Baseado em garotos, Envigado desfruta liderança na Colômbia

Baseado em garotos, Envigado desfruta liderança na Colômbia

Média de idade de 21,55, tradição nas categorias de base e público escasso: conheça as peculiaridades do líder colombiano.

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Não é de hoje que o futebol colombiano tem ocupado cada vez mais uma posição de destaque entre as ligas da América do Sul. Consolidou-se como a terceira força em clubes do continente, atrás apenas de Argentina e Brasil, que se alternam na liderança.

O título da Libertadores conquistado pelo Atlético Nacional com autoridade só veio a confirmar a afirmação. E, assim como todas as outras ligas sul-americanas, o Campeonato Colombiano tem a rotatividade como uma de suas principais caracteristicas.

Os próprios verdolagas, por exemplo, a despeito da grande participação na Libertadores, não têm tido um de seus desempenhos mais regulares. No atual Finalización, a equipe é apenas a sexta colocada. Nada que assuste muito, já que os oito primeiros avançam para o mata-mata.

Envigado celebra vitória e liderança após bater o Tolima em casa (Foto: Divulgação/Envigado FC)
Envigado celebra vitória e liderança após bater o Tolima em casa (Foto: Divulgação/Envigado FC)

Mas o que tem impressionado é o desempenho do atual líder da competição: o Envigado FC. Fundado em 1989, nunca contou com o mesmo prestígio dos mais tradicionais clubes da região de Medellín – Independiente ou o próprio Nacional.

Entretanto, para compensar a falta de tradição, a equipe tem se diferenciado dos demais ao priorizar suas categorias de base, autointitulada de “Cantera de Héroes”, acima de qualquer ambição a curto prazo. O elenco atual, líder do campeonato, é exemplo disso: conta com média de idade de 21,55 anos.

O número só não é menor porque Castillo, goleiro de 38 anos, e Orozco, zagueiro de 37, puxam a média para cima. E, à exceção do meio-campista inglês George Saunders, 28, todos os outros jogadores têm 24 anos ou menos.

Nem o comando técnico escapa da obsessão por juventude existente no clube. Ismael Rescalvo, técnico espanhol que tem levado a equipe ao topo, tem apenas 32 anos. É fruto de uma aposta arriscada. Sua única experiência até então era no humilde Torre Levante Orriols, da terceira divisão da Espanha.

51% do elenco foi formado no próprio clube. Os demais, ou vieram muito jovens de clubes menores, ou foram dispensados de clubes grandes da Colômbia.

Entre os destaques, está Yonatan Murillo, lateral esquerdo de 24 anos. Revelado no Atlético Huila, o jovem jogador vem sendo monitorado não apenas por rivais colombianos, mas também por clubes da América do Sul e da Europa. Não é mais aposta, e sim realidade.

O mesmo vale para Cristian Arrieta, o lateral direito titular. O atleta de 21 anos, ao contrário de Murillo, é cria da própria base do Envigado. Vergara (ATA), Arango (ATA), Moreno (MEI), e Arrieta (ZAG) são outros bons nomes. Do quarteto, o mais velho tem 21 anos.

Até aqui, foram sete vitórias, quatro empates e duas derrotas no Finalización, o que garantiu à equipe 25 pontos – um a mais que o Independiente, que também tem um jogo a menos. O título é algo mais difícil. Poderia um time tão inexperiente passar por três fases de mata-mata e levantar o principal troféu do país? Improvável, mas não impossível.

Seria a coroação para uma equipe que não resolveu apostar nesse tipo de filosofia da noite para o dia. O Envigado já nasceu assim. A equipe já é conhecida por revelar nomes importantes do futebol colombiano.

Pouco público é característica marcante dos jogos em casa do Envigado (Foto: Divulgação/Envigado FC)
Pouco público é característica marcante dos jogos em casa do Envigado (Foto: Divulgação/Envigado FC)

O principal deles é James Rodríguez. Hoje no Real, o habilidoso meia debutou em 2006 e saiu em 2008, para o Banfield. Juan Quintero (ex-Porto), Dorlan Pabón (ex-São Paulo) e Mauricio Molina (ex-Santos) são outros exemplos, além de nomes como o de Freddy Guarín, que não surgiu na base do Envigado, mas chegou ao clube muito novo. E saiu mais rápido ainda.

Esse, aliás, é um dos maiores problemas para a equipe colombiana. Sua base é forte, mas os jogadores usam o clube como vitrine. Pesa para isso a falta de tradição, e, principalmente, de torcida.

Os jogos em seu estádio, o Polideportivo Sur, tem atraído pouquíssimo público, apesar da fase espetacular do time. O último jogo em casa dos naranjas atraiu apenas 2500 testemunhas. É algo como o São Caetano em São Paulo: as pessoas costumam torcer para as equipes da capital e pouco se envolvem com o time da cidade, até pela proximidade – Envigado fica na região metropolitana de Medellín.

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