Você já viu na primeira parte do especial do Alambrado que comemorar a vitória antes do tempo pode não ser um bom negócio em um jogo de Euro. Não faltam exemplos de reviravoltas incríveis que deixaram jogadores, técnicos e torcedores boquiabertos na história da competição.
Agora, na segunda e última parte do especial, você pode conferir outras cinco grandes viradas, que acabaram mudando os rumos dos envolvidos no torneio. Destaque para a Euro de 2000, disputada na Bélgica e na Holanda, que foi responsável por nada menos que quatro menções na nossa lista. Confira:
2000 – Portugal x Inglaterra
A primeira rodada da Euro 2000 já rendeu uma partida inesquecível, tanto para os vencedores quanto para os derrotados. Portugal e Inglaterra entraram em campo no Philips Stadion, em Eindhoven, sem favoritismo definido. Os ingleses, que haviam passado sufoco nas Eliminatórias, tentavam recuperar a moral em cima dos portugueses liderados por Figo.
A missão ficou clara logo nos primeiros minutos. Aos 3, Beckham recebeu a bola pela lateral direita do campo de ataque e a colocou com carinho na cabeça de Scholes, que mandou firme para o gol. Aos 18, Beckham, mais uma vez, aproveitou o corredor livre, chegou até a linha de fundo e cruzou no meio da área. McManaman completou para a rede.
O 2×0 tão prematuro fez com que a Inglaterra relaxasse. A seleção portuguesa, com espírito de luta, aproveitou a brecha sob a batuta de seu maestro. Em um chute espetacular de fora da área, Figo deixou sem Seaman sem ação e mandou no ângulo. Golaço.
O gol deu ainda mais coragem para Portugal, que foi com tudo para cima. Ainda no primeiro tempo, João Pinto empatou o jogo com um peixinho. Apesar do placar equilibrado, a diferença de moral entre as duas equipes estava clara no intervalo.
Abalada, a Inglaterra não teve o que fazer perante o ímpeto português. Aos 14 minutos da etapa final, veio a definição. Nuno Gomes recebeu livre na entrada da área e tocou na saída de Seaman. Com o 3×2, Portugal mostrava suas cartas.
2000 – Inglaterra x Romênia
Aquele grupo A da Euro de 2000 realmente não era para amadores. Depois da derrota traumática contra Portugal, a Inglaterra consegui se recuperar na partida seguinte, contra a rival Alemanha. Bastava um empate contra a Romênia, na última rodada, para passar às quartas.
Mas a tarefa era mais difícil do que parecia. Além de também estarem brigando pela classificação, os romenos tinham em seu retrospecto recente uma vitória contra a mesma Inglaterra na fase de grupos da Copa de 1998. Já haviam provado que não estavam pra brincadeira, e poderiam repetir a façanha.
Foi com esse espírito que, aos 22 minutos, Chivu completou um cruzamento na pequena área para abrir o placar para a Romênia. A Inglaterra precisava de uma resposta rápida para evitar um novo vexame, e a acabou dando.
Aos 41, o veterano artilheiro Alan Shearer empatou a partida em uma cobrança de pênalti. Quatro minutos depois, o prodígio Owen foi lançado em velocidade, se livrou do goleiro Stelea e rolou para as redes. Dessa vez, a Inglaterra parecia chegar ao intervalo com tudo sob controle.
Mas no segundo tempo tudo veio abaixo. Logo aos 3, Seaman saiu mal do gol em um cruzamento e jogou a bola nos pés de Munteanu, que chutou firme para igualar o placar. A igualdade se manteve até os 44 minutos, quando Phil Neville cometeu pênalti bobo em Moldovan. Ganea sacramentou o 3×2 e deu a classificação para os romenos.
2000 – Espanha x Iugoslávia
Outro grande jogo na última rodada da Euro em 2000. Aproveitando os remanescentes da Copa do Mundo anterior e mesclando com uma nova geração, a Iugoslávia chegou ao duelo derradeiro da primeira fase na liderança do grupo C. A Espanha, com apenas 3 pontos, se encontrava fora da zona de classificação e precisava de uma vitória.
Entre as duas seleções figurava a Noruega, que simultaneamente encararia a Eslovênia precisando apenas de uma vitória simples para se garantir. Com isso, uma vitória norueguesa eliminaria um dos dois times que entraram em campo no Jan Breydel Stadion, em Bruges.
