação de alguns personagens e a caricaturização de outros.

    No entanto, vale reconhecer o esforço do diretor debutante, que realiza a missão de retratar as cenas de jogo com certo mérito, além de mostrar bonitos planos abertos das favelas da Venezuela.

    O final é um pouco abrupto, e pode acabar surpreendendo quem espera uma perspectiva mais otimista. Mas é interessante por mostrar como no futebol, assim como na vida, nem sempre sonhar é o bastante.

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    Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio