1993: a maestria de Aguinaga e o surpreendente Equador

1993: a maestria de Aguinaga e o surpreendente Equador

Maestro equatoriano levou o time à campanha histórica no torneio continental

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Quando se fala da Copa América de 1993, logo se pensa no título da Argentina e no longo jejum vivido pela seleção hermana desde então. Foi na competição disputada no Equador que os argentinos levantaram seu último título continental.

Porém, outra campanha importante foi vista no torneio. Os equatorianos, donos da casa, chegaram empolgados à competição e buscavam seu primeiro título. A seleção que hoje ostenta três participações de Copa do Mundo nos últimos 12 anos e é, possivelmente, a quinta força do continente, não tinha o mesmo prestígio em 1993.

A ótima seleção equatoriana de 1993 (Foto: Reprodução/barcenet.com)
A ótima seleção equatoriana de 1993 (Foto: Reprodução/barcenet.com)

Sem jogadores atuando em grandes clubes europeus, a força dos equatorianos era menor do que a vista nos dias de hoje. Mesmo assim, os torcedores locais faziam festa e tinham esperança. Não sem motivo. O maior jogador da história do futebol local jogou o torneio.

Álex Aguinaga era a referência da seleção tricolor. Foi, e ainda é, o maior ídolo dos equatorianos. Em 1993, tinha 24 anos e era um dos poucos a atuar fora do país – jogava nos mexicanos do Necaxa, onde é grande ídolo.

Utilizava a camisa 10 e fazia jus à numeração. Era um meio-campista clássico. Daqueles que acalmavam o jogo. Pensava e ditava o ritmo da partida. Era um talento em meio a jogadores muito fortes e velozes do Equador.

A trajetória de um craque

Aguinaga foi grande heroi no Necaxa (Foto: Reprodução/lcd.juanfutbol.com)
Aguinaga foi grande herói no Necaxa (Foto: Reprodução/lcd.juanfutbol.com)

O jogador, que iniciou a carreira no tradicional Deportivo Quito,  já demonstrava talento aos 16 anos, quando estreou pela equipe. Até ser contratado pelo Necaxa, em 1989, foram 147 jogos pelo time equatoriano e 38 gols. Números que davam moral para se afirmar no futebol mexicano.

No Necaxa, o baixinho se consagrou. A classe e elegância conquistaram os torcedores locais. Foram quase 14 anos encantando, ganhando títulos e virando o ídolo máximo da história do clube. Foram três campeonatos nacionais, uma conquista (inédita) da Concacaf Champions League e a disputa do Mundial de Clubes 2000.

No Rio de Janeiro, marcou dois gols e ajudou na conquista do terceiro lugar, batendo o galáctico Real Madrid nos pênaltis. Até 2003, foram 476 partidas e 85 gols pelo clube, além de muitas assistências e técnica em campo. Aguinaga ainda passou por Cruz Azul e LDU, até se aposentar em 2005. Um jogador de poucas camisas. E só um manto.

Com o Equador, foram dezessete anos de seleção, com 109 convocações e 23 gols. Disputou sete Copas Américas e uma Copa do Mundo, em 2002. Foi a estreia dos equatorianos e sonho realizado de Aguinaga. Saiu dele o passe para o gol de Kaviedes, que levou os equatorianos ao mundial.

A força do cabeludo

Em 1993, apesar de ainda jovem e sem os interesses de Inter de Milão e Real Madrid, Aguinaga era o grande craque do Equador. Eram oito gols marcados com a seleção até aquele momento. Uma técnica que puxava a equipe pra cima.

O elenco contava ainda com Ney Avilés, Eduardo Hurtado, que jogava no Colo-Colo, Angél Fernandez e Luis  Capurro, atleta do Cerro Porteño. Todos importantes na busca por uma boa campanha.

Aguinaga, o craque e líder do Equador (Foto: Reprodução/taringa.net)
Aguinaga, o craque e líder do Equador (Foto: Reprodução/taringa.net)

Aguinaga, já com a vasta cabeleira, era o comandante tricolor. A poderosa canhota abria caminhos desconhecidos. O Equador era a segunda força do grupo A, com com Uruguai, Estados Unidos e a fraca Venezuela

Porém, logo no primeiro jogo, os donos da casa mostraram que poderiam surpreender. No estádio do El Nacional, em Quito, 45 mil torcedores lotavam todas as dependências. A festa maravilhosa foi repetida em campo. 6 a 1 sobre a Venezuela e muita superioridade. Foram duas assistências e um gol de Aguinaga.

Os Estados Unidos foram adversários na segunda partida. Em mais um jogo movimentado, o Equador buscou uma vitória importante. Avilés e Hurtado marcaram os tentos no primeiro tempo.

Contra o Uruguai, chance de afirmação. A vitória por 2 a 1, com um gol do maestro Aguinaga, deixou os equatorianos na boa, com a liderança do grupo.

O brilho de uma geração

Os adversários nas quartas-de-final seriam os paraguaios. A intensidade equatoriana amassou os rivais. Hurtado marcou o primeiro do jogo. Ramirez (contra) e Avilés completaram a vitória por 3 a 0.

Ao chegar nas semifinais, o Equador já repetia a campanha de 1959, quando chegou a quarta colocação. Mesmo assim, o time queria mais. Mas a seleção mexicana de Garcia Aspe e Hugo Sanchez era muito forte. Os 2 a 0 foram um poço de tristeza para os torcedores locais.

Na disputa do terceiro lugar contra a Colômbia, o desânimo foi refletido nas arquibancadas. Pouco mais de 10 mil pessoas estiveram em Porto Viejo . Valencia fez o tento dos colombianos. O único da partida.

Mesmo assim, gosto de missão cumprida. Ainda mais para Aguinaga. Foram duas assistências e dois gols no campeonato. O craque equatoriano marcava época e mostrava ao mundo a sua qualidade. Jogador quase em extinção nos dias de hoje.

 

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Jornalista. Apaixonado por futebol, seja ele de onde for. Fanático também por futebol de base