As Copas que o mundo não viu (Parte III)

As Copas que o mundo não viu (Parte III)

Na última parte do Especial, confira os possíveis azarões das Copas de 42 e 46

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Nas partes I e II do nosso especial pudemos analisar, respectivamente, o possível desempenho das seleções da América do Sul e dos maiores favoritos entre os times da Europa, caso as Copas de 1942 e 1946 tivessem acontecido.

Agora, na última parte, veremos como se encontravam outras seleções europeias capazes de desempenhar bons papeis nesses Mundiais, que infelizmente acabaram ficando apenas na imaginação.

As duas equipes descritas a seguir fariam o papel de azarões, correndo por fora em uma eventual disputa. No entanto, cada uma merece ser lembrada por suas particularidades. Não podemos, por exemplo, deixar de lado a seleção da Iugoslávia e seus belos resultados no pós-Guerra.

Portugal também teria uma chance de obter algum brilho, principalmente por conta do poder de fogo oferecido por uma das maiores parceria da história do país. Confira:

Iugoslávia

Formação iugoslava na Copa de 54 tinha remanescentes da década anterior (Foto: FIFA/DIvulgação)
Formação iugoslava na Copa de 54 tinha remanescentes da década anterior (Foto: FIFA/DIvulgação)

Até os dias de hoje, as seleções derivadas da divisão entre os países da antiga Iugoslávia exigem respeito, por conta do bom futebol demonstrado desde a primeira Copa do Mundo, em 1930, e dos vários jogadores oriundos da região que brilham em grandes campeonatos. Na década de 1940 não era diferente.

Prova maior disso é o excelente desempenho obtido nas Olimpíadas de 1948 e 1952, quando a seleção do leste europeu conquistou a medalha de prata. A base da Iugoslávia nas Copas de 1942 e 1946 certamente contaria com vários dos destaques dessas duas campanhas.

Bobek, o craque da seleção na época (Foto: Reprodução)
Bobek, o craque da seleção na época (Foto: Reprodução)

O maior exemplo é com certeza do grande craque iugoslavo daquela geração, Stjepan Bobek. Considerado o maior jogador da história do Partizan, Bobek marcou 425 gols em 468 jogos pelo clube. Além da qualidade nas finalizações, se destacava pela técnica apurada, se encaixando no perfil de centroavante clássico.

Não é à toa que o goleador recebeu elogios de ninguém menos que um dos maiores jogadores da história, o húngaro Ferenc Puskas: “A técnica de Bobek com a bola é incomparável. Não tenho vergonha de admitir que tentei copiá-lo. Driblava divinamente e seus passes de calcanhar eram impecáveis”.

Mas outros atacantes também merecem menção honrosa no time iugoslavo. Rajko Mitic, do Estrela Vermelha, e Franjo Wolfl, ídolo do Dínamo de Zagreb, formavam com Bobek uma trinca poderosa, capaz de preocupar qualquer defensor da época.

Branko Stankovic (Foto: Reprodução)
Branko Stankovic (Foto: Reprodução)

A proteção do time iugoslavo era oferecida, principalmente, pelo lateral Branko Stankovic e o volante Prvoslav Mihajlovic, pilares de um sistema defensivo que tinha a solidez necessária para permitir que o ataque fizesse sua função sem maiores preocupações.

O conjunto da Iugoslávia era forte, embora tecnicamente ficasse nitidamente abaixo de outras seleções da época. Mas mostrava condição de bater de frente com qualquer equipe, por isso era uma força que não podia ser descartada.

 

Portugal

Peyroteo, dono de recordes quase impossíveis de bater (Foto: Reprodução)
Peyroteo, dono de recordes quase impossíveis de bater (Foto: Reprodução)

Com certeza o maior pecado da ausência de Copas na década de 1940 foi fazer com que uma geração de jogadores espetaculares tivesse passado a carreira inteira sem a chance de disputar o Mundial. Assim como o Brasil de Heleno, a Argentina de Pedernera e a Itália de Mazzola, Portugal também teve seu craque injustiçado pela época de guerra.

Trata-se de Fernando Peyroteo, ex-atacante do Sporting que detém, até hoje, um número inacreditável de recordes no campeonato local, entre eles o de maior goleador da história (330 em 197 jogos) e de mais gols em um só jogo (9).

Peyroteo era o maior artista de um esquadrão lembrado pelos portugueses até hoje: os “Cinco Violinos” do Sporting. Uma formação que encantou o país de 1946 até 1949, arrebatando um tricampeonato consecutivo e uma Taça de Portugal.

Os "Cinco Violinos do Sporting", provável base da seleção portuguesa (Foto: Sporting/Divulgação)
Os “Cinco Violinos do Sporting”, provável base da seleção portuguesa (Foto: Sporting/Divulgação)

A “orquestra” dos leões, que estenderam sua parceria à seleção, era composta ainda por Jesus Correia, Manuel Vasques, Albano e José Travassos. Jogadores que demonstravam um entrosamento incrível e provocavam o terror nos times adversários.

Vasques, mais um destaque português (Foto: Reprodução)
Vasques, mais um destaque português (Foto: Reprodução)

Com tantas opções, seria de se esperar que Portugal fosse um sério candidato até mesmo ao título de uma das Copas da década, principalmente na de 1946, quando o quinteto principal já estava na ativa e em grande forma.

No entanto, ao tentar imaginar uma participação da Seleção das Quinas em qualquer um desses Mundiais, um fator importante deve ser lembrado: Até as Eliminatórias para a Copa de 1958, Portugal não havia vencido nenhuma partida oficial.

Esse retrospecto de saco de pancadas pesa contra, e já nos anos 40 poderia ser uma forma de desequilíbrio. É por isso que apesar da qualidade inegável de alguns atletas do período, a inexperiência portuguesa impediria a equipe de ser apontada como favorita.

 

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