César Luis Menotti é hoje um senhor de 76 anos com cabelo totalmente branco, longo o suficiente nas laterais para encobrir-lhe as orelhas, porém curtos demais na parte superior da cabeça.
Antes fumante compulsivo, vício que lhe foi característico durante a vida profissional, largou o cigarro por recomendação médica, após ser hospitalizado em 2011.
Embora tenha despontado para o futebol no Rosario Central e sido convocado para a seleção, participando da Copa América de 1963, na Bolívia, foi no comando da Argentina que “El Flaco” conquistou a glória eterna. Ele comandou o escrete campeão da Copa do Mundo de 1978, em seu próprio país, e do Mundial Sub-20 do ano seguinte, no Japão.
Como treinou diversos clubes (a lista inclui Newell’s Old Boys, Huracán, Barcelona, Boca Juniors, River Plate, Independiente, Sampdoria, Peñarol, Atlético de Madrid e a seleção do México), é provável que poucos se lembrem da carreira dele como jogador. Meia-atacante, atuou durante 12 anos e teve passagem pelo Santos de Pelé e pelo Juventus (SP).
Antes de chegar à Vila Belmiro, havia defendido o extinto New York Generals, dos Estados Unidos, entre 1967 e 1968. No ano em que desembarcou no Brasil, sagrou-se campeão estadual. Mais tarde, saiu do litoral paulista e mudou-se para a Mooca, já com 32 anos. A última camisa que vestiu antes de se aposentar em 1970 foi a do Moleque Travesso.
No Campeonato Paulista de 1969, Menotti estreou em 16 de abril, na derrota por 6 a 1 diante do Palmeiras, no Palestra Itália. Depois, atuou contra Portuguesa, São Paulo, Botafogo, Paulista, São Bento, XV de Piracicaba e Portuguesa Santista. Jogou 8 vezes (2 vitórias, 2 empates e 4 derrotas) e marcou 2 gols, todos contra o São Bento.
Contra o Tricolor do Morumbi, revés por 2 a 1 em casa. Na Rua Javari, resultado negativo também contra a Portuguesa Santista, por 1 a 0. Os únicos triunfos seriam contra a Lusa, por 2 a 1, e contra o São Bento, por 4 a 1, ambos como mandante. Na classificação final, o Juventus ficou em 11º lugar com 20 pontos, enquanto o Santos foi tricampeão.
Logo retornou para a Argentina e virou auxiliar técnico do Newell’s Old Boys – justo o arquirrival do Rosario Central, clube do qual era torcedor e que o lançou para o futebol. Em seguida, foi contratado pelo Huracán e sagrou-se campeão nacional em 1973. Chegou à seleção em 1974 e saiu depois da decepção na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.
Apesar da rivalidade entre argentinos e brasileiros, “El Flaco” é dono de um curioso perfil. Ao contrário de tantos compatriotas, considera Pelé melhor que Maradona e é um grande conhecedor do futebol canarinho. Foi amigo de Telê Santana, que também ganhou prestígio por criar uma filosofia do esporte bretão.
Enfim, a passagem de César Luis Menotti pelos gramados brasileiros não teve grande repercussão. Contudo, é interessante lembrar que um técnico tão consagrado tenha vivido na pele as travessuras do Moleque da Mooca e sentido o gosto de vencer o tradicional “Clássico dos Imigrantes” antes de alcançar o Olimpo do futebol.
* Veja abaixo os jogos em que César Luis Menotti defendeu o Juventus:
16 de abril: Palmeiras 6 x 1 Juventus. Estádio Palestra Itália, no Parque Antártica.
20 de abril: Juventus 2 x 1 Portuguesa. Estádio Conde Rodolfo Crespi, na Rua Javari.
1 de maio: Juventus 1 x 2 São Paulo. Estádio Conde Rodolfo Crespi, na Rua Javari.
15 de junho: Botafogo 0 x 0 Juventus. Estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto.
29 de junho: Paulista 2 x 1 Juventus. Estádio Jaime Ulhôa de Pinheiro Cintra, em Jundiaí.
05 de julho: Juventus 4 x 1 São Bento. Estádio Conde Rodolfo Crespi, na Rua Javari.
09 de julho: XV de Piracicaba 1 x 1 Juventus. Estádio Barão de Serra Negra.
12 de julho: Juventus 0 x 1 Portuguesa Santista. Estádio Conde Rodolfo Crespi.