Com medalhões e “pais” poderosos, caçula turco tenta sua primeira Liga dos...

Com medalhões e “pais” poderosos, caçula turco tenta sua primeira Liga dos Campeões

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Mossoró é um dos destaques do Istanbul (Foto: Reprodução)
Mossoró é um dos destaques do Istanbul (Foto: Reprodução)

Há um inconsciente coletivo que diz que caçulas costumam ser mais paparicados pelos pais. Obviamente nenhum caçula concordará com essa ideia alegremente, mas quando a situação se traduz para o futebol de Istambul, vemos um exemplo prático deste conceito.

A maior cidade turca concentra praticamente toda a tradição futebolística do país. Nas 61 edições do campeonato turco disputadas até hoje, somente em sete oportunidades o título ficou fora de Istambul, graças ao domínio dos gigantes Galatasaray, Fenerbahçe e Besiktas. A cidade conta ainda com o Kasimpasa, com quase 100 anos de existência.

Entretanto, a sensação turca na atualidade é justamente o clube mais jovem de Istambul. Com apenas 27 anos de fundação, o Istanbul Basaksehir tenta chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões pela primeira vez na história.

A ascensão do caçula não foi tão rápida quanto parece. Batizado em homenagem ao distrito de Basaksehir, o clube pertence ao Ministério da Juventude e dos Esportes, sendo que o apoio estatal não parecia suficiente até alguns anos atrás.

Depois de muito tempo em ligas amadoras, o Istanbul alcançou a primeira divisão somente em 2007. Rebaixado em 2013, retornou à elite no ano seguinte para não cair mais. E aí chegou o outro “pai poderoso” que mudou o status do clube.

O patrocínio do grupo médico turco Medipol encheu os cofres da agremiação, alçando o time à condição de competidor sério pelo título nacional. Em 2017, ficou em segundo lugar tanto na Copa (para o Konyaspor) quanto no Campeonato Turco (diante do Besiktas), o que lhe garantiu uma vaga na fase preliminar da Liga dos Campeões.

Nesta quarta-feira (2), o time selou a classificação para o último playoff da fase qualificatória do torneio, ao derrotar o Brugge-BEL por 2×0 (5×3 no placar agregado). O sorteio do último mata-mata será realizado na sexta-feira (4).

Figurinhas carimbadas

A boa campanha na temporada passada ficou muito na conta do técnico Abdullah Avci, que conseguiu mesclar alguns jogadores desconhecidos com medalhões que rodam pelos grandes cenários do futebol europeu há alguns anos.

É o caso, por exemplo, do centroavante togolês Adebayor, que chegou ao time no início de 2017 e marcou seis gols em nove jogos do Campeonato Turco. Aos 33 anos, o atacante ex-Arsenal, Manchester City e Real Madrid traz um toque de experiência que pode fazer a diferença em uma competição continental.

Mas ele não é o único. O capitão é Emre Belozoglu, remanescente da boa seleção turca terceira colocada na Copa 2002. O time também se reforçou nesta janela com o lateral francês Gael Clichy, que estava no Manchester City há seis temporadas.

Há ainda o toque brasileiro por parte do meia Márcio Mossoró, astro do Paulista de Jundiaí no título da Copa do Brasil de 2005. Referência técnica do time, Mossoró traz os anos de experiência e bagagem adquirida no Campeonato Português pelo Braga.

Torcida incomum

Boz Baykuslar: Pequena, mas presente (Foto: Reprodução)
Boz Baykuslar: Pequena, mas presente (Foto: Reprodução)

Durante os anos de anonimato o Istanbul tinha muitas dificuldades para encher seu estádio. Mas o sucesso em campo cativou alguns admiradores que não se identificavam propriamente com nenhum dos gigantes da cidade.

Sua torcida é composta, em grande parte, por estudantes das universidades locais, combinando com a baixa idade do próprio clube. E até mesmo o perfil dos torcedores é um pouco distinto dos rivais regionais.

Os fãs de Galatasaray e Fenerbahçe, por exemplo, costumam ser listados como alguns dos mais fanáticos do mundo, em alguns casos passando até para o ponto da violência.

No Basaksehir o conceito é outro: mostrar que é possível torcer sem conflito. Essa é a ideia de uma das principais organizadas do clube, a Boz Baykuslar (Corujas Cinzentas). Resta saber o quanto esses jovens rebeldes continuarão fazendo barulho.

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Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio