A vida real de “mitos” do futebol virtual

A vida real de “mitos” do futebol virtual

Gênio nos games, mas nos campos... nem tanto

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Muita gente que não consegue brilhar jogando futebol de verdade acaba encontrando no mundo virtual uma forma de se imaginar dentro dos campos, levando seu time às vitórias e construindo esquadrões imparáveis.

Aproveitando essa premissa, vários games populares entre os amantes do esporte se destacaram nas últimas décadas, permitindo que atletas de sofá se divertissem e até mesmo conhecessem o talento de jogadores reais por meio das telas do jogo.

No entanto, não faltam exemplos de grandes craques em jogos como Football Manager e Winning Eleven que não correspondem a suas verdadeiras habilidades no mundo real. Feras que acabaram entrando para o folclore alternativo sem terem encantado os torcedores nas arquibancadas.

O Alambrado relembra alguns desses “mitos”, contando um pouco sobre as verdadeiras carreiras de cada um. Confira:

Anatoli Todorov

Todorov, um dos principais artilheiros do Championship Manager (Foto: Reprodução)
Todorov, um dos principais artilheiros do Championship Manager (Foto: Reprodução)

O culto em torno do búlgaro Anatoli Todorov teve início por conta da versão 2003/04 do jogo Championship Manager. Na época, Todorov atuava pelo modesto Litex Lovech, de seu país natal, e não havia obtido grande destaque como profissional.

No entanto, no CM o atacante era uma verdadeira máquina de gols. De cabeça, de falta, com a esquerda, com a direita, de fora da área… Todorov era um dos melhores investimentos do jogo, por ser jovem e jogar em um clube pequeno, o que fazia com que seu valor de transferência fosse menor.

Por conta disso, muita gente que começava uma carreira no jogo tinha ele como um dos primeiros reforços em seu time, e normalmente o investimento tinha retorno garantido.

Só que a carreira real do búlgaro nunca decolou como a versão virtual. Virou uma espécie de jogador-cigano, atuando em várias equipes pequenas do Leste Europeu. Nunca foi convocado pela seleção de seu país e sequer fez mais que 12 gols em uma temporada. Mas para os nostálgicos que ainda usam essa versão do game, o legado permanece.

Tonton Zola Moukoko 

"Tonton"também conhecido como "Golgol" (Foto: Reprodução)
“Tonton”também conhecido como “Golgol” (Foto: Reprodução)

O desempenho do meia congolês no Championship Manager 2000/01 era tão sensacional quanto seu nome. Com muita velocidade e oportunismo, Moukoko acabou sendo considerado um dos melhores jogadores do game.

Na vida real, ele saiu de seu país de origem aos sete anos para morar na Suécia, onde teve seu talento descoberto por equipes dos grandes europeus. Iniciou sua carreira no Derby County-ING, em 2000, quando assinou seu primeiro contrato profissional com apenas 15 anos.

Apesar das altas expectativas da torcida por conta de seu desempenho nas categorias de base, o jovem não chegou nem mesmo a disputar um jogo pelo time de cima, voltando para a Suécia depois de 2 anos.

Até hoje, Tonton segue sendo cultuado e é alvo de várias homenagens dos fãs de sua versão virtual, que criaram diversos grupos para discutir sua absurda qualidade nos gramados feitos de bits.

Lebohang Mokoena

Sem nenhum parentesco com o zagueiro e antigo capitão sul-africano Aaron Mokoena, Lebohang sempre teve como principais virtudes a habilidade e a facilidade para criar jogadas pelas pontas, características marcantes em suas passagens pelos locais Orlando Pirates e Mamelodi Sundowns, onde atua até hoje.

Mokoena tinha alegria nas pernas
Mokoena: alegria nas pernas (Foto: Reprodução)

Entretanto, na versão 2005 do Football Manager, Mokoena era muito mais que um velocista de lado de campo. Com inúmeros gols e assistências e cotado em um preço baixo, era uma cartada certeira de inúmeros técnicos virtuais.

A carreira real do atleta foi muito prejudicada por lesões, que impediram que o sucesso no jogo pudesse ser repetido nos campos.

Maxim Tsigalko

Em alguns casos, as diferenças da realidade pro mundo dos games são tão grandes que vão além da capacidade dos atletas virtuais, chegando até mesmo em erros na apresentação dos nomes.

É o caso do bielo-russo Maksim Tsyhalka, popularmente conhecido como Maxim Tsigalko pelos fãs de Championship Manager 2003/04.

Tsigalko em seu auge, no Dínamo Minsk (Foto: Reprodução)
Tsigalko em seu auge, no Dínamo Minsk (Foto: Reprodução)

Venerado como um dos melhores jogadores de todas as versões do game, Tsigalko de fato teve um início de carreira promissor quando surgiu no Dinamo Minsk-BLR.

Atuou no clube de 2001 até 2006, marcando 24 gols em 56 jogos, uma média razoável para um jovem atacante que havia virado titular aos 18 anos.

No entanto, depois da transferência para o Naftan Novopolotsk, também de Belarus, a carreira de Tsigalko degringolou. Não conseguia engatar uma sequência de jogos por conta de lesões no joelho, e quando jogava não era sombra do que podia ter sido. Pendurou as chuteiras precocemente, aos 29 anos, jogando pelo Savit Mogilev-BLR.

Daniel Amokachi

Amokachi deu trabalho pro Brasil na vida real, mas no videogame era melhor ainda (Foto: Divulgação/COI)
Amokachi deu trabalho para o Brasil na vida real, mas no videogame era melhor ainda (Foto: Divulgação/COI)

De longe, o mais bem sucedido jogador desta lista. O atacante nigeriano jogou duas Copas (1994 e 1998) pela seleção de seu país e foi campeão olímpico em 1996. No Brugge, da Bélgica, foi ídolo e ficou marcado como o primeiro jogador a fazer um gol no atual formato da Liga dos Campeões.

Chegou a ter boa passagem no Everton, da Inglaterra, onde atuou de 1994 a 1996, até chegar ao Besiktas-TUR, onde sua carreira começou a entrar em declínio por conta de graves lesões no joelho. Aposentou-se aos 32 anos e acabou virando técnico.

Um currículo respeitável, como se pode perceber. Por quê’, então, inlcui-lo nessa listagem repleta de nomes que nunca chegaram a convencer em suas carreiras reais?

Quem jogou Winning Eleven 3 Final Version, game que virou febre em 1998, provavelmente sabe a resposta. Isso porque, por mais que Amokachi tenha sido um bom jogador nos gramados, sua versão virtual era muitas vezes melhor.

Com valores máximos em finalização e velocidade, o nigeriano era o terror das defesas adversárias no jogo, deixando pra trás até mesmo nomes muito mais consagrados, como Ronaldo, Bergkamp e Zidane.

O detalhe curioso é que o game não foi lançado em português no Brasil, fazendo com que muita gente sequer soubesse quem era aquele camisa 14 que tocava o terror dentro da área. Na verdade, para descobrir bastava prestar atenção na narração emocionada do narrador do jogo depois de um dos inúmeros gols do craque.

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