O Boca Juniors sagrou-se campeão argentino na passada quarta-feira (21) com um dos melhores ataques da história recente. Faltando uma rodada para o fim do torneio, a equipe do técnico Guillermo Barros Schelotto soma 60 gols em 29 partidas, com uma destacada média de 2,06 tentos por jogo. Ainda resta encarar o Unión em casa.
Levando em consideração os resultados da última década, os xeneizes são superados no quesito ofensivo só pelo Newell’s Old Boys de Gerardo Martino, que deu a volta olímpica em 2013 com 40 gols em 19 confrontos (média de 2,10), sendo que metade deles foram marcados por Ignacio Scocco (11), Maximiliano Urruti (5) e Maxi Rodríguez (4).
No Boca de Schelotto, o faro goleador ficou muito por conta do atacante Darío Benedetto (19), enquanto onze jogadores foram responsáveis pelas outras 41 bolas na rede. Os mais próximos de Benedetto foram Cristian Pavón (9) e Ricardo Centurión (8). Ambos os times, no entanto, ainda passam longe do recorde nacional, estabelecido no longínquo 1938.
A história do profissionalismo argentino estava em sua oitava temporada quando o Independiente assombrou o campeonato, marcando 115 gols em 32 rodadas.
É até hoje (e será por muito tempo) o campeão com a melhor média: 3,59 tentos por jogo. Para se ter dimensão da façanha, o Boca precisaria de 108 gols no atual formato para superá-lo.
A comparação, obviamente, é apenas numérica. São épocas muito diferentes, e os Diablos Rojos tinham em suas fileiras um tal de Arsenio Erico. Ou seja, é injusto fazer qualquer paralelo. Naquele ano, o paraguaio, que é o maior artilheiro do Campeonato Argentino, anotou “só” 43 gols em 32 jogos, enquanto Vicente de la Mata contribuiu com 27 tentos.
Em 1938, alguns times sofreram horrores diante do Independiente. Que o digam Almagro e Chacarita Juniors, vítimas de um humilhante 9×0 e um impiedoso 9×2, nessa ordem. O Vélez Sarsfield não escapou do trator de Avellaneda e experimentou o sabor amargo do 7×1. O título veio na última rodada com um imponente 8×2 sobre o Lanús.
Se avançarmos no tempo e utilizarmos um exemplo mais recente, o Boca Juniors estaria atrás de seu rival de toda a vida. Em 1996, o River Plate dirigido por Ramón Díaz foi campeão com 52 gols em 19 jogos (média de 2,73), recorde dos torneios curtos. Dá para entender, pois o grupo “millonario” contava com jogadores da qualidade de Sorín, Julio Cruz, Ortega e Enzo Francescoli, por exemplo.
De todo modo, as comparações acima não têm como objetivo desmerecer a glória boquense. Pelo contrário. Ainda que haja desigualdades e relativa escassez de talentos, é para se valorizar uma campanha tão goleadora num futebol cada vez mais estudado, como também é importante não perder de vista os referencias históricos.