A carreira do jogador de futebol é curta. A frase, já bem batida por sinal, aplica-se com perfeição dependendo do recorte que você fizer. Porém, a sentença se torna verdadeira quando atletas que se aposentaram precocemente são listados.
O drama das lesões acarreta tristeza e sofrimento. E ele aumenta com jogadores de potencial. Neste contexto se enquadra Dean Ashton. Atacante inglês promissor na década passada, Ashton experimentou os piores momentos de um jogador: a impossibilidade de exercer a função.
Ashton, nascido em 24 de novembro de 1983, em Swindon, Inglaterra, era um prodígio do Crewe Alexandra – à época na segunda divisão. Do sul da Inglaterra ao norte. Após passar pelas categorias de base base do Stoke City, Ashton chegava ao Crewe Alexandra como promessa de gols.
Em 2000, aos 16 anos, estreava pelo Crewe, diante do Gillingham. Com isso, o atacante se tornava um dos mais jovens a entrar em campo pelo clube. Pouco tempo depois, contra o Burnley.
A primeira temporada terminou de forma mágica: oito gols e titularidade conquistada. O status com os gols e as convocações para as seleções de base era alto. Uma estrela emergente para a camisa 9 da Inglaterra.
Mas os momentos de grande positividade se intercalavam com a dor das lesões múltiplas. O sofrimento começou logo na sua segunda temporada como profissional. Problemas no joelho o tiraram da temporada 2001-02.
Mesmo diante desse panorama, Ashton sempre se superava. E sempre com gols, sua marca registrada. Com a perna direita, esquerda e de cabeça, Ashton era um problema para os defensores adversários. A moral era grande na cidade. Dario Gradi, histórico técnico da equipe,o descrevia como uma grande promessa.
E isso era, de fato, um baita elogio. No período entre as décadas de 1980 e 2000, o Crewe Alexandra era conhecido por suas categorias de base. Ashton era mais um de uma fornada de sucesso.
Neil Lennon, Danny Murphy, Seth Johnson são alguns dos exemplos. Não era apenas Ashton que vivia ótimo momento. O time do Crewe Alexandra também estava com prestígio. Tanto que fez jogo duro para negociar o atleta.
Somente em 2005, aos 24 anos, foi contratado por outro clube. Por três milhões de libras, o Norwich tirou o atacante do Crewe Alexandra. No novo clube, Ashton brilhou. Na temporada em que ficou na equipe, fez 17 gols em 44 partidas.
Gols que permitiram, à época, ao Norwich ficar na Premier League. A passagem rápida teve até golaço. Em 2006, chegou a marcar o gol do mês de fevereiro, em empate com o City.
Com convocações para a seleção sub-21, boa fase e longe das lesões, o West Ham apostou muito na contratação do atacante. Em 2006, o clube londrino desembolsou sete milhões de libras para assegurar a transferência do atacante.
Naquele ano, em treinamento da seleção inglesa, Ashton sofreu entrada dura de Shaun Wright-Phillips. Os meses que sucederam a lesão viraram anos. Quase uma eternidade para o jovem atacante.
E foi justamente em Londres que as lesões não pararam. Se em campo, o desempenho não foi ruim – Ashton marcou 19 gols em 56 partidas, não se pode dizer o mesmo da sequência de lesões.
O tornozelo foi castigado. E o desejo de se tornar um ídolo do futebol nacional foi cessando. A chama que o mantinha como jogador profissional se apagou. Em 11 de dezembro de 2009, aos 26 anos, ele anunciava sua aposentadoria.
Difícil mensurar quantos gols o futebol inglês perdeu com sua aposentadoria precoce. O fato é que o lado humano sentiu muito naquele dia. A derrota para as lesões o deixou abalado naquele momento. O futebol perdia um bom atacante e a televisão ganhava um comentarista do esporte. O futebol seguia em sua vida.