Na primeira parte do Guia do Mundial Sub-17 do Alambrado, você pôde conferir os destaques dos grupos A e B. Na segunda, os pontos fortes dos times que compõem as chaves C e D do torneio que será realizado no Chile.
Agora, na terceira e última parte deste especial exclusivo, você tem a chance de saber o que esperar dos grupos E e F, com direito a uma análise das possíveis surpresas para te deixar por dentro de tudo o que pode acontecer.
Grupo E
Coreia do Norte
Não é segredo para ninguém o quanto a Coreia do Norte torna difícil o acesso às informações sobre o que acontece no país. No futebol, a situação não é muito diferente, embora as aparições da equipe sub-17 em torneios oficiais possam dar uma boa noção do que esperar dos norte-coreanos.
A seleção se classificou para o Mundial com uma campanha surpreendente no torneio qualificatório asiático. Depois de uma primeira fase irregular, com direito a derrota de virada para o Uzbequistão, o time demonstrou uma frieza admirável nos jogos de mata-mata, eliminando Irã e Austrália nos pênaltis. Na final, vitória sobre os rivais sul-coreanos por 2×1. Título conquistado da melhor maneira possível.
A equipe joga em um esquema 4-4-2 bastante ortodoxo, com os laterais subindo raramente ao ataque. As obrigações criativas são quase exclusivas do camisa 10 do time, o meia Choe Song-Hyok, autor do gol do título no torneio da AFC.
As esperanças maiores residem justamente na parceria de Song-Hyok com seu companheiro de clube no Chobyong, Han Kwang-Song. Centroavante com muita mobilidade, ele oferece opções quando sai da área e consegue bons resultados também nas jogadas individuais. Atrás, quem pode fazer a diferença é o ágil (porém inconstante) goleiro Ri Chol-Song.
Em um torneio de tiro curto como o Mundial Sub-17, pode até ser que a Coreia do Norte consiga chegar longe, ainda mais em um grupo cheio de azarões. Mas vai ter que suprir a carência técnica com muita organização e até um pouco de sorte, como aconteceu nas eliminatórias.
Rússia
Depois de uma campanha decepcionante no Mundial passado, quando chegou como candidata às posições mais altas e foi eliminada nas oitavas de final, a Rússia tenta corrigir os erros e aproveitar o sorteio generoso para ir longe nesta edição, talvez até repetindo a geração de 1987, campeã do torneio.
No Europeu Sub-17, o time se classificou no limite durante a fase de grupos, mas se acertou a tempo de bater a favorita Inglaterra nas quartas e carimbar sua vaga para o Mundial. Um time muito aplicado, que tira suas forças da disposição defensiva e aproximação de linhas.
O goleiro Maksimenko, do Spartak foi importantíssimo na campanha da classificação, fechando o gol na partida contra os ingleses e segurando o 1×0. É um dos pontos fortes do sistema defensivo, que conta ainda com o xerifão Konstantin Kotov e o promissor Aleksei Tataev.
O meio de campo também tem peças de valor, sendo que a maior delas é o volante Georgi Makhatadze, do Lokomotiv. Versátil, ele é uma das principais armas do time quando chega ao ataque como elemento surpresa. Um pouco mais avançado, Tsygankov é o responsável pela criação de jogadas, e tem o perfil de jogador que pode decidir a partida em um rasgo de brilhantismo.
Os gols da equipe ficam ao cargo de Aleksander Lomovitskiy, meia-atacante do Spartak que une velocidade e força, além do centroavante Egor Denisov, considerado uma das maiores promessas do país pelos dirigentes do Zenit.
África do Sul
Estreante em Mundiais da categoria, a África do Sul do técnico Molefi Ntseki já podia se considerar satisfeita simplesmente por ter conseguido uma vaga para a competição. Agora, por conta do sorteio acessível, os “Amajimbos” já sonham mais alto.
A geração sul-africana vêm sendo preparada com carinho desde o sub-13 visando a Copa do Mundo de 2022, no Catar, e o torneio no Chile será o primeiro grande teste pelo qual será submetida. No torneio qualificatório da CAF, chegou à final depois de passar pelas favoritas seleções de Camarões e Nigéria, mas perdeu o título para o bom time de Mali.
