Com mais de 40 milhões de integrantes espalhados principalmente entre o Oriente Médio e a Europa, o povo curdo luta há anos para ter seu próprio Estado. Há cerca de um mês, houve um referendo entre os curdos do Iraque onde 92% dos votantes pediram a independência.
Enquanto acontece a luta pelo reconhecimento político, os curdos tiveram algo para se orgulhar no último fim de semana, a mais ou menos 5 mil quilômetros de onde o povo vem tentando conseguir seu território.
Foi na Suécia que aconteceu o milagre: O Dalkurd, clube criado em 2004 na cidade de Borlange por imigrantes curdos, garantiu o acesso para a primeira divisão do futebol sueco. E a ascensão meteórica não veio por acaso.
O time estreou nas ligas inferiores em 2005, disputando a sétima divisão. Conquistou nada menos que cinco acessos seguidos, sempre com os títulos das respectivas ligas. Agora, depois de alguns anos lutando na terceira e na segunda divisão, o topo da montanha finalmente chegou.
Nada mal para um clube que foi fundado como um projeto social. No início, o Dalkurd era uma iniciativa para unir a comunidade curda na Suécia, que hoje conta com aproximadamente 80 mil pessoas.
As primeiras formações contavam basicamente com jogadores dispensados por outros clubes por indisciplina, além de jovens curdos. Conforme o avanço foi notado, o investimento aumentou, graças ao “patrocínio” de dois milionários.
No elenco atual, três jogadores representam a bandeira curda dentro de campo, entre eles o capitão Peshraw Azizi. O Dalkurd conta ainda com um palestino em seu elenco, o camisa 10 Ahmed Awad, um exemplo de que o clube está aberto para representantes de várias lutas étnicas.
A ascenção impressionante poderia ter sido freada tragicamente em 2015, quando o Dalkurd ainda disputava a terceira divisão. Depois de uma série de treinos em Barcelona, a equipe estava agendada para viajar de volta para casa no vôo 4U9525, da companhia aérea alemã Germanwings.
Por conta da longa escala que seria feita em Dusseldorf, a comissão acabou decidindo pegar outro vôo mais tarde. A alteração foi providencial: o vôo 49U9525 caiu na França, sem deixar sobreviventes.
O episódio voltou os olhos da imprensa ao modesto Dalkurd pela primeira vez, mas não seria a única. Na elite a partir do ano que vem, a equipe tentará alçar vôos ainda mais altos, tentando, quem sabe, servir como inspiração para o povo curdo continuar lutando.