O clima que envolve o América às vésperas de sua mais nova jornada mundialista não é o mais agradável possível. No passado domingo (6), a equipe orientada pelo técnico Ignacio Ambríz amargou uma dura queda na semifinal do Torneo Apertura, quando visitou o Pumas e ficou a um gol de reverter a derrota por 3 a 0 em casa.
Entretanto, faltaram-lhe tempo e jogadores – nunca vontade – para operar o milagroso 4 a 1 que garantiria sua vaga na decisão. Ressalte-se que houve dois jogadores expulsos no segundo tempo e o terceiro gol foi marcado a poucos minutos do apito final.
A frustrante eliminação e os sete reveses acumulados na fase regular do torneio nacional tiveram de ser rapidamente superados, pois o conjunto já embarcou rumo a terras orientais com a esperança de concretizar a melhor participação mexicana na história do Mundial de Clubes da FIFA, que será disputado entre 10 e 20 de dezembro, no Japão.
Vale lembrar que um time do país azteca nunca esteve entre os finalistas do certame. O melhor desempenho foi obtido por Necaxa (2000) e Monterrey (2006), com o terceiro lugar. Na edição de 2006, o América ficou na quarta posição, após vencer o Jeonbuk-KOR (1 a 0), perder para Barcelona (4 a 0) e Al-Ahly-EGY (2 a 1), respectivamente.
Como o futebol costuma dar grandes oportunidades de revanche, ainda que esta seja uma das mais improváveis, as Águias podem reencontrar o poderoso time catalão em outra semifinal, no dia 17, em Yokohama. Antes, contudo, precisam enfrentar o Guangzhou Evergrande, que tem Felipão como técnico e uma legião de brasileiros a seu dispor.
Para essa difícil tarefa, que terá como palco o Estádio Nagai, em Osaka, no próximo domingo (13), o América possui as habilidades do meia argentino Rubens Sambueza e o faro goleador de seu compatriota Darío Benedetto, artilharia da Liga dos Campeões da CONCACAF ao lado de Peralta, seu parceiro no setor ofensivo, ambos com sete gols.
Por outro lado, o time mexicano perdeu o meia Javier Güémez, que fraturou a tíbia durante a último jogo contra o Pumas, e o atacante Adrián Marín, que se machucou em uma partida defendendo o segundo time do América. Eles foram substituídos por Gil Burón e Martín Zuñiga na lista de 23 convocados para a competição.
Apesar das dificuldades que irrompem a trajetória das Águias, que parecem destinadas a carregar a indigesta maldição de seus conterrâneos de nunca sentir a glória da Copa Libertadores ou do Mundial, o experiente capitão Sambueza, de 31 anos, formado na base do River Plate, confia em boas apresentações e sonha, naturalmente, com o título.
A oportunidade de encontrar seu clube de juventude em uma eventual disputa pela taça lhe soa quase tão especial quanto o desafio de medir forças com a trinca sul-americana formada por Messi, Suárez e Neymar, conforme sua entrevista ao site da FIFA. Antes, Sambueza sabe que a cabeça precisa estar focada no Guangzhou Evergrande.
O momento, repito, não é dos mais positivos. Segundo um dia raciocinou o filósofo, – aqui não tenho a intenção de ser referência em autoajuda – da adversidade se pode extrair o estímulo necessário para alcançar o êxito. Mas apenas a lição de como reagir bem em situações de sofrimento não bastará para o América.