Mesmo sem ter um grande time, a África do Sul pode oferecer bons espetáculos no Chile por conta da mentalidade ofensiva, com um futebol aberto e até irresponsável, em uma visão mais conversadora. A defesa fica exposta em vários momentos, dando muito trabalho para Mohamme e Mukumela, os líderes na parte de trás.
A força criativa vem principalmente das jogadas de Nelson Maluleke, camisa 10 e capitão do time que atua com muita inteligência e maturidade, capacidade acima do padrão natural da idade.
A dupla de ataque formada por Mayo e Mkatshana é veloz e pode dar muito trabalho, mas ambos pecam pela falta de efetividade em alguns momentos. Algo que pode fazer a diferença em um time que oferece tantas chances ao adversário. Ainda houve um outro duro golpe: a ausência de Liam Jordan, meia-atacante frequentemente apontado como sucessor de Cristiano Ronaldo.
Costa Rica
A Costa Rica já participou de metade das edições do Mundial Sub-17, tendo como maior feito a chegada nas quartas de final em quatro oportunidades (de 2001 a 2007). As chances de superar essa marca são modestas, mas o treinador argentino Marcelo Herrera parece confiar bastante no poderio da equipe atual.
Durante a Copa Ouro Sub-17, os costarriquenhos ficaram marcados como o melhor ataque da competição, anotando 16 gols em 6 partidas. No entanto, a irregularidade durante as partidas acabou custando o título.
A bateria de frente é liderada por Kevin Masís, do Santos de Guápiles, e Andy Reyes, do Carmelita. Masís cai pelos lados e aposta em chutes potentes cortando para o meio, enquanto Reyes é bom na bola aérea e muito móvel dentro da área.
No meio, os pontos fortes são a habilidade de Barlon Siqueira e a capacidade que o camisa 10 Jonathan Martínez tem para ditar o ritmo do jogo. Ele serve como um termômetro para o restante do time, o que acaba sendo prejudicial em determinados momentos.
A defesa não conta com grandes jogadores, mas o zagueiro Luis Hernandez consegue compensar (em parte) sua lentidão com muita força no jogo aéreo, e o lateral-esquerdo Daniel Villegas atua com bastante liberdade para apoiar o setor ofensivo. Uma seleção imprevisível, que vai depender muito do brilho de seu ataque.
Grupo F
Nova Zelândia
O incrível domínio da Nova Zelândia na Oceania chama atenção. Desde a saída da Austrália da OFC, os neozelandeses ganharam todas as competições sub-17 que se propuseram a disputar. Desde 2007, são cinco títulos.
Logo, a seleção disputa o Mundial Sub-17 desde então. Diferentemente dos profissionais, as equipes de base vêm fazendo um bom papel. Nas edições de 2009 e 2011, os “All Whites” da base chegaram às oitavas de final.
Para a competição no Chile, a equipe do técnico Hay Danny vem embalada pelo título invicto conquistado no torneio continental. Foram sete jogos, com seis vitórias e um empate. Com espetaculares 36 gols marcados e sete gols sofridos. Uma campanha de respeito.
Logan Rogerson, do Wellington Phoenix, foi o grande destaque. O camisa 10 marcou 11 gols na competição. Meio-campista de bom chute, é dele a responsabilidade de comandar a seleção nesta sétima participação em Mundiais Sub-17. Mas ele não joga sozinho.
Connor Probert é outra promessa dos Kiwis. Atleta do Sacred Heart College, anotou quatro gols durante o título neozelandês. James McGarry, companheiro de Rogerson no Wellington Phoenix, atua um pouco mais atrás e dá qualidade à saída de bola do time.
Filho do lendário Mike McGarry, ele carrega nos ombros o peso da esperança de um país. Se seguir o caminho do pai, fará muito sucesso com camisa da seleção nacional. Talento ele também já mostrou que tem.
França
Sem dúvidas, a seleção francesa é a maior favorita nessa fase de grupos. Soberana tecnicamente, a atual campeã europeia sub-17 quer o bicampeonato e mostrar que é a grande potência da Europa na categoria.
