Tragédia em meio ao brilho: a morte precoce de Marc-Vivien Foé

Tragédia em meio ao brilho: a morte precoce de Marc-Vivien Foé

Jogador do Lyon estava emprestado ao Manchester City e faleceu depois de passar mal em campo

COMPARTILHAR
Marc-Vivien Foé
Foé jogou os Mundiais de 1994 e 2002 e foi bicampeão da Copa Africana (Foto: Diulgação)

Em 2003, Camarões vivia um momento extraordinário. Consistentes, os Leões Indomáveis já somavam quatro participações seguidas em Copas do Mundo e haviam recém-conquistado o bicampeonato da Copa das Nações Africanas, seu quarto título à época, além de terem vencido a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 200.

Sob o comando do técnico alemão Winfried Schäfer, o selecionado viajou para a disputa da Copa das Confederações na França, onde dividia grupo com Brasil, campeão mundial vigente, Turquia e Estados Unidos. Na outra chave, estavam Colômbia, Japão, Nova Zelândia e os donos da casa, ávidos para superar a má campanha do último Mundial.

Mesclando bem experiência e juventude, o elenco tinha média aproximada de 24 anos e quase todos os jogadores atuavam no futebol europeu, a maioria deels na própria França. As exceções eram o goleiro Eric Kwekeu, do Bamboutos, e o atacante Parfait Adjam, do Canon Yaoundé. Desfalcaram a equipe os artilheiros Patrick M’Boma e Salomon Olembé.

Camarões x França 2003
Song (à esq.) e Desailly levantam juntos o troféu no Stade de France (Foto: Reprodução)

Apesar das baixas, havia outros nomes de qualidade buscando luz própria, como um tal de Samuel Eto’o, , que tinha 23 anos e estava no Mallorca.

Outro jogador destacado era o meia Marc-Vivien Foé, que estava emprestado pelo Lyon ao Manchester City. Porém, a estrela do jogador de 28 anos parou de brilhar bem antes do esperado.

Na primeira fase do torneio, Foé esteve em campo nas vitórias por 1 a 0 sobre Brasil e Turquia, ambas no Stade de France. Com a vaga na semifinal obtida de modo antecipado, ele acabou poupado do empate sem gols na última rodada, contra o Estados Unidos, no Stade de Gerland, em Lyon. Curiosamente, o estádio no qual ele entraria pela última vez.

Em 23 de junho, Camarões e Colômbia se enfrentaram em busca de uma final inédita para ambos. Logo de cara, Pis Ndiefi abriu o placar a favor dos africanos. Tudo corria bem até o minuto 27 do segundo tempo. Então olhar de Foé perdeu-se no horizonte. Seu corpo desabou no círculo central. E toda a felicidade do momento transformou-se em dor.

Jogador mais próximo, o meia colombiano Jairo Patiño notou a gravidade do ocorrido e fez o alerta. Os outros atletas se aproximaram dele. A equipe médica assumiu o controle da situação. Valery Mezague substituiu o colega, que recebia respiração boca a boca e oxigênio do lado de fora do gramado enquanto a partida seguia normalmente.

Apesar do empenho dos médicos e de ter sido levado a um hospital em Gerland, Marc-Vivien Foé faleceu 45 minutos depois. A primeira autópsia não havia determinado a causa exata de sua morte, mas a segunda concluiu que o jogador foi vítima de hipertrofia cardíaca, condição hereditária cujo risco aumenta durante a prática de exercícios físicos.

Rigobert Song e Marcel Desailly
Song (à esq.) e Desailly levantam juntos o troféu no Stade de France (Foto: Reprodução)

Atingida em cheio devido a esse triste episódio, a seleção de Camarões ainda jogou de igual para igual diante da França, vigente campeão europeia.

A emocionante e disputada final teve seu desfecho na primeira etapa da prorrogação, quando Thierry Henry, beneficiou-se de cruzamento e marcou o gol de ouro que deu o título aos donos da casa.

Durante a entrega de prêmios, os jogadores africanos vestiram a camisa 17 bordada com o nome de Foé e carregaram um grande cartaz com a foto do falecido, no qual estava pendurada uma medalha de prata. Num belo ato de solidariedade, camaroneses e franceses se abraçaram, e Rigobert Song e Marcel Desailly levantaram juntos o troféu.

Obviamente a conquista do título seria uma digna homenagem a Foé e a sua vitoriosa carreira, mas a verdade é que o resultado pouco importava. Para sempre ele estará gravado na memória daquela grande seleção e nos diversos tributos prestados em sua honra no mundo do futebol.

Deixe seu comentário!

comentários