Os iugoslavos saíram na frente, com o artilheiro Milosevic em sua especialidade, a cabeçada. Oito minutos depois, Alfonso conseguiu empatar o jogo mesmo desequilibrado. No intervalo, a situação era a mesma do início do jogo.
Na volta, Govedarica colocou a Iugoslávia na frente mais uma vez, mas a vantagem durou só um minuto, graças ao gol de Munitis. Aos 30, Komljenovic aproveitou a confusão na área e retomou a frente no placar.
Eliminada também na primeira fase na Copa do Mundo de 1998, a Espanha não tinha outra escolha a não ser ir pra cima. E no final do jogo a postura rendeu frutos. Aos 49, Mendieta cobrou pênalti e empatou mais uma vez. Um minuto depois, Alfonso marcou um golaço de voleio para sacramentar a virada, a vaga e a liderança com o 4×3.
2000 – Itália x França
Um torneio marcado por tantas viradas impressionantes não poderia ser decidido de uma outra forma. A grande final da Euro 2000 foi um espetáculo do ponto de vista da dramaticidade, a começar pelos envolvidos na disputa.
Além da rivalidade já existente entre Itália e França, havia um clima de revanche por conta das quartas de final do Mundial em 1998, quando os franceses superaram os italianos nos pênaltis. Dois anos mais tarde, com uma equipe ainda mais forte, a França era ligeiramente favorita na disputa em Rotterdam.
Depois de um primeiro tempo bastante pegado, com chegadas duras de ambos os lados, as chances começaram a surgir na segunda etapa. E a Itália foi a primeira a aproveitá-las. A defesa francesa deu brecha, e Delvecchio mandou para as redes após receber o cruzamento completamente livre na pequena área.
O gol fez com que o jogo pegasse fogo. A França não perdeu tempo e começou a avançar suas linhas, enquanto a Itália, inteligente, explorava com perigo os contra-ataques. Em um deles, Del Piero perdeu a chance de matar o jogo após passe magistral de Totti. Grave erro.
Aos 48 do segundo tempo, quando os reservas da Itália já se preparavam para invadir o campo comemorando, Trezeguet escorou de cabeça uma bola lançada de longe. Ela caiu no pé esquerdo de Wiltord, que bateu cruzado. O desvio de Toldonão foi suficiente: 1×1.
Era hora do tempo extra, onde o abatimento dos italianos ficou evidente. O título estava tão perto e se esvaiu. Aos doze minutos do primeiro tempo, Pires fez grande jogada e jogou na área. Trezeguet aproveitou e concluiu sem nenhuma chance para Toldo. Gol da virada. Gol de ouro. Gol do título.
2008 – Turquia x República Tcheca
Oito anos depois, a Euro voltaria a ser palco de uma grande virada que valeu muito mais do que o placar seria capaz de mostrar. Turquia e República Tcheca chegaram à última rodada do grupo A com igualdade total de condições: mesmos pontos, mesmo saldo, mesmo número de gols marcados.
Quem ganhasse levaria a vaga para as quartas de final. Segundo as regras do torneio, em caso de empate em todos os critérios envolvendo dois times que jogariam entre si a fase final, a decisão ocorreria nos pênaltis.
A República Tcheca começou mais ligada no jogo. Aos 34 minutos, o grandalhão Koller aproveitou cruzamento e mandou no ângulo do goleiro Volkan Demirel. Já no segundo tempo, Plasil aumentou a vantagem, aos 15. Parecia que a vaga estava encaminhada.
Porém, os turcos se inflamaram ainda mais no momento da dificuldade, empurrados pela grande quantidade de torcedores que compareceram ao estádio em Genebra. Aos 30, Arda Turan dininuiu ao chutar forte no canto.
A ajuda para a virada veio de quem menos se esperava, justamente o maior ícone do time adversário: o goleiro Petr Cech. Aos 42 minutos, ele se atrapalhou com um cruzamento fraco, largando a bola nos pés de Nihat, que mandou para as redes.
Com a moral no alto, a Turquia não quis esperar os pênaltis e resolveu ainda no tempo normal. em um ataque rápido, Nihat mostrou oportunismo mais uma vez acabou com os sonho dos tchecos em uma finalização perfeita. Com o 3×2, a Turquia estava nas quartas.