Se em 2001 o título veio em Trinidad e Tobago, mais uma vez a América Latina será palco do torneio. A força é gigante na equipe base e pôde ser vista na goleada na final do Europeu Sub-17: 4 a 1 sem dificuldades contra a poderosa Alemanha.
Para a quinta participação francesa no Mundial, o técnico Jean-Claude Giuntini conta com seis jogadores de excelente nível. Na meta, Luca Zidane, filho do histórico meio-campista Zinedine Zidane, passa segurança desde o Real Madrid.
Na zaga, a liderança é de Dayot Upamecano. Melhor zagueiro do último Europeu Sub-17, o atleta do Valenciennes é rápido e técnico, mistura perfeita para um zagueiro. Mais à frente, no meio-campo defensivo, Timothé Cognat, do Lyon, sobra. Técnico e com bom passe, é um dos pilares essenciais do time.
Para criar, a dupla Jeff Reine-Adélaïde, do Arsenal, e Bilal Boutobba, do Olympique de Marselha, é badalada. Ambos já estrearam como profissionais e tem o selo de grandes jogadores da categoria.
Porém, é mesmo na posição de centroavante que a badalação aumenta. Odsonne Edouard, artilheiro do Europeu sub-17, não perdoa. Goleador nato, o atacante do PSG já é cotado para assumir a vaga de Ibrahimovic no futuro. É dele o comando de uma seleção que terá o peso de ser uma das principais favoritas.
Síria
A guerra civil que assola a Síria há algum tempo servirá de motivação para os 21 jogadores que representarão o país no Mundial Sub-17. Mesmo diante de tantas dificuldades, os guerreiros tentarão honrar a nação querida.
E se tem uma seleção que o resto do mundo torcerá nessa competição, sem dúvidas, essa é a Síria. A classificação foi garantida no ano passado. Após chegar às semifinais do Asiático Sub-16, o retorno ao Mundial estava garantido.
A única participação da nação ocorreu em 2007. E o país não fez feio. Diante de um grupo que contava com Espanha e Argentina, a seleção conseguiu avançar de fase e só parou diante dos poderosos ingleses nas oitavas de final.
Para este ano, Mohamed Al Attar conta com dois jogadores com bom poder ofensivo. Anas Al Aji e Abdulrahman Barakat marcaram sete gols na campanha de classificação. Anas, inclusive, já é jogador profissional.
Mohammed Jaddou, que escapou da guerra civil e foi à Alemanha, é o capitão do time. Força de vontade não faltará para a seleção. A força que não faltou em nenhum instante para os refugiados que torcem para o país ser campeão.
Paraguai
A equipe paraguaia está confiante para a disputa no Chile. Com uma seleção competitiva, os albirrojos fizeram um bom Sul-Americano Sub-17, disputado em casa, sob comando de Carlos Jara Saguier, aquele mesmo que levou o Paraguai à medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas.
E o mítico técnico quer fazer história novamente. Com apenas duas participações em Mundiais Sub-17, o Paraguai quer ultrapassar a campanha de 1999, quando chegou às quartas de final e perdeu para a seleção brasileira.
E para o desafio ser encarado de forma digna, o Paraguai conta com um astro da base. Sergio Díaz é um dos melhores jogadores da categoria e terá que provar a badalação em torno do seu nome.
Pelo Cerro Porteño, são 33 jogos disputados e 13 gols marcados. Apesar da pouca idade, já é um dos principais jogadores do tradicional clube. Com muita técnica, o atacante é capaz decidir a partida em apenas um lance.
Ao seu lado, Sebastián Ferreira, do grande rival Olimpia, é o homem responsável por colocar a bola pra dentro. No Sul-Americano, fez cinco gols, inclusive o tento que classificou os paraguaios para o Mundial. Gol que fez o país comemorar muito.
Rodi Ferreira, do Olimpia, é outro destaque. Com muita imposição física, o volante/zagueiro também é um dos melhores atletas da equipe. Outro atleta do elenco que já estreou como profissional.