(Foto: Divulgação/Argentinos Juniors)
Na atualidade, o Argentinos Juniors enfrenta novamente o temível fantasma do rebaixamento, cujo espectro se torna mais denso a cada partida e gera profundos calafrios na espinha de todos aqueles que precisam transitar no bairro de La Paternal.
Tradicional equipe de Buenos Aires e berço de inúmeros craques do futebol argentino, o “Bicho” é comandado desde a 6ª rodada pelo técnico Raúl Sanzotti, de 41 anos, que iniciou sua trajetória à beira dos gramados nas divisões inferiores do clube.
Ele assumiu o cargo de modo interino no começo de março com a saída de Carlos Mayor, que se demitiu após a goleada sofrida em casa para o Defensa y Justicia, por 5 a 1. Durante sua breve trajetória, Mayor obteve somente um dos 18 pontos disputados.
A situação desordenada, entretanto, não pôde ser revertida sob o comando de Sanzotti, que tem em suas mãos um dos grupos mais faltosos (199) e com uma das maiores média de idade (28 anos) do Campeonato Argentino. Além disso, o Bicho possui também o ataque mais inoperante (7 gols) e a defesa mais vazada (28 gols) do torneio nacional.
A única vitória até o momento ocorreu na 13ª rodada, contra o Boca Juniors, que, pensando na Libertadores, entrou em campo com um time alternativo. Assim, o Argentinos Juniors finalizou um jejum de 16 jogos sem êxitos graças ao atacante uruguaio Carlos Buenos, que anotou um gol solitário no Estádio Diego Armando Maradona.
No encontro seguinte, a realidade voltou a bater à porta de maneira especialmente cruel para Sebástian Riquelme, irmão do consagrado Juan Román. O volante de 19 anos debutou ao entrar no fim do segundo tempo e pouco pôde fazer para evitar a goleada por 4 a 0 na casa do Unión de Santa Fe – curiosamente, o mesmo adversário que Román enfrentou em sua estreia pelo Boca Juniors, em 10 de novembro de 1996.
Aliás, foi justamente o irmão mais velho quem conduziu de maneira exemplar o Bicho no regresso à elite nacional em 2014. Formado nas divisões inferiores do clube, Riquelme trajou de novo a camisa alvirrubra já bem experiente, aos 36 anos, para ser exato, depois que a diretoria xeneize optou por não estender o vínculo dele em La Boca.
Vale lembrar também que o Argentinos Juniors voltou à primeira divisão em parte graças ao trabalho de Claudio Borghi, ex-jogador do clube na década de 1980 e técnico campeão do Clausura 2010, e em parte graças ao regulamento que permitiu 10 ascensos. Depois, a equipe manteve a categoria sob a orientação do velho conhecido Néstor Gorosito, que acumulava duas passagens por La Paternal (2007/08 e 2011/12).
No entanto, a atual situação financeira do clube anda bastante complicada. Em dezembro passado, Cristian Malaspina venceu as eleições presidenciais e substituiu o atual comandante da AFA, Luis Segura, histórico aliado de Julio Grondona. Durante sua permanência no cargo, entre 2002 e 2015, excetuando-se 2011, Segura aumentou a dívida do Bicho com a entidade reguladora do futebol local.
De acordo com levantamento feito e publicado recentemente pela Canchallena, o Argentinos Juniors tem o segundo maior endividamento com a AFA (cerca de R$ 24 milhões), atrás do Independiente, sendo que há uma decada seu débito era 25 vezes menor. O rebaixamento e o projeto de retornar à primeira divisão sangraram os cofres do clube.
Os fatores externos se refletem dentro de campo. Lanterna na tabela de promedios, o Argentinos Juniors (0,931) disputa com Temperley (0,977) e Sarmiento (1,000) a permanência na elite. Só um participante será rebaixado e faltam duas rodadas para o término do Argentião. Mas uma combinação de resultados neste fim de semana pode mandá-lo direto para a B Nacional.
Uma derrota do Bicho para o líder Lanús neste domingo (15), em casa, somada a uma vitória do Temperley sobre o Newell’s Old Boys e a um empate do Sarmiento contra o Tigre, ambos de local, consumará o descenso. Caso permaneça vivo até a última jornada, o compromisso do Argentinos será visitar o Atlético Rafaela, enquanto o Termperley encara o Racing, em Avellaneda, e o Sarmiento joga fora de casa, contra o Olimpo.
Um espectro ronda La Paternal. É o espectro da segunda divisão. E parece que ele não sumirá tão cedo.
