No grupo dos 1.000, Buffon persegue título que já lhe esteve bem...

No grupo dos 1.000, Buffon persegue título que já lhe esteve bem próximo

Buscando título inédito da Liga dos Campeões, goleiro esteve perto da façanha em 2003; Relembre

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Buffon
Hoje com 39 anos, Buffon foi duas vezes finalista da Liga dos Campeões pela Juventus (foto: Divulgação/UEFA)

Quando pisou no gramado do Estádio Renzo Barbera, em Palermo, na sexta-feira (24), Gianluigi Buffon alcançou uma marca admirável ao entrar no seleto grupo dos jogadores que atuaram mil vezes como profissionais. Ele concretizou a façanha na vitória da Itália por 2 a 0 sobre a Albânia, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018.

Ao longo das últimas 20 temporadas, o experiente goleiro, hoje com 39 anos, quebrou recordes e amealhou títulos. Apesar da idade relativamente avançada e dos múltiplos êxitos, tanto em nível individual quanto coletivo, Buffon ainda não projeta sua aposentadoria, mas avisa, em tom jocoso: “não terão outros mil jogos para mim”.

Em vez de se incomodar com o momento de pendurar as luvas, um dois maiores arqueiros da história se esforça diariamente para seguir jogando em alto nível e conquistar ainda mais. Além da meta de representar a Azzurra no Mundial da Rússia, onde tentará seu bicampeonato, o italiano também persegue algo que lhe falta: a “Orelhuda”.

Duas vezes finalistas da Liga dos Campeões pela Juventus, em 2003 e 2015, ele aparece na lista de grandes jogadores que nunca venceram o torneio continental. Embora seja atípico usar uma ocasião festiva para falar de um ponto negativo de seu currículo, vamos aproveitá-la para rememorar o dia em que Buffon esteve bem próximo desse título.

REFORMULAÇÃO

Na temporada 2001/02, a Juventus estava há três anos sem vencer o Campeonato Italiano e tinha como principal adversária a Roma, então detentora do título. Sob o comando de Marcello Lippi, a Velha Senhora superou a disputa acirrada contra os romanistas e a Inter, ganhando o scudetto por apenas um ponto de vantagem.

Além de contar com Trezeguet (24 gols) e Del Piero (16) no melhor ataque daquela edição do calcio, a Velha Senhora teve no setor defensivo o recém-chegado Buffon, que estava no Parma, Ciro Ferrara, Gianluca Pessotto, o uruguaio Paolo Montero e o croata Igor Tudor. Juntos, eles formaram a defesa menos vazada (23) gols do Italiano.

Gianluigi Buffon
Buffon saiu do Parma para a Juventus em contratação recorde na época (Foto: Divulgação/UEFA)

Era o recomeço ideal, já que a Juventus havia perdido o técnico Carlo Ancelotti para o Milan devido aos insucessos da temporada anterior e também vendera Zidane ao Real Madrid, van der Sar ao Fulham e Inzaghi ao Milan.

Em contrapartida, o clube de Turim trouxe, ademais de Buffon, Nedved, que jogava na Lazio, e Thuram, do Parma.

Na Copa Itália, a taça escapou por pouco. Após despachar o Milan na semifinal, a equipe alvinegra viu o Parma de Taffarel, Júnior (aquele do Palmeiras e São Paulo) e Nakata levar a melhor na decisão graças ao critério do gol como visitante. Em Turim, 2 a 1 para os anfitriões. Na casa do rival, derrota por 1 a 0 que originou o tricampeonato do Parma.

Na Europa, por outro lado, surgiram mais resultados negativos. Embora tenha caído antes do mata-mata continental, a Juventus estava preparada para alçar voos maiores. E foi o que aconteceu no ano seguinte, com a nova obtenção do scudetto e da Supercopa Italiana.

A QUASE GLÓRIA

Classificada diretamente para a Liga dos Campeões de 2002/03, a Velha Senhora liderou com sobras o grupo formado por Newcastle United, Dínamo de Kiev e Feyenoord: 83,3% de aproveitamento, 13 gols feitos e 3 sofridos. No grupo seguinte, penou bastante, mas conseguiu avançar para o mata-mata junto com o Manchester United, frustrando Basel e Deportivo La Coruña. Sua defesa foi a pior entre os classificados (11 tentos em 6 jogos).

Nas quartas de final, a Juventus eliminou o Barcelona dentro do Camp Nou somente na prorrogação. Depois, teve uma recuperação incrível para superar o Real Madrid, atual campeão do torneio à época. Perdeu por 2 a 1 na Espanha e buscou a vitória por 3 a 1 na Itália. Do outro lado da chave, o Milan, que havia passado pelo Ajax, tirou a Internazionale em virtude do gol fora de casa, após empate nos dois jogos.

Juventus 2002/2003
Juve eliminou o campeão Real Madrid para chegar à final europeia em 2003 (Foto: Reprodução/Juventus)

Com o calcio em grande momento, foi a primeira vez na história que duas equipes da Itália se enfrentaram na final da Liga dos Campeões.

O duelo teve como palco o Estádio Old Trafford, em Manchester, no dia 28 de maio, e opôs a vencedora do Campeonato Italiano e o ganhador da Copa Itália.

Para a decisão, um desfalque importante da Juventus foi Nedved, punido com o segundo cartão amarelo no embate contra o Real Madrid. Entretanto, ainda havia jogadores de qualidade do lado alvinegro, como Camoranesi, Edgar Davis, Antonio Conte, além dos nomes mencionados anteriormente.

Do lado milanista, também havia um elenco respeitável, com Dida, Nesta, Roque Júnior, Maldini, Gattuso, Pirlo, Seedorf, Rui Costa e Shevchenko, para citar aqueles que participaram do jogo, – fora Inzaghi e Ancelotti, inimigos íntimos da Juve.

Matador, Shevchenko teve um belo gol invalidado logo no primeiro tempo, pois Rui Costa, em condição irregular, atrapalhou Buffon. No segundo tempo, houve menos chances criadas, mas bem perigosas. De cabeça, Conte mandou a bola no travessão de Dida. Como resposta, Pirlo também acertou o poste de Buffon.

A entrega em campo e o desgaste físico da temporada afetaram ambas as equipes. Enquanto Igor Tudor lesionou a coxa direita antes do intervalo, Roque Júnior se machucou na prorrogação e obrigou o Milan a segurar o empate com 10 homens, porque as três substituições já haviam sido feitas por Ancelotti.

Com a igualdade confirmada no placar, o cobiçado troféu europeu foi disputado nos pênaltis. Na abertura das cobranças, Trezeguet chutou fraco, nas mãos de Dida. Na sequência, Serginho converteu para o Milan, e Birindelli, para a Juventus. Depois, Buffon esticou-se todo para pegar o chute de Seedorf: 1×1.

Milan 2003
No Old Trafford, Milan celebra 6º título da Liga dos Campeões (Foto: Reprodução/Milan)

Na terceira cobrança, brilharam os goleiros, que pararam as tentativas do juventino Zalayeta e do milanista Kaladze.

Mas aquela não era a noite da Velha Senhora. Montero cobrou em cima de Dida, enquanto Nesta tirou a bola por pouco das mãos de Buffon: 2×1 Milan. Quinto homem, Del Piero fez sua parte e marcou. Só que Shevchenko fez o mesmo e deslocou Buffon: 3×2. Milan hexacampeão.

“Gigi” esperou até 6 de junho de 2015 para ter uma nova chance de levantar a Orelhuda, deixando novamente o Real Madrid pelo caminho. Mas o Barcelona foi o grande vitorioso.

Em 2017, os catalães e os italianos se reencontrarão nas quartas de final, marcadas para 11 de abril, em Turim, e dia 19, em Barcelona. Uma oportunidade de ouro para Buffon ter sua vingança e seguir buscando o troféu que teima em lhe escapar.

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